São Paulo, quarta-feira, 13 de setembro de 2006

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Tec-tec-tec

Vista poderá anular antivírus, diz perito

JULIANO BARRETO
DA REPORTAGEM LOCAL

No cinema, os russos ainda interpretam os vilões. No mundo da segurança digital, também. Enquanto os EUA são o lar das empresas líderes no mercado de antivírus, a Rússia tem a fama de ser um celeiro de criminosos on-line. Um dos fundadores da empresa de softs de proteção Kaspersky Lab (www.kaspersky.com), o russo Eugene Kaspersky, não concorda com essa visão. Em entrevista à Folha, ele apontou a China e os países latinos como principais fontes de vírus e disse que o próximo Windows trará muitas dores de cabeça.

 

FOLHA - O Vista trará mais segurança ou apenas novos problemas?
EUGENE KASPERSKY
- O Vista é mais seguro do que o XP. Vários programas nocivos não funcionarão no próximo Windows. Isso não quer dizer que ele seja 100% seguro. Novas ameaças poderão tirar proveito de funções exclusivas do sistema. Alguns dos seus padrões e mecanismos internos não permitem que os antivírus funcionem corretamente. Temo que as empresas de segurança tenham dificuldades para adaptar os seus produtos ao Vista. Nas versões que testamos, ocorreram problemas na integração entre o soft antivírus e o sistema.

FOLHA - Que tipo de problemas?
KASPERSKY
- Quando um programa é aberto pelo XP, uma mensagem interna é interceptada e o antivírus usa essa informação para analisar o soft. No Vista, existem mecanismos que tornam essa intervenção complicada. Mesmo com ajustes, algumas vezes, o antivírus simplesmente não funciona. Esse problema poderá ser resolvido, mas não será fácil.

FOLHA - Por que precisamos de programas diferentes contra vírus e contra o spyware? Quando um soft fará direito as duas coisas?
KASPERSKY
- Isso já é possível há alguns anos. Vários antivírus detectam os programas espiões. Em testes independentes, a qualidade dos serviços muitas vezes é até superior nos antivírus do que nos pacotes anti-spyware. Acredito que essa é mais uma questão de marketing do que uma discussão técnica.

FOLHA - Então por que uma varredura do anti-spyware acha mais problemas do que a do antivírus?
KASPERSKY
- Isso acontece porque todos os antivírus e todos os anti-spyware não são capazes de detectar 100% dos códigos maliciosos. Essas duas categorias de programas têm qualidades diferentes. Há casos nos quais os programas espiões estão em arquivos "limpos" tanto na análise dos antivírus quanto na dos anti-spyware. Nessas situações, é preciso fazer um estudo do problema e criar novas soluções, novas atualizações de proteção.

FOLHA - Por que os vírus de alcance global deixaram de aparecer?
KASPERSKY
- Os criadores de vírus mudaram o seu jeito de pensar. Eles preferem agir tendo os lucros como meta. Preferem roubar contas de banco ou invadir um número limitado de máquinas. Por isso, os criminosos da internet não precisam de uma epidemia global. Eles usam alguns milhares de computadores para os ataques, porque não precisam de milhões de máquinas para ter sucesso. Muitos dos hackers que criaram vírus famosos foram presos. Por essa razão, não é uma boa idéia chamar atenção, é melhor agir local. Hoje, quem iniciar uma epidemia global será investigado e preso.

FOLHA - A Rússia é mesmo um celeiro de cibercriminosos?
KASPERSKY
- Para mim, a maioria dos códigos maliciosos é produzida na China. Depois, vêm os países latinos. Os programas de invasão não usam passaporte. Por isso, quando encontramos um código com trechos em espanhol, não sabemos se ele veio do Brasil ou de San Francisco. A Rússia e os países do Leste Europeu estão apenas em terceiro lugar.

FOLHA - Há um rumor sobre um mercado negro digital na Rússia.
KASPERSKY
- Não tenho provas de que ele realmente exista. O que posso afirmar é que há pessoas vendendo bancos de dados roubados de agências do governo. Eles vendem DVDs na rua com informações pessoais de milhões de cidadãos.


NA INTERNET - Leia a versão integral da entrevista em www.folha.com.br/informatica




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