São Paulo, quarta-feira, 09 de agosto de 2006

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Internautas põem a boca no trombone

DA REPORTAGEM LOCAL

Eleitores e cidadãos estão aprendendo uma nova modalidade de colocar a boca no trombone: com as mãos no teclado.
Em blogs, em comunidades no Orkut, por e-mail ou usando programas comunicadores, os internautas usam a rede como um meio de debater política.
É o caso de Haldor Omar, 29, técnico em informática, webdesigner e autor de 20 comunidades no Orkut com temas políticos -ele ainda visita cada uma delas diariamente. Somadas, as duas maiores comunidades que modera, ambas a favor da candidatura de Heloísa Helena, têm 57 mil membros.
"A vantagem do Orkut é reunir pessoas por afinidade", disse Omar, que também usa e-mail e os comunicadores MSN e Skype. "A sociedade deveria usar mais a internet para se informar sobre a atuação de cada político", defende.

Represália
A empresária que usa o codinome Beti Blue, 46, aproveitou o site de relacionamentos para divulgar uma manifestação. Sua comunidade Resistência Já noticia, para 27 de agosto, uma marcha contra a corrupção. "É possível medir a opinião pública navegando nas comunidades de política. Com um pouco de tempo, dá para perceber como pensam os internautas", diz Blue, que conta ter sofrido represálias por causa de idéias que publicou no site.
"Ameaças no scrapbook e um atropelamento estranho aqui onde moro me deixaram temerosa de continuar a me mostrar tão claramente. Fiz um perfil falso", conta.
A advogada Inês Cristina Mendes Ribeiro, 28, diz não se importar com a repercussão do que escreve no Orkut.
"Todos possuem o direito de expor seus interesses e idéias", afirma. Autora da comunidade "Eu quero voto aberto", ela diz que acha complicado conversar sobre política no Brasil, mas acredita que a internet facilita a comunicação.
"Quando você cria um fórum, uma comunidade ou manda um e-mail, você transmite suas idéias. Caso as pessoas se interessem ou tenham a mesma linha de pensamento ou ideologia, cria-se um grupo, que passa a lutar por algumas causas. Eu mesma já aderi a causas alheias", explica.

Mão na massa
Para Rosângela Giembinsky, vice-coordenadora-geral da ONG Voto Consciente (www.votoconsciente.org.br), que monitora os trabalhos de vereadores e de deputados estaduais, as manifestações são importantes para a democracia, mas devem ser canalizadas para a formação de propostas concretas.
"A mobilização é importante, mas é preciso que exista continuidade. É fácil criticar. Difícil é propor alterações na lei", diz.
Segundo Giembinsky, o poder de comunicação da rede está cada vez mais evidente também para os representantes parlamentares. "A cultura de reposta está aumentando, mesmo na esfera federal." (MB)


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