São Paulo, quarta-feira, 15 de julho de 2009

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Prática reprisa velha batalha entre gerações, diz psicoterapeuta dos EUA

Divulgação
Vanessa Hudgens, que foi vítima de exposição na internet

BRUNO ROMANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM BERKELEY

O atual modismo do sexting -ato de compartilhar, com auxílio tecnológico, imagens do próprio corpo com pouca roupa- reprisa a velha batalha entre gerações, na qual os mais novos aprendem como a sua sexualidade assusta os mais velhos. Pelo menos, essa é a avaliação de Marty Klein, psicoterapeuta especialista em educação sexual, que atua em Palo Alto, Califórnia.
Com opinião semelhante, Richard Chalfen, professor de antropologia e membro do Centro para Mídia e Saúde Infantil da Escola de Medicina de Harvard, afirma que alguns jovens estão forçando a barra ao capturar imagens do corpo, pois sabem que o fenômeno é um assunto do momento.
Nos EUA, desde o suicídio da jovem Jesse Logan, há um ano, a mídia vem seguindo de perto o tema. O ex-namorado de Logan, depois do final do relacionamento, divulgou fotos dela nua. Isso teria colocado a garota em depressão profunda.

Celebridades
A mania de autoexposição ilimitada (ou quase) ganha espaço também no mundo das celebridades, que aderem ao pelados 2.0.
Nos EUA, ficaram famosos os casos de Vanessa Hudgens, atriz de "High School Musical", e Adrienne Bailon, integrante do Cheetah Girls, grupo musical jovem da Disney. Ano passado, as duas tiraram fotos seminuas para seus namorados que acabaram na rede após terem seus computadores supostamente roubados.
Para Chalfen, o modismo não é surpresa, dado que os jovens têm "muita dificuldade em prever as consequências dos seus atos". Ou seja, eles não imaginam que o parceiro de hoje possa ser o vilão de amanhã.
Historicamente, pais e educadores apontam seu dedo acusador para a mídia como uma das responsáveis por novos fenômenos ligados à sexualidade dos jovens. Hoje em dia, porém, o grupo não é apenas consumidor de tabloides, "reality shows" ou qualquer coisa que capture a privacidade alheia.
O problema -ou a novidade- é que celulares, câmeras digitais e internet permitem que as pessoas sejam os seus próprios paparazzi -fotografando a si mesmas e a outros em situações privadas e colocando as imagens na rede.
Chalfen explica que as gerações mais novas são "nativos digitais". Ou seja, os jovens dos dias atuais cresceram acostumados a terem suas vidas mediadas pela tecnologia o tempo todo. Ele diz que "celulares com câmeras não estão apenas inseridos na vida do jovem, mas são parte de sua identidade". O professor, porém, lembra que apenas uma minoria pratica sexting.
O que não significa que não haja problemas, como o drama de Logan. Para que casos semelhantes não se repitam, a dica de Marty Klein é o "use com responsabilidade". Klein diz que os pais devem ensinar os filhos a terem sentimentos sexuais e pensarem claramente ao mesmo tempo, tendo ciência dos seus atos.


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