São Paulo, quarta, 11 de março de 1998

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TENDÊNCIAS
Indústria debate qual será o futuro do sistema "Windows"

KEVIN MANEY
do "USA Today"

O "Windows" vai durar para sempre?
Essa é a questão central hoje na indústria de informática, que ganhou ainda mais destaque e emoção na semana passada, com a audiência do Comitê de Justiça do Senado norte-americano, que analisa as práticas comerciais da Microsoft.
A resposta vai definir se o governo tomará ou não medidas para controlar a ação da Microsoft.
Se o "Windows" for considerado um padrão tão fundamental quanto as tomadas elétricas ou a voltagem, provavelmente os parlamentares vão decidir que uma só empresa, não controlada, não deve ser sua proprietária exclusiva.
Se o sistema for como os discos de vinil ou o sistema VHS (vídeo), um padrão que dura uma década ou mais e depois é superado, então a tendência é deixar que o próprio mercado e o desenvolvimento tecnológico resolvam a questão.
Na audiência, os rivais da Microsoft argumentaram que o "Windows", que está em 90% dos microcomputadores no mundo, não pode ser derrotado.
"Não vislumbro isso ocorrendo durante a minha vida", disse Jim Barksdale, presidente da Netscape. "É um monopólio muito, muito duradouro", acrescentou Scott McNealy, presidente da Sun.
Bill Gates, por seu lado, afirmou que não é nada disso e que a Microsoft está sempre vulnerável. A tecnologia está sempre evoluindo, e uma nova empresa pode desenvolver algo que derrube o sistema operacional -programa que comanda as operações básicas do computador- da Microsoft.
Concorrente futuro
A verdade provavelmente está no meio do caminho.
Os sistemas operacionais costumam durar muito, mas não duram para sempre", diz William Aspray, co-autor de "Computer: A History of the Information Machine" (Computador: A História da Máquina da Informação).
Hoje, o "Windows" já enfrenta várias ameaças. A maior delas é a expansão da Internet, que trouxe consigo oxigênio para sistemas como o da Netscape ou a linguagem "Java", da Sun.
Até agora, a Microsoft e seu "Windows" têm conseguido enfrentar e superar os adversários.
Mas, acredita o historiador Aspray, o "Windows" não vai conseguir sobreviver por muito mais tempo. Cada linhagem de computador tem um tempo de vida e uma determinada capacidade de crescer. A partir de um ponto, uma nova máquina aparece e leva de roldão o mundo anterior.
Por enquanto, ninguém consegue dizer como será o computador ou seu equivalente do ano 2010. Mas dificilmente ele usará "Windows".
A Microsoft sabe disso e está investindo em pesquisa sobre a futura geração de máquinas e seus sistemas. Se conseguir, provavelmente vai transcender o "Windows".



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