FUTURO Mais portáteis e duráveis, dispositivos com displays maleáveis poderão chegar ao mercado dentro de dez anos

NICK BILTON
DO "NEW YORK TIMES"

No mês passado, surgiram notícias na internet sobre um novo display flexível de 19 polegadas que a LG espera começar a incluir em novos dispositivos. Ao longo do ano passado, eu ouvi falar sobre inúmeros avanços, dos mais interessantes, no mundo dos displays flexíveis. Assisti pessoalmente às demonstrações do E Ink totalmente flexível, tecnologia presente nas telas do Kindle e do Reader da Sony. E há também alguns vídeos on-line interessantes sobre os displays em cores e flexíveis Oled da Sony.
Porém, se a LG pretende começar a vender esses displays flexíveis ainda neste ano, será que isso implica a possibilidade de termos acesso a dispositivos flexíveis no futuro próximo?
Será possível sentar no metrô de manhã enquanto lemos notícias sempre atualizadas em um leitor totalmente em cores, conectado à rede e flexível?

Falta muito
Não é bem assim. Nicholas Colaneri, diretor do Centro de Display Flexível da Universidade Estadual do Arizona (ASU, na sigla em inglês), explicou que o fato de displays flexíveis já existirem não implica dizer que dispositivos flexíveis não demorarão alguns anos até chegarem ao mercado.
"A tela do display representa uma pequena parte do desafio. Atualmente, os componentes eletrônicos auxiliares, a bateria, os transistores e o circuito são, todos, partes que ainda não são totalmente flexíveis em grande escala", disse ele.
De acordo com Colaneri, podemos estimar de três a cinco anos o prazo para que os displays flexíveis possam ser vistos no mercado -mas isso somente se aplica à tecnologia da tela. Para os outros componentes, isso deverá levar um pouco mais de tempo.
Além disso, as primeiras amostras dessas tecnologias serão representadas muito mais por telas externas maiores do que por leitores menores. "A longo prazo, há um interesse por displays com tamanhos maiores capazes de ser enrolados e guardados em qualquer lugar", afirmou Colaneri.
Sendo assim, em vez de um leitor de notícias flexível que eu possa usar de manhã, será possível ir acampar com uma televisão Oled de 52 polegadas totalmente flexível? Se as tecnologias flexíveis continuarem a evoluir e os recursos certos forem aplicados em pesquisa nessa área, dispositivos Oled completamente flexíveis poderão chegar ao mercado dentro dos próximos dez anos. E dispositivos E ink flexíveis podem estar disponíveis dentro de cinco a sete anos.

Uso militar
As Forças Armadas norte-americanas, fonte principal de financiamento do Centro de Display Flexível da ASU, têm investido milhões de dólares nessa tecnologia a fim de usá-la em áreas de conflito armado.
Eles esperam que os dispositivos flexíveis também venham a se tornar tecnologias mais econômicas, resistentes e rápidas, que possam ser usadas por soldados em situações de conflito.
Em vez de carregarem consigo laptops ou telas de LCD pesadas e frágeis, os soldados poderiam simplesmente desenrolar uma tela e começar a interagir com elas por meio de mapas e comandos centrais.
Displays flexíveis também propiciam aos consumidores uma maior durabilidade. Atualmente, se você derrubar o seu laptop ou e-reader e a tela quebrar, o dispositivo deixa de ter utilidade até que seja substituído por outro. Um display flexível daria aos consumidores a opção de terem ao seu alcance dispositivos mais robustos.
Displays flexíveis são bons para os consumidores porque, com eles, podemos ser um pouco mais descuidados com os nossos aparelhos eletrônicos. Algo como acampar com uma TV de tela plana simplesmente terá de esperar um pouco mais até ser realidade.

Tradução de FABIANO FLEURY DE SOUZA CAMPOS

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