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SOFTWARE
Presidente da Linux International diz que sistema ajudará países emergentes a participar da revolução digital
Linux quer ganhar força no mundo do PC
FRANCISCO MADUREIRA
EDITOR DE INFORMÁTICA DA FOLHA ONLINE
O sistema operacional gratuito e
de código-fonte aberto Linux, um
dos concorrentes mais fortes do
Microsoft Windows, ajudará o
Brasil e os países emergentes a
participarem mais ativamente da
revolução informática. Essa é a
opinião de Jon "Maddog" Hall,
presidente da Linux International
e um dos maiores gurus do sistema no mundo.
Para ele, o Linux começará a
chegar com força aos PCs domésticos ainda neste ano. Em entrevista por e-mail, Hall, que participou, na semana passada, do 3º
Fórum Internacional de Software
Livre, em Porto Alegre, foi duro
com a Microsoft e disse ver o software livre como forma de equilibrar o jogo entre países desenvolvidos e emergentes.
Confira a seguir os principais
trechos da entrevista.
Folha - O Linux já ameaça o Windows em crescimento no mercado
corporativo. Você vê o mesmo movimento no mercado doméstico?
John "Maddog" Hall - Não com a
mesma intensidade, porque os
usuários domésticos costumam
ignorar o suporte das grandes
vendedoras de software. Quem
usa computador em casa pede
ajuda para os vizinhos, para os filhos ou amigos da igreja. A densidade desse mecanismo de ajuda e
troca de informação ainda não se
formou para o Linux. No entanto,
com mais e mais estudantes e profissionais utilizando Linux fora de
casa, o sistema também crescerá
no ambiente doméstico.
Folha - Se o Linux realmente pode
atingir o mercado doméstico,
quanto tempo falta para isso?
Hall - Dois anos atrás, dizíamos
que em 2002 ou 2003 o Linux começaria a crescer drasticamente
nos computadores pessoais. Eu
continuo apostando nisso.
O Linux é o sistema que mais
cresce nos servidores corporativos, segundo o IDC. Ele também
se destaca em projetos de sistemas embutidos, frente a frente
com o Windows CE. Só nos computadores pessoais ele ainda não
está presente com força.
Folha - O Linux é melhor que o
Windows? Por quê?
Hall - O Linux é infinitamente
melhor que o Windows 3.1 e que a
família 9x do sistema da Microsoft por causa de sua arquitetura,
que oferece mais estabilidade, segurança, capacidade e melhor gerenciamento de hardware.
Já o Windows NT, no qual foram baseados o Windows 2000 e
o XP, é baseado numa arquitetura
diferente, que lhe confere características semelhantes às do Linux.
Mas isso não significa que a Microsoft tire proveito completo
dessas vantagens.
Só para demonstrar, há exemplos documentados de sistemas
corporativos que rodam Linux e,
nos últimos dois anos, não precisaram ser reiniciados uma vez sequer. Até mesmo o Windows
mais robusto precisa ser reiniciado a cada mês, no máximo.
Folha - Bill Gates recentemente
disse que adotar o Linux seria acabar com o emprego na indústria do
software. É verdade? Por quê?
Hall - O software de código
aberto é uma tecnologia revolucionária, não uma evolução. Isso
porque ele é o sinal do fim da era
do software de código fechado,
produzido em massa para gerar
lucros enormes, como os de Bill
Gates. Essa tecnologia abre as
portas para centenas ou milhares
de pequenos negócios.
A Microsoft gerou o homem
mais rico do mundo (que tem
mais dinheiro que muitos governos) e tem US$ 40 bilhões em ativos. Ela fez isso com um processo
de desenvolvimento de software
que foi criado antes da era da internet e da comunicação global.
Eu vejo com o que o sr. Gates se
preocupa. Essa nova era pode ser
uma ameaça para sua indústria,
porque coloca em choque esse
modelo de produção em massa e
outro, o do software feito a mão e
disponível gratuitamente.
Folha - Quais são as perspectivas
do Linux em países em desenvolvimento como o Brasil? E nos países
desenvolvidos?
Hall - O Linux e os programas de
código aberto darão a chance para que economias emergentes, como a do Brasil, possam participar
mais ativamente da revolução da
informática. Como essa revolução é controlada por Redmond
[cidade em que fica a sede da Microsoft, nos EUA", países como
Brasil, Reino Unido, Alemanha e
outros serão sempre considerados como passageiros de classe
econômica. O código aberto equilibra o jogo novamente. Dá oportunidades para todos, ainda mais
com o mercado global que a internet formou.
Folha - Há quem pense duas vezes antes de migrar para o Linux
por causa da falta de software.
Hall - É claro que o Windows é o
sistema com o maior número de
aplicações. Mas a maioria delas é
especializada, e muitas são redundantes. Quantos programas diferentes de mapas o mercado realmente precisa? Quantos programas para desenhar uma casa?
Quantos programas as pessoas
realmente usam em casa e quais
são eles? Essas são as perguntas
que devemos fazer.
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