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Casais se encontram na navegação a dois
SARA LEDWITH
DA REUTERS
Um homem e uma mulher
estão sentados lado a lado em
um café de Nova York, bebendo
cerveja e comendo, mas sem dizer uma palavra. Em vez de baterem papo, eles digitam, em
um laptop, comentários sobre
as músicas tocadas em um iPod
que compartilham.
"Ao percebermos que a comunicação por meio da digitação era muito mais confortável,
tivemos um encontro sem falar
nada. Nós passávamos o fone
de ouvido de um lado para o outro e pedíamos cerveja, vinho e
mais comida. A garçonete pensou que fôssemos doidos" , escreveu a cantora Amanda
Palmer no site www.dresdendolls.com/diary.
À medida que a internet evolui -com suas webcams, iPods,
serviços de mensagem instantânea, banda larga, conexões
Wi-Fi e blogs-, deixa de lado
sua fama de destruidora de relacionamentos.
Agora, começa a surgir um
padrão de comportamento sociável entre os internautas: navegar em casal pela rede mundial de computadores.
A expressão "navegar a dois",
cunhada por blogueiros que
responderam a uma coluna da
versão on-line da revista "Wired" (www.wired.com/news/columns/0,71074-0.html), descreve o hábito dos
"netaholics" (viciados na net)
ou "infomaniacs" (maníacos
por computador) de navegar
um ao lado do outro - realizando juntos uma atividade antes considerada solitária.
"É difícil comunicar coisas
como imagens, sons e URLs
por meio da fala", escreve em
seu blog Nick Currie, conhecido como iMomus (imomus.livejournal.com/199557.html). O blog atraiu mais de
200 contribuições, revelando
uma vasta gama de usos da internet por casais.
Mas, como acontece na vida
real, em que os interesses das
pessoas nem sempre combinam, os casais que não compartilham do que um blogueiro
chamou de "o mesmo mundo
geek" podem ter desentendimentos ao navegarem juntos.
Mesmo entre os geeks -ou
"os eletroconvertidos do
amor", como os apelidou o blogueiro Tim H.-, questões como as da privacidade e da intimidade criam tensões.
O Relate, maior órgão de
aconselhamento amoroso da
Grã-Bretanha, diz que um em
cada dez casais que o procuram
em busca de ajuda enfrenta algum tipo de problema relacionado com os computadores, e
esse tipo de caso parece estar
se tornando cada vez mais comum.
Denise Knowles, uma conselheira da Relate, lembra que a
internet é, com freqüência, um
veículo, mas não a causa do
problema.
"A internet chamou a atenção para ou trouxe à tona dificuldades nos relacionamentos
que poderiam ter passado despercebidas se não houvesse um
computador em casa", afirmou.
Tradução de Rodrigo Campos Castro
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