São Paulo, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

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reportagem de capa

Indústria pornô aposta em celulares

ALVO Por conta de sites que oferecem conteúdo gratuito, setor nos EUA vê lucro cair e tenta se adaptar às telinhas

SINEAD CAREW
DA REUTERS

No mundo da pornografia, quanto maior, melhor. A não ser que se trate das diminutas telas dos celulares, a próxima fronteira com que se depara a indústria do sexo.
Ao contrário da Europa, a pornografia nos celulares ainda não decolou nos EUA, já que as operadoras do setor temem ofender grupos políticos e religiosos ou pais preocupados com a exposição de seus filhos.
Isso pode alterar-se neste ano, quando as empresas de celular planejam tornar menos rígido o controle sobre suas redes a fim de permitir a utilização de uma variedade maior de dispositivos e serviços, ao mesmo tempo em que colocam recursos para controlar o acesso dos menores de idade. "Ninguém conseguirá impedir o negócio de entretenimento adulto de explorar os telefones móveis", disse Gregory Piccionelli, advogado do escritório Piccionelli & Sarno.
O advogado previu que os consumidores norte-americanos vão ter a opção de consumir pornografia em seus celulares na forma de transmissões ao vivo ou "encontros adultos" -um termo para prestação de serviços sexuais. Uma conferência realizada em Miami, recentemente, dedicou-se a discutir as oportunidades oferecidas pelos celulares em um momento no qual a indústria pornográfica tenta encontrar um novo incentivo.
O excesso de sites que oferecem pornografia gratuita diminuiu o lucro auferido pelo setor com veiculação paga. A fim de sobreviver, os investidores da área de pornografia não podem desprezar as novas tendências do mundo da telefonia móvel, afirmou Jay Grdina, presidente do provedor de conteúdo adulto ClubJenna. "Se não evoluirmos, vamos morrer. Precisamos adotar medidas para nos preparar", disse Grdina no Congresso de Conteúdo Adulto, no qual a indústria pornográfica e as empresas de tecnologia discutem formas de negócio para a distribuição de pornografia via celulares.
O ClubJenna foi vendido para a Playboy Enterprises em 2006. "Essa é uma faca de dois gumes. De um lado, vamos distribuir conteúdo gratuitamente. De outro, vamos aumentar a divulgação do setor", disse Grdina, acrescentando que o ClubJenna precisa fortalecer-se no mercado norte-americano, onde gera "quase nenhum lucro" com os celulares. Na Europa, a empresa fatura alto.

Europeus na frente
A pornografia disseminou-se amplamente pelo mercado de celulares da Europa, onde girou US$ 775 milhões em 2007 e pretende faturar US$ 1,5 bilhão anualmente até 2012, segundo o Juniper Research. O setor prevê expandir-se para um total mundial de US$ 3,5 bilhões até 2010. De outro lado, a América do Norte gerou apenas US$ 26 milhões no ano passado, em grande parte porque as operadoras negam-se a vender material pornográfico.
A segunda maior empresa do setor no Canadá, a Telus, por exemplo, cancelou um serviço de pornografia para celular em 2007 após receber reclamações de centenas de clientes e críticas da Igreja Católica. Para Michael King, analista do Gartner, a pornografia em celulares se tornará mais comum por volta de 2009. O setor de entretenimento adulto representa "um dos maiores faturamentos da internet", afirmou. "Deve-se supor que chegará naturalmente aos celulares", disse.


Tradução de RODRIGO CAMPOS CASTRO


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