São Paulo, quarta-feira, 10 de agosto de 2005

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VIDEOGAMES

Cenas de sexo descobertas em GTA: San Andreas abrem polêmica sobre conteúdo de jogos eletrônicos

Só para adultos

PABLO MIYAZAWA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Acabou a inocência nos games. A descoberta de uma fase com conteúdo pornográfico no game Grand Theft Auto: San Andreas (PC, PlayStation 2 e Xbox) colocou os jogos eletrônicos no banco dos réus, diante de políticos, grupos conservadores e entidades de proteção ao consumidor nos Estados Unidos. Criado pela produtora Rockstar Games, subsidiária da Take-Two Interactive, o título teve seu conteúdo reclassificado em relação à faixa etária. Antes classificado como "M" (proibido para venda a menores de 17 anos), o jogo recebeu o novo selo "AO" (Adults Only), que limita sua venda para maiores de 18 anos. Assim, San Andreas passa a ser o primeiro produto para uso em consoles domésticos a receber tal classificação.
Um código de software batizado de Hot Coffee (café quente), desenvolvido pelo holandês Patrick Wildenborg, desbloqueou o acesso a uma fase especial na versão de San Andreas para PC, que permite aos jogadores, no controle do personagem principal, Carl Johnson, praticar sexo com suas namoradas. Wildenbourg afirmou que não criou o tal conteúdo pornográfico, mas que apenas teria liberado algo que já estava programado no código do jogo. Por pressão de políticos, como a senadora Hillary Clinton, e de diversos grupos conservadores, a Entertainment Software Rating Board, entidade que determina a classificação etária de videogames nos EUA, investigou o conteúdo de San Andreas e concluiu que todas as versões do game apresentam recursos que liberam as cenas de sexo, e que o conteúdo erótico foi inserido no game antes de sua chegada às lojas.
Em sua defesa, as empresas alegaram que o estágio pornográfico fazia parte de um conteúdo previamente cortado e escondido no código-fonte de San Andreas. Um porta-voz da Rockstar declarou que a empresa não esperava que hackers conseguissem ter habilidades suficientes para acessar o conteúdo no jogo. "Estava lá, mas jamais deveria ter sido encontrado", lamentou, em entrevista a um site norte-americano.
Para a senadora Hillary Clinton, a Take-Two havia "brincado com o sistema de classificação e colocado material pornográfico à disposição de crianças".
E a polêmica está longe de terminar. Uma votação na Câmara dos Deputados dos EUA decretou a abertura de uma investigação federal para determinar se a Take-Two Interactive e a Rockstar ignoraram deliberadamente a avaliação inicial da ESRB ao esconderem o conteúdo proibido em San Andreas.
As possíveis penas vão desde multas até o recolhimento de todos os produtos disponíveis nas lojas, além da obrigação de trocar os produtos de consumidores que se sentirem lesados.
Em comunicado oficial, a Take-Two se comprometeu a encerrar a fabricação do jogo atual e a criar uma versão limpa do produto. A empresa também adiantou que vai cooperar com a investigação e que já está tomando providências para evitar que esse tipo de problema ocorra em produtos lançados futuramente.
Mas o impacto foi sentido nas ações da Take-Two, que tiveram queda de 11%. Grand Theft Auto: San Andreas está entre os jogos mais vendidos da história. Desde seu lançamento, em outubro de 2004, tem sido alvo de críticas por incentivar a violência gratuita, o vandalismo e o uso de drogas. Só faltava mesmo o sexo para completar o pacote.
Aproveitando o momento, o advogado norte-americano Jack Thompson lançou um manifesto no qual diz que os personagens do game para PC The Sims 2, da Electronic Arts, apresentavam nudez frontal completa.
O game, um simulador de vida humana que mostra os personagens praticando atividades cotidianas, exibe os personagens em situações de nudez com borrões sobre suas partes genitais.
O advogado diz que um programa criado por terceiros permite a retirada dos borrões e a apresentação da nudez dos personagens.
A Electronic Arts diz que as acusações são infundadas e que, se o borrão for retirado, só se verá corpos semelhantes aos de manequins, sem genitais aparentes. Nos EUA, The Sims é classificado com o selo "T" (aconselhado para maiores de 13 anos). No Brasil, o jogo é recomendado para maiores de 16 anos, por causa de "cenas de nudez, simulação de sexo e temática adulta atenuada".


Pablo Miyazawa é editor-executivo da revista "EGM Brasil" (www.egmbrasil.com.br)


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