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Portal que conecta 24 etnias ganha fôlego com produções audiovisuais
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DA ALDEIA ITAPOÃ (BA)
A recente produção de conteúdos por meio de celular
trouxe ânimo novo ao projeto
Índios Online. A rede virtual,
que há cinco anos tem conectado índios e aldeias de todos os
cantos do país, reúne na rede
atualmente 24 etnias. E com a
recente produção em vídeo, a
previsão é que a participação
cresça ainda mais.
"A história e a realidade dos
indígenas durante muito tempo foi contada apenas por antropólogos e outros pesquisadores, mas raramente por eles
próprios", afirma Sebastian
Gerlic, da ONG Thidewas, responsável pelo projeto.
Segundo Gerlic, a rede surgiu
como uma alternativa para o
fortalecimento dessas comunidades, dispersas e distantes de
suas raízes culturais. Oficialmente, o projeto Índios Online
deu seus primeiros passos em
2004, em sete comunidades do
Nordeste do país, mas o processo de gestação envolveu algumas etapas anteriores. Tudo
começou com uma série de oficinas que buscava incentivar e
capacitar indígenas a contar
suas próprias histórias.
"Os índios se revezavam com
dificuldade na utilização de
minguados gravadores e algumas poucas câmeras digitais".
Apesar dos entraves, a experiência resultou na publicação,
em 2001, dos quatro primeiros
livros da coleção "O Índio na
Visão do Índio".
No ano seguinte, com a adesão de novas aldeias e já com
câmeras e gravadores digitais,
começaram a produção de uma
nova série com outras três publicações, lançadas em 2003.
Da vivência pioneira, brotou a
vontade de criar um espaço virtual de criação e intercâmbio,
concretizada em 2004, com o
início da rede Índios Online.
Coordenada de forma autônoma, a rede é hoje turbinada
pelo conteúdo produzido no
projeto Celulares Indígenas.
Segundo estimativas da Thidewas, o projeto alcança mais de
50 mil pessoas. "Em textos, fotos e vídeos, os indígenas mostram um perfil de suas culturas,
arquivam memórias e partilham conhecimentos".
Outro serviço oferecido pela
rede é um chat, utilizado para
comunicação com outras aldeias acerca de problemas das
comunidades ou para ações
educacionais com escolas.
Embora seja difícil dimensionar o alcance real da iniciativa, parece fato que um número
expressivo de indígenas que até
então fazia parte das estatísticas de exclusão social e dos piores índices de desenvolvimento
humano do Brasil, passa a reescrever seu futuro. "Estão começando a quebrar um ciclo de
miséria por meio da internet",
avalia Gerlic.
(CM)
O jornalista CARLOS MINUANO viajou a convite
do Instituto Oi Futuro.
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