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entretenimento
Enxurrada de som e vídeo
Eric Klinker, executivo-chefe da BitTorrent, fala do consagrado protocolo de compartilhamento de arquivos
AMANDA DEMETRIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Eric Klinker é o típico geek
norte-americano. Simpático,
meio sem jeito, mas bem-humorado, conversou com a Folha direto de San Francisco sobre o seu trabalho na BitTorrent (www.bittorrent.com).
A empresa mantém o protocolo de troca de arquivos de mesmo nome, que tem, pelo menos, 70 milhões de usuários ativos por mês, segundo Klinker.
O executivo chegou ao Brasil
ontem e dá palestra amanhã no
Web Expo Fórum (www.webexpoforum.com.br). Segundo ele, o assunto deve girar em
torno das oportunidades criadas pelas mídias digitais.
FOLHA - Quais são as maiores
ameaças ao BitTorrent atualmente?
ERIC KLINKER - Somos um negócio pequeno e, nesses casos, várias coisas podem dar errado,
mas não acho que existam
ameaças específicas. Nós queremos nos assegurar de que
continuaremos inovando e melhorando a tecnologia. A inovação tecnológica é uma ameaça
para todos os negócios que
existem, mas nós também estamos entre duas grandes indústrias, a de provedores de internet e a de mídia. Nós tivemos
grandes progressos com a indústria de provedores no último ano, reconstruindo o protocolo de transporte do BitTorrent para que ele seja mais amigável para a rede. Agora, estamos focados em dar oportunidades para a indústria do entretenimento e das mídias.
FOLHA - Melhorou a relação de vocês com a Justiça e os artistas?
KLINKER - A relação com a Justiça e com os artistas melhorou. Nos esforçamos bastante
para criar um diálogo com a indústria produtora de conteúdo.
Ao longo do processo, desenvolvemos boas relações com
grandes estúdios de Hollywood
e fomos apresentados a novos
produtores, como a indústria
de games. Cada vez mais, vários
artistas veem uma oportunidade no BitTorrent e não uma
ameaça, ou eles reconhecem
que existe um desafio a ser superado. Isso é bom. As relações
melhoraram, mas não quer dizer que elas sejam ótimas.
FOLHA - Você tem números de
quantas pessoas usam o formato
BitTorrent para compartilhar?
KLINKER - Nós sabemos de uma
parcela pequena do que ocorre,
porque existem vários clientes
de BitTorrent espalhados pelo
mundo. No geral, temos aproximadamente 70 milhões de
usuários ativos todo mês. E isso está espalhado. É um mercado grande na Europa, na América do Sul, na América do Norte. Na Ásia, é menor.
FOLHA - Como a empresa lida com
as questões de direitos autorais?
KLINKER - A tecnologia é o meio
de tráfego de dados e os direitos
autorais são uma camada acima disso. A tecnologia não sabe, não pode distinguir. O desafio para os direitos autorais está
nos sites que publicam e disponibilizam conteúdo ilegal, e não
no protocolo.
FOLHA - Qual sua aposta para o futuro da indústria da diversão?
KLINKER - Eu acho que os modelos de negócio vão se adaptar
às realidades da internet. É
muito difícil controlar uma mídia, uma vez que ela tenha sido
lançada. Estão surgindo modelos de negócio criativos que separam distribuição e monetização. Os jogos on-line são um
bom exemplo, nos quais as pessoas são livres para jogar, mas
existem oportunidades de ganhar dinheiro dentro da experiência. Eu acho que outros formatos vão seguir essa direção
no processo de fazer os produtos de mídias mais populares
do que nunca.
FOLHA - Qual porcentagem do uso
do site de vocês envolve troca de arquivos legítima (dentro da lei)?
KLINKER - Não sabemos, temos
muito cuidado com questões
de privacidade. Isso seria como
se o seu navegador monitorasse tudo o que você faz e guardasse os dados.
FOLHA - Como você vê o futuro do
compartilhamento de arquivos? A
música por streaming é um adversário do BitTorrent?
KLINKER - Talvez. Existem vários novos serviços, mas, por
agora, parece existir algo
atraente em fazer o download e
poder consumir o objeto no tocador e quando o usuário escolher. Mas não há dúvidas de
que existem mais opções de entretenimento do que nunca, incluindo categorias novas como
as redes e os games sociais.
FOLHA - Quais são os desafios a serem superados no desenvolvimento
do protocolo BitTorrent?
KLINKER - Olhando para o futuro, nós precisamos continuar
explorando jeitos de tornar o
protocolo mais amigável para a
rede. Se isso depende de algum
tipo de política de mecanismo
ou algo do tipo, ainda precisamos saber. Os operadores das
redes deveriam buscar maneiras de estimular esse desenvolvimento. Algo como descontos
no serviço de internet, talvez.
Também procurando maneiras
de dar valor aos criadores de
conteúdo de outra forma, além
do desafio tecnológico. Novos
modelos de negócio estão evoluindo e estou encorajado pelo
progresso feito por alguns experimentalistas como a banda
Radiohead. Outros seguirão.
FOLHA - Você sabe quanto a tecnologia BitTorrent move pela rede?
KLINKER - Nossa tecnologia move mais de um Exabyte de dados a cada mês. Já que 1 Gbyte é
algo como 1 bilhão de bytes, estamos falando de aproximadamente 1 bilhão de Gbytes durante o mês.
FOLHA - Recentemente, administradores de um site de BitTorrent
grego foram presos. Qual o posicionamento da empresa?
KLINKER - Tenho que confessar
que não estou tão familiarizado
com as questões específicas
desse caso. Como eu não sou
um advogado, eu não teria a
opinião mais informada. No geral, acho que a lei tem dificuldades de acompanhar a inovação.
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