São Paulo, quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

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Guerra do vídeo

Ausência do Flash no iPad, lançamento da Apple, esquenta disputa iminente entre o HTML5 e o plugin da Adobe para aplicações multimídia

RAFAEL CAPANEMA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em 27 de janeiro, no evento de lançamento do iPad, o fundador da Apple, Steve Jobs, demonstrava o aparelho navegando na internet. Quando acessou sites como o do "New York Times", surgiram áreas brancas com uma peça azul de Lego no centro, indicando a falta do Flash Player, plugin multimídia da Adobe.
Presente em 99% dos computadores do mundo, segundo a consultoria Millward Brown, e adotado em portais como o YouTube e o Vimeo, o Flash virou padrão de exibição de vídeos na internet e está por trás de jogos como o FarmVille e de diversos sites multimídia.
Mas o plugin é motivo de discórdia entre a Adobe a Apple desde pelo menos 2007, quando a empresa de Steve Jobs lançou o iPhone, que até hoje não tem suporte a Flash. A situação deve se estender ao iPad -o recém-lançado computador com tela sensível ao toque da empresa usa o mesmo sistema operacional do iPhone.
O Flash é criticado, entre outros motivos, por exigir muito do processador dos computadores, o que pode acarretar instabilidade e lentidão. A performance do plugin é especialmente pior no Linux e no Mac OS X, sistema operacional da Apple, em comparação ao seu uso no Windows, de acordo com testes do site de tecnologia Ars Technica (leia em bit.ly/arsflash, em inglês).
Crítico do Flash, Jobs acredita que a inclusão do plugin no iPad e no iPhone causaria travamentos e problemas de performance nos dispositivos.
"Ninguém mais usará o Flash. O mundo está migrando para o HTML5", afirmou Jobs, que ainda chamou a Adobe de preguiçosa em reunião com funcionários da Apple, de acordo com o site da "Wired".
Jobs referia-se à versão mais recente da linguagem HTML, usada para escrever sites. Entre outros objetivos, o HTML5 pretende tornar os navegadores capazes de reproduzir vídeo sem precisar de plugins proprietários como o próprio Flash ou o Silverlight, da Microsoft. Ele já está sendo testado em sites como o YouTube e o Vimeo.

Resposta da Adobe
Lee Brimelow, evangelista de plataformas da Adobe, respondeu à Apple por meio de seu blog sobre o Flash (theflash blog.com). Ele postou imagens de dez sites populares, que, por serem feitos em Flash, não funcionarão no iPad. Embaixo das reproduções de sites como Hulu, Farmville e até de um portal pornográfico (mais tarde removido), vinha a frase "Milhões de sites usam Flash. Acostume-se aos legos azuis".
"Pessoalmente considero isso [a falta de Flash no iPad] muito triste, porque eu realmente gosto de usar produtos da Apple e acho que o Flash Player 10.1 ficaria incrível no iPad. Por que não dar às pessoas a opção de tê-lo é a pergunta que eu faço", escreveu Brimelow no mesmo blog, em 31 de janeiro.

99%
dos computadores do mundo têm o Flash Player instalado, o que o torna a plataforma de software com a maior penetração global, de acordo com dados de dezembro de 2009 da consultoria Millward Brown

40%
dos vídeos vistos on-line nos EUA em dezembro do ano passado foram do YouTube, segundo a comScore. Nesse período, ainda segundo a consultoria, 178 milhões de pessoas viram 33,2 bilhões de vídeos


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