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Internautas põem a boca no trombone
DA REPORTAGEM LOCAL
Eleitores e cidadãos estão
aprendendo uma nova modalidade de colocar a boca no trombone: com as mãos no teclado.
Em blogs, em comunidades
no Orkut, por e-mail ou usando
programas comunicadores, os
internautas usam a rede como
um meio de debater política.
É o caso de Haldor Omar, 29,
técnico em informática, webdesigner e autor de 20 comunidades no Orkut com temas políticos -ele ainda visita cada
uma delas diariamente. Somadas, as duas maiores comunidades que modera, ambas a favor
da candidatura de Heloísa Helena, têm 57 mil membros.
"A vantagem do Orkut é reunir pessoas por afinidade", disse Omar, que também usa e-mail e os comunicadores MSN
e Skype. "A sociedade deveria
usar mais a internet para se informar sobre a atuação de cada
político", defende.
Represália
A empresária que usa o codinome Beti Blue, 46, aproveitou
o site de relacionamentos para
divulgar uma manifestação.
Sua comunidade Resistência Já
noticia, para 27 de agosto, uma
marcha contra a corrupção. "É
possível medir a opinião pública navegando nas comunidades
de política. Com um pouco de
tempo, dá para perceber como
pensam os internautas", diz
Blue, que conta ter sofrido represálias por causa de idéias
que publicou no site.
"Ameaças no scrapbook e um
atropelamento estranho aqui
onde moro me deixaram temerosa de continuar a me mostrar
tão claramente. Fiz um perfil
falso", conta.
A advogada Inês Cristina
Mendes Ribeiro, 28, diz não se
importar com a repercussão do
que escreve no Orkut.
"Todos possuem o direito de
expor seus interesses e idéias",
afirma. Autora da comunidade
"Eu quero voto aberto", ela diz
que acha complicado conversar
sobre política no Brasil, mas
acredita que a internet facilita a
comunicação.
"Quando você cria um fórum,
uma comunidade ou manda
um e-mail, você transmite suas
idéias. Caso as pessoas se interessem ou tenham a mesma linha de pensamento ou ideologia, cria-se um grupo, que passa
a lutar por algumas causas. Eu
mesma já aderi a causas
alheias", explica.
Mão na massa
Para Rosângela Giembinsky,
vice-coordenadora-geral da
ONG Voto Consciente (www.votoconsciente.org.br), que
monitora os trabalhos de vereadores e de deputados estaduais, as manifestações são importantes para a democracia,
mas devem ser canalizadas para a formação de propostas
concretas.
"A mobilização é importante,
mas é preciso que exista continuidade. É fácil criticar. Difícil
é propor alterações na lei", diz.
Segundo Giembinsky, o poder de comunicação da rede está cada vez mais evidente também para os representantes
parlamentares. "A cultura de
reposta está aumentando, mesmo na esfera federal."
(MB)
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