São Paulo, quarta-feira, 07 de março de 2007

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entretenimento

Internet revoluciona o rumo da televisão

NOVA ERA Antigos rivais e novos parceiros, da Microsoft a clubes de futebol, estão de olho no mercado de vídeos on-line

GUSTAVO VILLAS BOAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O mercado de vídeos on-line entra em uma nova era. O BitTorrent fechou contrato com os estúdios de Hollywood para vender e alugar filmes pela rede. A Viacom -empresa por trás da MTV e da Paramount- vai ter conteúdo transmitido pela TV via internet Joost. E a liga de basquete NBA fez acordo com o YouTube, assim como a rede inglesa BBC.
Essas negociações mostram o movimento em busca de um bocado do bolo que teve como cereja o YouTube, no ano passado. E que deve crescer mais, de acordo com analistas.
No final de 2006, segundo uma pesquisa de mercado de alta tecnologia da In-Stat, havia no mundo 13 milhões de casas que acessavam regularmente serviços de vídeos. Esse número deve crescer dez vezes até 2010, conforme o estudo.
A empresa de análise de mercado de mídia e telecom Informa dourou esse dado: em 2012, o mercado de vídeo on-line deve gerar US$ 6,3 bilhões.
O Google mostrou apostar nessas previsões. Pagou pelo YouTube US$ 1,65 bilhão no ano passado. Ou, segundo o analista Robert Perck disse à Bloomberg, mais de cem vezes o que o site faturou em 2006.

Nova onda
Ter lucro com o conteúdo gerado pelo usuário, o forte do YouTube, ainda é um desafio. Por um lado, as empresas titubeiam em atrelar seus anúncios a um vídeo desconhecido. Por outro, os internautas podem reagir mal ao ver que suas férias no campo estão sendo bombardeadas por propagandas.
Mas, ao passo que os filmes na internet têm roubado audiência da televisão, é inevitável que produtores olhem para a rede, garantindo público aos seus anunciantes.
A jornada da Viacom é exemplar. Ela preparou o terreno pedindo a retirada de 100 mil clipes do YouTube. Na seqüência, anunciou um acordo com o Joost, que só vai ter conteúdo protegido e está em fase de testes para convidados.
A aposta tem motivação sólida. Por trás do Joost, estão os criadores do Kazaa -que fez bombar a troca de vídeos- e do Skype, de telefonia on-line.
O YouTube também dá seus pulos atrás de parcerias. As ligas norte-americanas de hóquei e de basquete têm acordo com o site. A NBA manda material exclusivo para o portal, mas incentiva os fãs a enviarem os próprios filmes. Já a BBC usará o site para promover suas mídias tradicionais.
O time inglês de futebol Chelsea já aderiu à onda, com um canal no YouTube. E 7 dos 16 finalistas da Copa dos Campeões da Uefa -como o Barcelona- mandaram representantes para um evento sobre transmissões pela internet na última quinta-feira, na Inglaterra.

Muitos meios
As empresas aproveitam a plasticidade da internet para exibir e enviar vídeos, além da convergência de recursos multimídia. Um exemplo: a Verizon, uma das gigantes da telefonia celular norte-americana, com 57 milhões de consumidores, exibe filmes do YouTube nos aparelhinhos mediante assinatura.
As gigantes dos computadores também mostram suas armas para entrar no mercado de vídeos da internet. Um dos recursos mais badalados do novo Windows Vista é o Media Center, que administra a integração entre o micro e a televisão.
A Apple aposta no AppleTV, que leva, sem fio, o conteúdo do iTunes (a loja on-line de conteúdo multimídia da empresa) à televisão.
Gerry Kaufhold, analista da In-Stat, disse que os portais gigantes buscam um caminho para que seus serviços sigam os usuários de tela em tela durante o dia. E resume: "O futuro da televisão está, lentamente, sendo definido on-line".


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