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Especialista defende a importância da diversão
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Há dez anos, Ben Sawyer,
34, trabalha com diversos
projetos ligados às áreas de
games, ao jornalismo e às
pesquisas de mercado. Mais
recentemente, ele se encantou pelos jogos sérios e, em
2004, organizou a primeira
edição da Serious Games
Summit, encontro voltado
exclusivamente a discussões
sobre o gênero.
A terceira edição do evento
acontecerá em outubro deste
ano, em Washington D.C.,
nos Estados Unidos. A Folha
conversou com Sawyer, por
e-mail, sobre o papel dos jogos sérios no mundo do entretenimento eletrônico e
seus futuros desdobramentos na sociedade.
(TA)
FOLHA - Como você analisa o
crescimento dos jogos sérios nos
últimos anos?
BEN SAWYER - Tem sido muito
forte. Posso afirmar facilmente que a quantidade desse tipo de game dobrou ou
até triplicou. E isso foi fácil
de acontecer por tratar-se de
uma área nova em que muito
do crescimento se deve apenas ao fato de ter projetos
sendo reconhecidos enquanto outros novos vão sendo
anunciados.
FOLHA - Jogos que promovem
educação, ciência e saúde podem
ser mais divertidos que os games
convencionais?
SAWYER - O objetivo dos jogos sérios é ser uma resposta
para um problema específico. Se dentro deste contexto
podem ser divertidos, cômicos, bobos, reais, abstratos,
tristes ou não tão divertidos
quanto um jogo convencional, tudo bem. O que não é
bom é quando o game não soluciona o problema tal qual
ele se propôs a fazer.
FOLHA - Qual o perfil de quem
joga esse tipo de game?
SAWYER - A questão é mais
simples do que essa: todos os
jogos são sérios, pois se divertir também é algo sério.
Os games têm sido ótimos
nesse ponto. A questão geral
é: eles podem ir além? Achamos que sim. Então, a idéia é
que, eventualmente, mais e
mais pessoas joguem. Muitas
delas jogarão games sérios
no trabalho, na escola ou
apenas por simples diversão.
Nosso alvo demográfico são
todos.
FOLHA - Os governos podem
ajudam na produção desses jogos?
SAWYER - O dinheiro do governo é uma fonte crítica para qualquer mercado emergente. Os jogos sérios são um
exemplo disso. De qualquer
forma, veremos recursos
vindo de uma extensa variedade de organizações. Eventualmente, o dinheiro privado poderá ser maioria, mas
os recursos de organizações
governamentais e não-governamentais serão importantes ainda por muitos
anos.
FOLHA - Faz sentido afirmar que
os jogos sérios correspondem ao
terceiro setor do entretenimento
eletrônico?
SAWYER - Depende. O que é
certo dizer é que se trata de
um gênero da indústria que
está crescendo e que poderá
vir a se tornar parte crítica de
toda a produção da área de
games.
FOLHA - Qual área esses jogos
podem beneficiar mais?
SAWYER - Os títulos podem
ajudar o desenvolvimento de
interfaces, de sistemas de ensino -explicando de modo
didático como funciona uma
fábrica ou a política de fiscalização de poluição do ar, por
exemplo- e criando novos
sistemas sociais para serem
explorados de várias formas.
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