São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 2008

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[+]segurança

"Brasileiros deveriam pensar como hackers"

GUSTAVO VILLAS BOAS
DA REPORTAGEM LOCAL

"Os brasileiros deveriam pensar como hackers, questionar o que lhes é apresentado". A frase de Luiz Eduardo, especialista da segurança da informação conhecido como effffn, é sobre a política em geral e o sistema eletrônico de votação brasileiro em particular. "Se burlar o sistema, não tem onde checar. Não queremos voltar no tempo, mas precisava ter o papelzinho. Faz o voto eletrônico e deposita o comprovante na urna."
Luiz, que vive nos EUA, é responsável por projeto, instalação e manutenção da rede sem fio da maior conferência de hackers do mundo, a DefCon -também fez o mesmo trabalho na BlackHat e no Chaos Computer Congress.
No ano passado, foi o primeiro brasileiro a palestrar na Defcon. O tema: cultura hacker nas corporações. "Empresas gostam de hackers, hackers gostam de empresas. É a velha história: hacker não é um criminoso, é a pessoa que pensa no funcionamento das coisas, além do que outras pessoas normalmente pensam. Ou além do que os fabricantes querem que os usuários pensem."

No Brasil
Neste ano, ao lado de Nelson Murilo -com quem organiza, em São Paulo, a conferência you sh0t the sheriff (www.ysts.org), além do podcast www.naopod.com.br- o tema da palestra girou em torno de segurança em redes sem fio.
Para o usuário comum, ele cita um problema bastante presente: é difícil conter o sinal sem fio. "Do seu apartamento, você vê os pontos de acesso dos vizinhos." Ele diz que, se as informações não estiverem criptografadas, muitos dos dados trafegados podem ser "simplesmente lidos. Senhas de e-mail, algumas páginas da web", exemplifica.

Coisa de cinema
Luiz afirma que o fator humano também é muito explorado por criminosos. "É a engenharia social", lidar com emoções para que as próprias pessoas forneçam dados sensíveis.
"É um problema comum no Brasil, não? Ligações de seqüestros falsos. Totalmente engenharia social", diz, dando um exemplo de utilização da técnica fora do mundo da computação. "Por isso, tem que pensar melhor o que você coloca em redes sociais. Para que ataques sofisticados, se a informação está ali, de graça?".
Ele diz que o universo da segurança da informação corporativa amadureceu, e tem levado em conta tais questões humanas. Os hackers, como em filmes, ajudaram, com os "pen-testings", ou testes de penetração. De acordo com Luiz, existem casos em que "a empresa [de segurança] é contratada, e ninguém sabe que eles [hackers] estão lá. A idéia é fazer de tudo, como se fosse um estranho. Desde entrar sem crachá, até possivelmente ler o e-mail do presidente da empresa", para detectar falhas.
Dessa forma, diz, "hoje as redes são -ou deveriam ser- planejadas com visão em segurança, e não apenas performance, como era antigamente; e múltiplos níveis de segurança são implementados".


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