São Paulo, quarta-feira, 16 de agosto de 2006

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Casais se encontram na navegação a dois

SARA LEDWITH
DA REUTERS

Um homem e uma mulher estão sentados lado a lado em um café de Nova York, bebendo cerveja e comendo, mas sem dizer uma palavra. Em vez de baterem papo, eles digitam, em um laptop, comentários sobre as músicas tocadas em um iPod que compartilham. "Ao percebermos que a comunicação por meio da digitação era muito mais confortável, tivemos um encontro sem falar nada. Nós passávamos o fone de ouvido de um lado para o outro e pedíamos cerveja, vinho e mais comida. A garçonete pensou que fôssemos doidos" , escreveu a cantora Amanda Palmer no site www.dresdendolls.com/diary. À medida que a internet evolui -com suas webcams, iPods, serviços de mensagem instantânea, banda larga, conexões Wi-Fi e blogs-, deixa de lado sua fama de destruidora de relacionamentos. Agora, começa a surgir um padrão de comportamento sociável entre os internautas: navegar em casal pela rede mundial de computadores. A expressão "navegar a dois", cunhada por blogueiros que responderam a uma coluna da versão on-line da revista "Wired" (www.wired.com/news/columns/0,71074-0.html), descreve o hábito dos "netaholics" (viciados na net) ou "infomaniacs" (maníacos por computador) de navegar um ao lado do outro - realizando juntos uma atividade antes considerada solitária. "É difícil comunicar coisas como imagens, sons e URLs por meio da fala", escreve em seu blog Nick Currie, conhecido como iMomus (imomus.livejournal.com/199557.html). O blog atraiu mais de 200 contribuições, revelando uma vasta gama de usos da internet por casais. Mas, como acontece na vida real, em que os interesses das pessoas nem sempre combinam, os casais que não compartilham do que um blogueiro chamou de "o mesmo mundo geek" podem ter desentendimentos ao navegarem juntos. Mesmo entre os geeks -ou "os eletroconvertidos do amor", como os apelidou o blogueiro Tim H.-, questões como as da privacidade e da intimidade criam tensões. O Relate, maior órgão de aconselhamento amoroso da Grã-Bretanha, diz que um em cada dez casais que o procuram em busca de ajuda enfrenta algum tipo de problema relacionado com os computadores, e esse tipo de caso parece estar se tornando cada vez mais comum. Denise Knowles, uma conselheira da Relate, lembra que a internet é, com freqüência, um veículo, mas não a causa do problema. "A internet chamou a atenção para ou trouxe à tona dificuldades nos relacionamentos que poderiam ter passado despercebidas se não houvesse um computador em casa", afirmou.


Tradução de Rodrigo Campos Castro


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