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reportagem de capa
Indústria pornô aposta em celulares
ALVO Por conta de sites que oferecem conteúdo gratuito, setor nos EUA vê lucro cair e tenta se adaptar às telinhas
SINEAD CAREW
DA REUTERS
No mundo da pornografia,
quanto maior, melhor. A não
ser que se trate das diminutas
telas dos celulares, a próxima
fronteira com que se depara a
indústria do sexo.
Ao contrário da Europa, a
pornografia nos celulares ainda
não decolou nos EUA, já que as
operadoras do setor temem
ofender grupos políticos e religiosos ou pais preocupados
com a exposição de seus filhos.
Isso pode alterar-se neste
ano, quando as empresas de celular planejam tornar menos
rígido o controle sobre suas redes a fim de permitir a utilização de uma variedade maior de
dispositivos e serviços, ao mesmo tempo em que colocam recursos para controlar o acesso
dos menores de idade.
"Ninguém conseguirá impedir o negócio de entretenimento adulto de explorar os telefones móveis", disse Gregory Piccionelli, advogado do escritório
Piccionelli & Sarno.
O advogado previu que os
consumidores norte-americanos vão ter a opção de consumir pornografia em seus celulares na forma de transmissões
ao vivo ou "encontros adultos"
-um termo para prestação de
serviços sexuais.
Uma conferência realizada
em Miami, recentemente, dedicou-se a discutir as oportunidades oferecidas pelos celulares em um momento no qual a
indústria pornográfica tenta
encontrar um novo incentivo.
O excesso de sites que oferecem pornografia gratuita diminuiu o lucro auferido pelo setor
com veiculação paga.
A fim de sobreviver, os investidores da área de pornografia
não podem desprezar as novas
tendências do mundo da telefonia móvel, afirmou Jay Grdina,
presidente do provedor de conteúdo adulto ClubJenna.
"Se não evoluirmos, vamos
morrer. Precisamos adotar medidas para nos preparar", disse
Grdina no Congresso de Conteúdo Adulto, no qual a indústria pornográfica e as empresas
de tecnologia discutem formas
de negócio para a distribuição
de pornografia via celulares.
O ClubJenna foi vendido para a Playboy Enterprises em
2006. "Essa é uma faca de dois
gumes. De um lado, vamos distribuir conteúdo gratuitamente. De outro, vamos aumentar a
divulgação do setor", disse
Grdina, acrescentando que o
ClubJenna precisa fortalecer-se no mercado norte-americano, onde gera "quase nenhum
lucro" com os celulares. Na Europa, a empresa fatura alto.
Europeus na frente
A pornografia disseminou-se
amplamente pelo mercado de
celulares da Europa, onde girou
US$ 775 milhões em 2007 e
pretende faturar US$ 1,5 bilhão
anualmente até 2012, segundo
o Juniper Research. O setor
prevê expandir-se para um total mundial de US$ 3,5 bilhões
até 2010.
De outro lado, a América do
Norte gerou apenas US$ 26 milhões no ano passado, em grande parte porque as operadoras
negam-se a vender material
pornográfico.
A segunda maior empresa do
setor no Canadá, a Telus, por
exemplo, cancelou um serviço
de pornografia para celular em
2007 após receber reclamações
de centenas de clientes e críticas da Igreja Católica.
Para Michael King, analista
do Gartner, a pornografia em
celulares se tornará mais comum por volta de 2009. O setor
de entretenimento adulto representa "um dos maiores faturamentos da internet", afirmou. "Deve-se supor que chegará naturalmente aos celulares", disse.
Tradução de RODRIGO CAMPOS CASTRO
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