|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Softwares fiscalizam empregados
Para tentar evitar vazamento de informações, empresas automatizam monitoramento do uso da internet
BRIAN BERGSTEIN
DA ASSOCIATED PRESS
O monitoramento de e-mails
em empresas é cada vez mais
comum nos Estados Unidos.
Muitas organizações, com medo de que informações internas
possam vazar pelas incontáveis
avenidas digitais, controlam
com rigor o que seus funcionários podem ou não colocar em
e-mails, mensagens instantâneas, posts de sites e até em documentos off-line.
Mas os empregadores não
conseguem manter todos os
seus funcionários sob controle
o tempo todo -então recorrem
com uma freqüência cada vez
maior a programas especiais.
As empresas adotam há anos
mecanismos para proteger
seus computadores, desde programas antivírus até tecnologias de filtragem capazes de
bloquear o acesso a sites pornográficos ou sites de webmail. A
nova geração de softwares
imiscui-se ainda mais profundamente no que as pessoas fazem durante o dia todo.
Um exemplo: a Orchestria,
uma empresa que vende sistemas de controle de comunicações, diz que seu programa pode evitar que o diretor-executivo da Whole Foods Market coloque comentários ofensivos
sobre um concorrente em determinados grupos de discussão da internet, comentários
esses dos quais pode vir a se arrepender mais tarde.
Como? O software da Orchestria pode ser regulado para
identificar quando certas palavras-chave -o nome de um
concorrente, por exemplo- ingressam em um documento ou
em formulários da rede mundial de computadores. O programa pode receber instruções
para bloquear tais ações ou para advertir os usuários sobre o
fato de estarem prestes a infringir a política da empresa.
Esse tipo automatizado de
monitoramento em sintonia fina vem se espalhando para
além de setores rigidamente
regulamentados, como os de
saúde e o financeiro, devido a
novas regras que atingem de
órgãos públicos a cartões de
crédito.
As empresas temem o vazamento de sua base de dados de
clientes, o roubo de informações e outros pesadelos em termos de relações públicas.
"As principais motivações
são a ética e a reputação", afirmou Joe Fantuzzi, diretor-executivo da Workshare, cujo software analisa riscos de vazamento de dados.
"Independentemente de estar ou não submetida a algum
tipo de regulamentação, uma
empresa precisa ser considerada idônea. Isso influencia no
preço das ações dela, influencia
na fidelidade dos clientes dela."
As tecnologias para controle
de conteúdo das mensagens foram criadas apenas recentemente. O Radicati Group, dedicado à análise do mercado de
tecnologia, avalia que esse setor faturará US$ 670 milhões
no mundo todo neste ano e que
aumentará de tamanho em
mais de três vezes até 2011.
Masha Khmartseva, analista
do grupo, diz que as tecnologias
atuais têm problemas -por
exemplo, a tendência a bloquear ou segurar por engano
um número excessivo de arquivos mesmo que nada neles viole as políticas da empresa.
Se uma mensagem inócua recebe erroneamente a qualificação de delicada e passa por um
servidor de criptografia, o destinatário precisa gastar um
tempo adicional logando-se
àquele servidor para ter acesso
à mensagem.
De outro lado, os sistemas
que alertam os funcionários caso haja indícios de que estão
prestes a enviar algo potencialmente inadequado -digamos,
o nome de um produto ainda
em fase de desenvolvimento
para um destinatário de fora da
empresa- podem resultar em
uma enxurrada irritante de avisos em pop-up, observou
Khmartseva.
Mas não há o que fazer a não
ser acostumar-se com isso.
"Em breve, tudo passará a ser
controlado", afirmou a analista.
"Essa, ao menos, é a idéia. Vamos ver como as coisas caminham daqui para frente."
Esse cenário anuncia o surgimento de uma nova e poderosa
instância dentro das hierarquias corporativas -o escritório de adequação informativa,
que pode estar até acima dos diretores-executivos.
Tradução de Rodrigo Campos Castro
Texto Anterior: Jogador vira dublê em Stuntman - Ignition Próximo Texto: Controle: Marinha dos EUA tira do Youtube vídeo produzido por militar Índice
|