São Paulo, quarta-feira, 12 de setembro de 2007

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Softwares fiscalizam empregados

Para tentar evitar vazamento de informações, empresas automatizam monitoramento do uso da internet

BRIAN BERGSTEIN
DA ASSOCIATED PRESS

O monitoramento de e-mails em empresas é cada vez mais comum nos Estados Unidos. Muitas organizações, com medo de que informações internas possam vazar pelas incontáveis avenidas digitais, controlam com rigor o que seus funcionários podem ou não colocar em e-mails, mensagens instantâneas, posts de sites e até em documentos off-line.
Mas os empregadores não conseguem manter todos os seus funcionários sob controle o tempo todo -então recorrem com uma freqüência cada vez maior a programas especiais.
As empresas adotam há anos mecanismos para proteger seus computadores, desde programas antivírus até tecnologias de filtragem capazes de bloquear o acesso a sites pornográficos ou sites de webmail. A nova geração de softwares imiscui-se ainda mais profundamente no que as pessoas fazem durante o dia todo.
Um exemplo: a Orchestria, uma empresa que vende sistemas de controle de comunicações, diz que seu programa pode evitar que o diretor-executivo da Whole Foods Market coloque comentários ofensivos sobre um concorrente em determinados grupos de discussão da internet, comentários esses dos quais pode vir a se arrepender mais tarde.
Como? O software da Orchestria pode ser regulado para identificar quando certas palavras-chave -o nome de um concorrente, por exemplo- ingressam em um documento ou em formulários da rede mundial de computadores. O programa pode receber instruções para bloquear tais ações ou para advertir os usuários sobre o fato de estarem prestes a infringir a política da empresa.
Esse tipo automatizado de monitoramento em sintonia fina vem se espalhando para além de setores rigidamente regulamentados, como os de saúde e o financeiro, devido a novas regras que atingem de órgãos públicos a cartões de crédito.
As empresas temem o vazamento de sua base de dados de clientes, o roubo de informações e outros pesadelos em termos de relações públicas.
"As principais motivações são a ética e a reputação", afirmou Joe Fantuzzi, diretor-executivo da Workshare, cujo software analisa riscos de vazamento de dados.
"Independentemente de estar ou não submetida a algum tipo de regulamentação, uma empresa precisa ser considerada idônea. Isso influencia no preço das ações dela, influencia na fidelidade dos clientes dela."
As tecnologias para controle de conteúdo das mensagens foram criadas apenas recentemente. O Radicati Group, dedicado à análise do mercado de tecnologia, avalia que esse setor faturará US$ 670 milhões no mundo todo neste ano e que aumentará de tamanho em mais de três vezes até 2011.
Masha Khmartseva, analista do grupo, diz que as tecnologias atuais têm problemas -por exemplo, a tendência a bloquear ou segurar por engano um número excessivo de arquivos mesmo que nada neles viole as políticas da empresa.
Se uma mensagem inócua recebe erroneamente a qualificação de delicada e passa por um servidor de criptografia, o destinatário precisa gastar um tempo adicional logando-se àquele servidor para ter acesso à mensagem.
De outro lado, os sistemas que alertam os funcionários caso haja indícios de que estão prestes a enviar algo potencialmente inadequado -digamos, o nome de um produto ainda em fase de desenvolvimento para um destinatário de fora da empresa- podem resultar em uma enxurrada irritante de avisos em pop-up, observou Khmartseva.
Mas não há o que fazer a não ser acostumar-se com isso.
"Em breve, tudo passará a ser controlado", afirmou a analista. "Essa, ao menos, é a idéia. Vamos ver como as coisas caminham daqui para frente."
Esse cenário anuncia o surgimento de uma nova e poderosa instância dentro das hierarquias corporativas -o escritório de adequação informativa, que pode estar até acima dos diretores-executivos.


Tradução de Rodrigo Campos Castro


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