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VIDEOGAMES
Cenas de sexo descobertas em GTA: San Andreas abrem polêmica sobre conteúdo de jogos eletrônicos
Só para adultos
PABLO MIYAZAWA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Acabou a inocência nos games.
A descoberta de uma fase com
conteúdo pornográfico no game
Grand Theft Auto: San Andreas
(PC, PlayStation 2 e Xbox) colocou os jogos eletrônicos no banco
dos réus, diante de políticos, grupos conservadores e entidades de
proteção ao consumidor nos Estados Unidos. Criado pela produtora Rockstar Games, subsidiária
da Take-Two Interactive, o título
teve seu conteúdo reclassificado
em relação à faixa etária. Antes
classificado como "M" (proibido
para venda a menores de 17 anos),
o jogo recebeu o novo selo "AO"
(Adults Only), que limita sua venda para maiores de 18 anos. Assim, San Andreas passa a ser o
primeiro produto para uso em
consoles domésticos a receber tal
classificação.
Um código de software batizado
de Hot Coffee (café quente), desenvolvido pelo holandês Patrick
Wildenborg, desbloqueou o acesso a uma fase especial na versão
de San Andreas para PC, que permite aos jogadores, no controle
do personagem principal, Carl
Johnson, praticar sexo com suas
namoradas. Wildenbourg afirmou que não criou o tal conteúdo
pornográfico, mas que apenas teria liberado algo que já estava programado no código do jogo. Por
pressão de políticos, como a senadora Hillary Clinton, e de diversos
grupos conservadores, a Entertainment Software Rating Board,
entidade que determina a classificação etária de videogames nos
EUA, investigou o conteúdo de
San Andreas e concluiu que todas
as versões do game apresentam
recursos que liberam as cenas de
sexo, e que o conteúdo erótico foi
inserido no game antes de sua
chegada às lojas.
Em sua defesa, as empresas alegaram que o estágio pornográfico
fazia parte de um conteúdo previamente cortado e escondido no
código-fonte de San Andreas. Um
porta-voz da Rockstar declarou
que a empresa não esperava que
hackers conseguissem ter habilidades suficientes para acessar o
conteúdo no jogo. "Estava lá, mas
jamais deveria ter sido encontrado", lamentou, em entrevista a
um site norte-americano.
Para a senadora Hillary Clinton,
a Take-Two havia "brincado com
o sistema de classificação e colocado material pornográfico à disposição de crianças".
E a polêmica está longe de terminar. Uma votação na Câmara
dos Deputados dos EUA decretou
a abertura de uma investigação federal para determinar se a Take-Two Interactive e a Rockstar ignoraram deliberadamente a avaliação inicial da ESRB ao esconderem o conteúdo proibido em San
Andreas.
As possíveis penas vão desde
multas até o recolhimento de todos os produtos disponíveis nas
lojas, além da obrigação de trocar
os produtos de consumidores que
se sentirem lesados.
Em comunicado oficial, a Take-Two se comprometeu a encerrar a
fabricação do jogo atual e a criar
uma versão limpa do produto. A
empresa também adiantou que
vai cooperar com a investigação e
que já está tomando providências
para evitar que esse tipo de problema ocorra em produtos lançados futuramente.
Mas o impacto foi sentido nas
ações da Take-Two, que tiveram
queda de 11%. Grand Theft Auto:
San Andreas está entre os jogos
mais vendidos da história. Desde
seu lançamento, em outubro de
2004, tem sido alvo de críticas por
incentivar a violência gratuita, o
vandalismo e o uso de drogas. Só
faltava mesmo o sexo para completar o pacote.
Aproveitando o momento, o
advogado norte-americano Jack
Thompson lançou um manifesto
no qual diz que os personagens do
game para PC The Sims 2, da Electronic Arts, apresentavam nudez
frontal completa.
O game, um simulador de vida
humana que mostra os personagens praticando atividades cotidianas, exibe os personagens em
situações de nudez com borrões
sobre suas partes genitais.
O advogado diz que um programa criado por terceiros permite a
retirada dos borrões e a apresentação da nudez dos personagens.
A Electronic Arts diz que as acusações são infundadas e que, se o
borrão for retirado, só se verá corpos semelhantes aos de manequins, sem genitais aparentes.
Nos EUA, The Sims é classificado
com o selo "T" (aconselhado para
maiores de 13 anos). No Brasil, o
jogo é recomendado para maiores
de 16 anos, por causa de "cenas de
nudez, simulação de sexo e temática adulta atenuada".
Pablo Miyazawa é editor-executivo da
revista "EGM Brasil" (www.egmbrasil.com.br)
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