São Paulo, quarta-feira, 11 de julho de 2007

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Web ameaça pornografia tradicional

Vídeos de amadores, disponíveis gratuitamente na internet, causam queda nas vendas de DVDs de sexo

DO "NEW YORK TIMES"

A internet deveria representar um poderoso instrumento para a expansão da indústria pornográfica, criando um mercado global de imagens e vídeos acessíveis na privacidade de um computador doméstico.
Durante algum tempo, quando uma distribuição e uma aceitação social maiores provocaram um aumento constante das vendas, a coisa funcionou assim. Mas agora a indústria pornográfica padrão entrou em declínio -e a culpa recaiu sobre a internet.
A oferta on-line de fotos e vídeos grátis ou de baixo custo começou a derrubar a venda de DVDs de filmes pornôs.
A pouco dispendiosa tecnologia digital abriu caminho para o trabalho de amadores que produzem material pornográfico de baixo custo e que inundam o mercado, obrigando os participantes do setor a disponibilizar gratuitamente mais produtos a fim de atrair clientes dispostos a gastar.
E, ao contrário dos consumidores que procuram por música e outros tipos de mídia, os consumidores de pornografia não parecem se importar em trocar produtores e atores de renome por anônimos ou com trocar um set iluminado por um sofá meio rasgado na casa de um diretor desconhecido.
Depois de passar anos crescendo constantemente, o mercado de venda e aluguel de vídeos pornôs faturou US$ 3,62 bilhões em 2006, uma cifra menor do que a do ano anterior (US$ 4,28 bilhões), mostrou uma estimativa da AVN, uma publicação do setor.
Se a situação não mudar, o mercado de entretenimento ligado ao sexo, avaliado hoje em US$ 13 bilhões, pode encolher neste ano, diz Paul Fishbein, presidente da AVN Media Net- work, editora da revista.
O faturamento do setor com a internet é substancial, mas não vem subindo rápido o suficiente para compensar a derrubada do faturamento com filmes tradicionais.
"As pessoas estão fazendo filmes dentro de suas casas e colocando-os em sites gratuitos", afirmou Harvey Kaplan, ex-produtor de filmes pornôs e hoje diretor-executivo da GoGoBill.com, empresa que processa o pagamento em sites. "Isso está acabando com o mercado."
A princípio, a era digital provocou um tipo de aceitação generalizada da pornografia, permitindo que fosse consumida fácil e anonimamente.
A disseminação da internet de alta velocidade prometia crescimentos ainda maiores.
No entanto, as conexões rápidas acabaram simplesmente por permitir que as pessoas baixassem filmes gratuitos de forma mais ágil e que os amadores oferecessem suas produções de maneira mais fácil.

Assinatura
Algumas empresas afirmam ter obtido sucesso com a venda de assinaturas para seus sites e com a oferta de filmes.
Mas o faturamento com a internet, apesar de crescer de maneira modesta, não vem compensando pela queda na venda e aluguel de filmes em disco.
A receita com as assinaturas e vendas on-line passou de US$ 2,5 bilhões em 2005 para US$ 2,8 bilhões no ano seguinte, segundo a AVN -um aumento, mas nada volumoso quando comparado ao crescimento verificado em outros setores.
As empresas mais tradicionais não pretendem desistir, claro. Afirmam ter a resposta para a competição: qualidade.
"Temos uma iluminação bastante boa e um som bastante bom", disse David Joseph, presidente da Red Light District, responsável por filmes como "Obscene Behavior".
Segundo Joseph, sua empresa não perde tempo, ou não desperdiça o tempo de seus clientes, com falas e enredo desnecessários.
"Não há muita história. Mostramos basicamente cenas de sexo. Mas prezamos pela qualidade", afirmou, observando que sua empresa também escolhia com cuidado os cenários de locação. "Usamos locações, cômodos e sofás diferentes."
As vendas da Red Light despencaram mais de 30% nos últimos dois anos. Para reverter essa tendência, Joseph diz que a empresa vai oferecer gratuitamente um DVD extra com mais cenas dos filmes, algo que normalmente custaria US$ 20.
Uma tática semelhante vem sendo adotada por Sean Logan, diretor-executivo da Nectar Entertainment, que produziu filmes como "Exxxtasy Island". Os negócios encolheram 25% no ano passado, disse Logan.
Logan, porém, afirmou que melhoraria a qualidade das embalagens dos produtos. O empresário disse que continuará com seus planos de gravar em locais exóticos como o Brasil ou de simulá-los em sets.

Tradução de RODRIGO CAMPOS CASTRO


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