São Paulo, quarta-feira, 16 de maio de 2007

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Reportagem de capa

Poder da Microsoft esmaga concorrência

DOMÍNIO - Sistema Windows equipa 90% dos PCs do mundo, e empresa de Gates é acusada de abusar ilegalmente de sua força

KÁTIA ARIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Você provavelmente já ouviu alguém dizer frases como "a Microsoft é do mal" ou "eu odeio a Microsoft". Nas comunidades virtuais e nos escritórios não são raras as manifestações de raiva contra a maior empresa de soft-ware do mundo. Mas o que provoca a ira de tantas pessoas?
Uma das razões é o próprio gigantismo da empresa, segundo o professor Adrian Kemmer Cernev, do departamento de informática da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP). "Como é líder, ela impõe preços altos em seus produtos", diz.
A Comissão Européia está ameaçando multar mais uma vez a Microsoft por cobrar preços abusivos das empresas que necessitam de informações para desenvolver produtos compatíveis com o Windows.
As estratégias de negócio agressivas também contribuem para a imagem negativa da empresa, afirma o professor da FGV. Como exemplo, ele cita o episódio da guerra dos navegadores Internet Explorer, da Microsoft, e Netscape, na década de 1990.
A Justiça norte-americana condenou a Microsoft por concorrência desleal, pois a empresa embutia o seu navegador no Windows. O programa não podia ser desinstalado sem provocar problemas e havia dificuldades para instalar o Netscape.
A Sun Microsystems e a RealNetworks também travaram batalhas judiciais contra a Microsoft, novamente acusada de práticas anticompetitivas.
A própria figura do co-fundador da empresa, Bill Gates, irrita algumas pessoas. Uma busca no Google, com a expressão "I hate Bill Gates" traz 656 páginas.
As brechas de segurança do Windows, que abrem espaço para vírus e softwares nocivos, são outro motivo de crítica. "Abandonei o Windows porque ele abria espaço para invasores", diz o designer Orlando Colacioppo. Na sua casa e no seu escritório, ele só utiliza computadores com Mac OS, da Apple. "É um sistema mais fácil de usar e estável", diz.
O engenheiro Abel Alves, que utiliza vários sistemas operacionais, diz que não ama nem odeia a Microsoft. Porém, observa que são pessoas com mais conhecimento técnico que torcem o nariz para a empresa. "Queremos softwares tecnicamente perfeitos, mas a Microsoft apresenta erros em seus programas", diz.
Sem dúvidas, o grupo que mais se exalta contra Microsoft é o dos defensores do software livre. Cleverson Zampieri, instrutor da escola de treinamentos de tecnologia Impacta, só utiliza o Linux, assim como seus parentes e os seus amigos. "Apoiar a Microsoft é apoiar o monopólio", diz.
Alexandre Oliva, secretário da Fundação Software Livre América Latina, defende que a Microsoft permita o acesso ao código fonte de seus programas.
"Todo usuário deve ter liberdade de estudar e adaptar o software às suas necessidades, para não se tornar escravo do fornecedor", diz.


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