São Paulo, quarta-feira, 14 de novembro de 2007

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reportagem de capa
Exposição on-line traz riscos ao usuário

CONEXÕES Mãe foi surpreendida por foto de filho em site de pedofilia; blogueiras lidam com ataques constantes a seus sites

DA REPORTAGEM LOCAL

A socióloga Renata (nome fictício), 31, costumava colocar fotografias da família no Orkut. Até que foi surpreendida: copiaram fotos de seu filho, de um ano, e as colocaram em um site estrangeiro de pedofilia.
"Mandaram o link para que eu visse aquilo. Mandaram para meus amigos também. Foi horrível. Me senti péssima, culpada. Não tinha prestado atenção que corria esse risco ao colocar a foto de um menor de idade no Orkut", lembra.
As fotos logo foram tiradas do ar, a partir de um pedido feito pela socióloga no próprio site. "Não quis fazer denúncia à polícia, pois achava que iria expor ainda mais o meu filho."
Ao disponibilizar informações pessoais na internet, o usuário corre riscos, que vão de roubos de senhas de banco e de números de cartão de crédito a casos mais extremos, como o ataque de pedófilos.
"Há muita informação on-line colocada pelos próprios usuários, que muitas vezes não se dão conta dos riscos que correm. Se dados sobre sua vida pessoal caem nas mãos de pessoas erradas, o problema pode se tornar enorme", afirma Lauren Weinstein, especialista em privacidade e co-fundador do People for Internet Responsability, grupo que discute regulações da internet.
A médica Amanda, 29, mantém blogs há seis anos e já se meteu em "roubadas". "Vou escrevendo sobre minha vidinha e acho que ninguém se interessa por "umbiguismos" alheios. Mas sempre tem gente que se interessa por qualquer coisa."
O episódio que lhe rendeu um grande transtorno começou com a interação na caixa de comentários do blog. "O cara deixava os comentários mais surtados. Nos e-mails, começou a contar de doenças psiquiátricas e "hospedagens" em clínicas para tratamento. Acessava a página 50 vezes por dia (eu via pelo IP) e, belo dia, disse que estava indo para Recife me encontrar, pois ele era tudo o que eu precisava", lembra.
A médica pediu transferência do emprego, fechou o blog, tirou suas fotos da rede e entrou em crise de pânico. "Tinha medo de sair de casa e ficava desconfiada com qualquer coisa."
Rosana Hermann, 50, autora do Querido Leitor (www.queridoleitor.zip.net), que recebe cerca de 10 mil visitas por dia, tornou-se, recentemente, "refém" do seu blog. "Um cara entra no meu blog e deixa comentários atacando judeus, negros e gays", diz.
"Já fui prejudicada no âmbito profissional por conta dos ataques. Decidi procurar um advogado para entrar com uma ação contra o autor dos comentários", afirma.

Por dentro da lei
Em casos de violação de privacidade, o usuário deve partir para a ação preventiva, como explica o advogado Renato Opice Blum, especialista em direito eletrônico. "O importante é preservar as provas, para que a pessoa lesada tenha direito à uma indenização e, se necessário, dê entrada em um procedimento criminal", afirma.
Segundo ele, quem identifica uma foto íntima em um site deve dar um print screen (tirar uma cópia) na tela, imprimir a foto e chamar testemunhas para visualizar o conteúdo. Em seguida, a pessoa deve procurar uma cartório para fazer um documento que comprove a existência da situação, mesmo que a foto saia do ar.
Para finalizar o processo, o usuário vai precisar de informações dos provedores de acesso à internet -esse procedimento tem que ser feito com rapidez, pois os provedores têm diferentes prazos de armazenamento de dados. (DANIELA ARRAIS)


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