|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
reportagem de capa
Usuário enfrenta dificuldade no conserto
MICROS >> Garantia nem sempre consegue resolver problemas; produtos são feitos para durarem pouco, diz pesquisadora
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando deixou seu notebook
em cima da mesa da sala, o universitário Igor Jatobá, 24, não
imaginava o problema que iria
enfrentar. Seu gato, Valentin,
entre uma estripulia e outra,
fez xixi no computador.
Mesmo dentro do prazo estabelecido pela fabricante Acer,
Jatobá optou por levar o micro
a uma assistência técnica não
autorizada -para ganhar tempo e, também, porque esse tipo
de problema não estaria incluído na garantia, segundo ele.
"Como a urina do gato é muito ácida, queimou a placa-mãe.
A assistência técnica salvou o
disco rígido e o drive de DVD-RW. O resto eu tive que jogar
no lixo", diz o produtor, que
acabou comprando outro notebook -e, por precaução, trancou o gato na área de serviço do
seu apartamento.
Acidentes assim são mais difíceis de acontecer, mas quem
usa produtos eletrônicos está
acostumado a lidar com problemas recorrentes. Os aparelhos
são vendidos cada vez em
maior quantidade, mas costumam apresentar, também, cada
vez mais problemas.
Aparelhos de TV estão presentes em 94,4% dos lares brasileiros, de acordo com a Pnad
(Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), de 2007,
realizada pelo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística).
Os computadores já chegam
a 37 milhões de unidades, segundo a Abinee (Associação
Brasileira da Indústria Elétrica
e Eletrônica). O mercado brasileiro de PCs movimentou, em
2008, aproximadamente 12 milhões de unidades. A expectativa inicial, antes da crise econômica mundial, era a de que o
crescimento chegasse a 30%
em 2008, mas foi de 20%, segundo a Abinee.
O crescimento, no entanto,
não se reflete na qualidade dos
produtos, na maioria das vezes.
"A menor duração dos produtos se deve a diversos fatores,
como a obsolescência planejada, que tem por objetivo aumentar o volume de vendas",
afirma Angela Cassia Rodrigues, pesquisadora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.
Outro fator, segundo a pesquisadora, é o alto custo de peças de reposição, ou a ausência
delas, o que acaba inviabilizando um possível reparo.
A rapidez das inovações tecnológicas também é um fator.
"Na área de informática e de
equipamentos de telecomunicação, o ritmo dessas inovações
é muito mais acelerado, há problema de incompatibilidade de
novos softwares com equipamentos mais antigos", diz.
A redução da vida útil dos
produtos obriga o consumidor
a descartá-los mais rapidamente e substituí-los por novos, o
que gera problemas como o lixo
eletrônico. "Muitas vezes, [o
consumidor] acaba guardando
[o aparelho] em casa, na esperança de recuperar em algum
momento futuro o valor investido", diz.
Recorrente
O administrador de marketing Ricardo Seola, 27, comprou seu notebook da HP em
Nova York, depois de passar
meses pesquisando e comparando modelos. De volta ao
Brasil, Seola adaptou-se às características físicas do computador -bateria muito pesada.
"Um mês depois de acabar a garantia, ele simplesmente morreu", afirma. "A resposta que tive da fabricante foi que realmente aquela série tinha problemas na placa-mãe. Acontece
que não podiam fazer nada,
porque eu havia comprado no
exterior, e o modelo não estava
disponível no Brasil. Para que
multinacional?", questiona
Seola, que procurou uma assistência não autorizada.
A assessoria de imprensa da
HP informou que se o modelo
for comercializado no Brasil, a
empresa cobre a garantia. Caso
o equipamento não seja vendido por aqui, a empresa não realiza o conserto. "A orientação é
que o cliente entre em contato
com o país de origem onde o
equipamento foi adquirido para dar andamento no reparo",
afirmou.
(DANIELA ARRAIS)
Texto Anterior: Seres vivos: Site multimídia visa reunir dados de todas as espécies Próximo Texto: Assistências não são fiscalizadas Índice
|