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reportagem de capa
Exposição on-line traz riscos ao usuário
CONEXÕES Mãe foi surpreendida por foto de filho em site de pedofilia; blogueiras lidam com ataques constantes a seus sites
DA REPORTAGEM LOCAL
A socióloga Renata (nome
fictício), 31, costumava colocar
fotografias da família no Orkut.
Até que foi surpreendida: copiaram fotos de seu filho, de um
ano, e as colocaram em um site
estrangeiro de pedofilia.
"Mandaram o link para que
eu visse aquilo. Mandaram para meus amigos também. Foi
horrível. Me senti péssima, culpada. Não tinha prestado atenção que corria esse risco ao colocar a foto de um menor de
idade no Orkut", lembra.
As fotos logo foram tiradas
do ar, a partir de um pedido feito pela socióloga no próprio site. "Não quis fazer denúncia à
polícia, pois achava que iria expor ainda mais o meu filho."
Ao disponibilizar informações pessoais na internet, o
usuário corre riscos, que vão de
roubos de senhas de banco e de
números de cartão de crédito a
casos mais extremos, como o
ataque de pedófilos.
"Há muita informação on-line colocada pelos próprios
usuários, que muitas vezes não
se dão conta dos riscos que correm. Se dados sobre sua vida
pessoal caem nas mãos de pessoas erradas, o problema pode
se tornar enorme", afirma Lauren Weinstein, especialista em
privacidade e co-fundador do
People for Internet Responsability, grupo que discute regulações da internet.
A médica Amanda, 29, mantém blogs há seis anos e já se
meteu em "roubadas". "Vou escrevendo sobre minha vidinha
e acho que ninguém se interessa por "umbiguismos" alheios.
Mas sempre tem gente que se
interessa por qualquer coisa."
O episódio que lhe rendeu
um grande transtorno começou com a interação na caixa de
comentários do blog. "O cara
deixava os comentários mais
surtados. Nos e-mails, começou a contar de doenças psiquiátricas e "hospedagens" em
clínicas para tratamento. Acessava a página 50 vezes por dia
(eu via pelo IP) e, belo dia, disse
que estava indo para Recife me
encontrar, pois ele era tudo o
que eu precisava", lembra.
A médica pediu transferência
do emprego, fechou o blog, tirou suas fotos da rede e entrou
em crise de pânico. "Tinha medo de sair de casa e ficava desconfiada com qualquer coisa."
Rosana Hermann, 50, autora
do Querido Leitor (www.queridoleitor.zip.net), que
recebe cerca de 10 mil visitas
por dia, tornou-se, recentemente, "refém" do seu blog.
"Um cara entra no meu blog e
deixa comentários atacando judeus, negros e gays", diz.
"Já fui prejudicada no âmbito profissional por conta dos
ataques. Decidi procurar um
advogado para entrar com uma
ação contra o autor dos comentários", afirma.
Por dentro da lei
Em casos de violação de privacidade, o usuário deve partir
para a ação preventiva, como
explica o advogado Renato Opice Blum, especialista em direito eletrônico. "O importante é
preservar as provas, para que a
pessoa lesada tenha direito à
uma indenização e, se necessário, dê entrada em um procedimento criminal", afirma.
Segundo ele, quem identifica
uma foto íntima em um site deve dar um print screen (tirar
uma cópia) na tela, imprimir a
foto e chamar testemunhas para visualizar o conteúdo. Em
seguida, a pessoa deve procurar
uma cartório para fazer um documento que comprove a existência da situação, mesmo que
a foto saia do ar.
Para finalizar o processo, o
usuário vai precisar de informações dos provedores de
acesso à internet -esse procedimento tem que ser feito com
rapidez, pois os provedores têm
diferentes prazos de armazenamento de dados.
(DANIELA ARRAIS)
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