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Tec-tec-tec
Vista poderá anular antivírus, diz perito
JULIANO BARRETO
DA REPORTAGEM LOCAL
No cinema, os russos ainda
interpretam os vilões. No mundo da segurança digital, também. Enquanto os EUA são o
lar das empresas líderes no
mercado de antivírus, a Rússia
tem a fama de ser um celeiro de
criminosos on-line. Um dos
fundadores da empresa de softs
de proteção Kaspersky Lab
(www.kaspersky.com), o russo Eugene Kaspersky, não concorda com essa visão. Em entrevista à Folha, ele apontou a
China e os países latinos como
principais fontes de vírus e disse que o próximo Windows trará muitas dores de cabeça.
FOLHA - O Vista trará mais segurança ou apenas novos problemas?
EUGENE KASPERSKY - O Vista é
mais seguro do que o XP. Vários
programas nocivos não funcionarão no próximo Windows.
Isso não quer dizer que ele seja
100% seguro. Novas ameaças
poderão tirar proveito de funções exclusivas do sistema. Alguns dos seus padrões e mecanismos internos não permitem
que os antivírus funcionem
corretamente. Temo que as
empresas de segurança tenham
dificuldades para adaptar os
seus produtos ao Vista. Nas
versões que testamos, ocorreram problemas na integração
entre o soft antivírus e o sistema.
FOLHA - Que tipo de problemas?
KASPERSKY - Quando um programa é aberto pelo XP, uma
mensagem interna é interceptada e o antivírus usa essa informação para analisar o soft.
No Vista, existem mecanismos
que tornam essa intervenção
complicada. Mesmo com ajustes, algumas vezes, o antivírus
simplesmente não funciona.
Esse problema poderá ser resolvido, mas não será fácil.
FOLHA - Por que precisamos de
programas diferentes contra vírus e
contra o spyware? Quando um soft
fará direito as duas coisas?
KASPERSKY - Isso já é possível
há alguns anos. Vários antivírus detectam os programas espiões. Em testes independentes, a qualidade dos serviços
muitas vezes é até superior nos
antivírus do que nos pacotes
anti-spyware. Acredito que essa é mais uma questão de marketing do que uma discussão
técnica.
FOLHA - Então por que uma varredura do anti-spyware acha mais
problemas do que a do antivírus?
KASPERSKY - Isso acontece porque todos os antivírus e todos
os anti-spyware não são capazes de detectar 100% dos códigos maliciosos. Essas duas categorias de programas têm
qualidades diferentes. Há casos
nos quais os programas espiões
estão em arquivos "limpos"
tanto na análise dos antivírus
quanto na dos anti-spyware.
Nessas situações, é preciso fazer um estudo do problema e
criar novas soluções, novas
atualizações de proteção.
FOLHA - Por que os vírus de alcance
global deixaram de aparecer?
KASPERSKY - Os criadores de vírus mudaram o seu jeito de
pensar. Eles preferem agir tendo os lucros como meta. Preferem roubar contas de banco ou
invadir um número limitado de
máquinas. Por isso, os criminosos da internet não precisam
de uma epidemia global. Eles
usam alguns milhares de computadores para os ataques, porque não precisam de milhões
de máquinas para ter sucesso.
Muitos dos hackers que criaram vírus famosos foram presos. Por essa razão, não é uma
boa idéia chamar atenção, é
melhor agir local. Hoje, quem
iniciar uma epidemia global será investigado e preso.
FOLHA - A Rússia é mesmo um celeiro de cibercriminosos?
KASPERSKY - Para mim, a maioria dos códigos maliciosos é
produzida na China. Depois,
vêm os países latinos. Os programas de invasão não usam
passaporte. Por isso, quando
encontramos um código com
trechos em espanhol, não sabemos se ele veio do Brasil ou de
San Francisco. A Rússia e os
países do Leste Europeu estão
apenas em terceiro lugar.
FOLHA - Há um rumor sobre um
mercado negro digital na Rússia.
KASPERSKY - Não tenho provas
de que ele realmente exista. O
que posso afirmar é que há pessoas vendendo bancos de dados
roubados de agências do governo. Eles vendem DVDs na rua
com informações pessoais de
milhões de cidadãos.
NA INTERNET - Leia a versão integral da entrevista em
www.folha.com.br/informatica
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