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Cientistas estudam exposição de privacidade na internet
Fragmentos de autorrelato estão sujeitos a ser coletados e reorganizados
STEVE LOHR
DO "NEW YORK TIMES"
Se um desconhecido esbarrasse em você na rua, você lhe
diria o seu nome, o seu número
do registro na previdência social e o seu e-mail?
Provavelmente não.
No entanto, as pessoas geralmente compartilham todos os
tipos possíveis de informação
pessoais na internet, possibilitando que dados capazes de
identificá-las sejam deduzidos.
Serviços como o Facebook, o
Twitter e o Flickr são um mar
de minúcias individuais composto por felicitações de aniversário recebidas e enviadas,
fofocas da escola e do trabalho,
fotos das férias com a família e
filmes vistos.
Cientistas da computação e
especialistas em políticas públicas afirmam que esses fragmentos de autorrelato aparentemente inócuos estão sujeitos
de forma cada vez mais frequente a ser coletados e reorganizados por computadores a
fim de ajudar na criação de uma
imagem da identidade das pessoas, que pode até contar com o
número do registro delas na
previdência social.
No ano passado, em um projeto de sala de aula realizado no
MIT (Instituto de Tecnologia
de Massachusetts) que recebeu
certa atenção, Carter Jernigan
e Behram Mistree analisaram
mais de 4.000 perfis de estudantes no Facebook, incluindo
links de amigos que disseram
ser gays.
Assim, os dois eram capazes
de prever, com 78% de precisão, se um perfil pertencia a um
gay do sexo masculino.
Por enquanto, essa forma poderosa de garimpar dados ["data mining", em inglês], que depende de correlações estatísticas sofisticadas, está principalmente sob o domínio de pesquisadores em universidades e
não de ladrões de identidade ou
comerciantes.
Mas a FTC (Comissão Federal do Comércio dos EUA) está
preocupada com o fato de que
as leis que protegem a privacidade não têm acompanhado o
mesmo ritmo da tecnologia.
Amizades reveladoras
Nas redes sociais, os usuários
podem aumentar a sua defesa a
fim de não ser identificados
adotando uma configuração de
privacidade rígida sobre as informações disponíveis em perfis pessoais. Mesmo assim,
ações individuais dificilmente
conseguem garantir a privacidade das pessoas no mundo interconectado da internet, dizem os pesquisadores.
Você pode não divulgar informações pessoais, mas, quando seus amigos e colegas on-line fazem qualquer menção à
sua escola ou ao seu emprego,
ao seu gênero, ao seu endereço
e aos seus interesses pessoais,
acabam fazendo isso por você.
"A privacidade das pessoas
deixou de ser algo individual",
afirmou Harold Abelson, professor de ciências da computação no MIT. "No mundo on-line atual, aquilo que sua mãe lhe
dizia é ainda mais verdadeiro:
as pessoas podem realmente
julgá-lo segundo as suas amizades", disse Abelson.
Conjuntamente, as informações sobre cada indivíduo são
capazes de formar uma "assinatura social" característica,
afirmam os pesquisadores.
Previdência social
Em uma pesquisa publicada
no ano passado, Alessandro Acquisti e Ralph Gross, da Universidade Carnegie Mellon, descreveram que era possível prever com exatidão todos os nove
dígitos do registro na previdência social de 8,5% das pessoas
nascidas nos EUA entre 1989 e
2003 -o que corresponde a
quase 5 milhões de indivíduos.
Números do registro na previdência social são muito estimados por ladrões de identidade, pois podem ser usados tanto para identificar uma pessoa
quanto para autenticar transações bancárias ou de cartão de
crédito, por exemplo.
Os pesquisadores de Carnegie Mellon usaram informações disponíveis publicamente
em várias fontes, incluindo
perfis em redes sociais, a fim de
concentrar suas pesquisas em
dois tipos de dados cruciais que
lhes possibilitaram identificar
as pessoas -as datas de aniversário e as cidades ou os estados
de nascimento delas.
A FTC e o Congresso norte-americano estão pensando em
adotar medidas mais rigorosas
para o setor e criar uma "lista
do não rastreie", semelhante à
"lista do não ligue" federal [que
bloqueia ligações de telemarketing], a fim de interromper o
monitoramento on-line.
Tradução de FABIANO FLEURY DE SOUZA CAMPOS
CHECKIN MANIA
Quatro redes sociais baseadas em geolocaliza-ção num único aplicativo: o Checkin Mania (checkinmania.com) compila informações de Foursquare, Gowalla, Brightkite e Yelp no Google Maps
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