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Internautas anônimos
Surgem clínicas para tratar viciados da rede; estudodiz que há até 100 milhões de doentes no planeta
SÉRGIO VINÍCIUS
DA REPORTAGEM LOCAL
Vanessa acorda no meio da
madrugada angustiada. A respiração está apressada, meio
ofegante. Sem pensar direito,
levanta-se. Liga o computador.
Conecta-se à internet. Checa os
e-mails. Desliga a máquina. Aliviada e com a respiração novamente compassada, volta para
a cama. De manhã, os sintomas
se repetem até ela ligar a máquina novamente.
Vanessa é um nome fictício.
Seu procedimento, não. Ele resume o que pessoas viciadas em
internet sofrem: a compulsão
por estar diante de um computador conectado à rede. O uso
prolongado e contínuo da internet pode afastar pessoas do
mundo real, atrapalhar o rendimento escolar ou profissional,
causar danos físicos e psicológicos e até mesmo matar.
No mundo, há entre 50 milhões e 100 milhões de viciados
em internet. Isso corresponde
entre 5% e 10% do total de internautas do planeta, segundo
artigo da pesquisadora Diane
Wieland publicado em maio na
revista "Perspectives in
Psychiatric Care".
Embora não haja estudo conhecido sobre o assunto exclusivamente sobre o Brasil, o tema é tratado com seriedade no
país. Em São Paulo, há serviços
que cuidam de pacientes que
deixaram a internet tomar conta de suas vidas.
O Programa de Orientação e
Atendimento a Dependentes
(Proad), do Departamento de
Psiquiatria da Universidade
Federal de São Paulo, usa psicoterapia para tratar doentes.
Outra iniciativa é o trabalho
feito pelo Núcleo de Pesquisas
em Psicologia e Informática da
PUC, que atende diariamente a
pacientes por e-mail e tem um
núcleo que visa estudar o comportamento dos netviciados.
Na clínica da PUC, os internautas podem ser tratados sem
se identificar, protegidos pelo
anonimato que a internet oferece. Rede que, ironicamente,
pode servir de auxílio para tratar do vício que ela possibilitou.
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