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São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 2003

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TESTE USP

Aparelho digitalizador Dazzle não funciona no padrão PAL-M, obrigando usuário a comprar adaptador; resolução é média

Incompatibilidade afeta conversor de vídeo

JOÃO DO E.S. BATISTA NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O Dazzle Fusion é um dispositivo externo que, conectado à porta USB de um micro, permite a captura de vídeo analógico e a leitura de até seis tipos de cartão de mídia (como os utilizados em câmeras fotográficas digitais).
Com o Dazzle Fusion, o usuário pode conectar um videocassete ou uma filmadora ao micro e digitalizar os seus vídeos caseiros.
Por meio do software Pinnacle Studio, que acompanha o produto, é possível capturar, editar e criar sequências de filmes e armazená-las em CDs ou DVDs (desde que o computador tenha gravador de CDs ou de DVDs).

Instalação e operação
A instalação do software de captura e edição e dos drivers (programas adaptadores) do dispositivo é bastante simples e segue o padrão usado no sistema operacional Windows.
Um guia rápido impresso (em inglês e francês) traz as instruções de instalação do software.
Também há manuais eletrônicos em português, contendo dicas de conexão do dispositivo ao micro e das ligações de vídeo e de cartões digitais.
O software Pinnacle Studio é o ponto forte do produto. Com uma interface bastante simples, intuitiva e poderosa ao mesmo tempo, ele permite a criação de filmes em três etapas distintas: captura, edição e gravação.
O usuário pode facilmente realizar tarefas como alterar a ordenação de cenas, adicionar alguns efeitos especiais e ajustar a duração de trechos de vídeo.
O software permite a gravação dos arquivos resultantes em formatos para gravação em videocassete e DVD e também gera sequências nos formatos AVI, MPEG e de streaming (para publicação na internet).

Limitações
Ao contrário da ótima qualidade do software, o hardware de captura tem severas limitações.
Uma delas é a falta de suporte ao padrão de vídeo PAL-M, que equipa a grande maioria dos videocassetes no Brasil.
O Dazzle Fusion decodifica apenas o padrão NTSC. Nos testes realizados com um videocassete, a imagem ficou em preto-e-branco, o que é decepcionante.
Ao conectar uma câmera Sony Cyber-shot (padrão NTSC), foi possível capturar sequências coloridas. Mas surgiu uma segunda limitação: a baixa resolução de captura.
Enquanto um sinal padrão de vídeo analógico tem resolução da ordem de 500x500 pontos, a resolução máxima de captura obtida foi de 352x288 pontos.
Na prática, isso significa a geração de filmes digitalizados de qualidade muito aquém de determinados dispositivos, a não ser que a origem seja uma fita VHS, cuja resolução corresponde à oferecida pelo Dazzle Fusion.

Falta de memória
Uma terceira limitação é a falta de memória (buffer) para armazenar dos quadros capturados.
Embora o software disponibilize quatro qualidades de captura (que variam de acordo com o tamanho e a quantidade de quadros capturados por segundo), a frequência de captura fica totalmente condicionada às características de hardware do PC.
Nos testes realizados, foi impossível capturar sequências de vídeo de qualidade "ótima" (30 quadros por segundo com 352x240 pontos cada um). Surpreendentemente, a taxa de escrita de dados detectada pelo software foi da ordem de 2.150 Kbytes/s, enquanto a taxa necessária para essa amostragem era de 5.063 Kbytes/s. O micro utilizado tinha um chip Pentium 4 de 1,5 GHz e 512 Mbytes de memória RAM.

Conclusões
Mesmo não sendo um equipamento profissional, o produto apresenta limitações graves como a falta de codificação para o sistema PAL-M.
Isso anula uma das principais utilidades do dispositivo, que é a transposição de fitas de vídeos para formatos e mídias digitais. Para contornar o problema, o usuário tem de adquirir um transcodificador PAL-M/NTSC. Aliado ao preço do produto, conclui-se que o produto tem baixa relação custo-benefício.


João do E. S. Batista Neto é doutor em Sistemas Biomédicos pelo Imperial College, Universidade de Londres. É docente do ICMC-USP e trabalha no processamento de imagens médicas


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