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Informática, 25, discute os novos rumos da tecnologia
RODOLFO LUCENA
EDITOR DE INFORMÁTICA
Há 25 anos, não existia a internet tal como a conhecemos
hoje. Não havia DVD nem telefone celular, muito menos câmera fotográfica digital. Os
computadores pessoais tinham
recém-nascido, mas já prenunciavam uma nova era para a vida das pessoas e das empresas:
a era da informática. Um novo
tipo de mercado começava a
surgir, prometendo aos indivíduos coisas que até então só
eram possíveis para governos
ou grandes empresas.
Foi quando nasceu o suplemento Informática da Folha,
pioneiro na grande imprensa
brasileira e uma das primeiras
publicações especializadas disponíveis no país.
"O caderno surgiu num impulso de antecipação do futuro,
e essa tem sido a sua principal
marca", diz o diretor de Redação da Folha, Otavio Frias Filho.
O pioneirismo e o próprio fato de tudo ser uma novidade
traziam desafios especiais para
os jornalistas encarregados da
produção e da edição.
"O que se sabia, e o jornal foi
ágil em perceber, é que uma
onda se aproximava -o Apple
II já existia, o Commodore vendia um número de unidades assombroso, e as especulações
sobre o futuro com a recém-chegada computação pessoal
beiravam muitas vezes a ficção
científica. Com a montagem da
equipe, muitas reuniões e sondagens no mercado, fomos afinando o projeto", diz o primeiro editor do caderno, José
Eduardo Mendonça.
Na quarta-feira 2 de março
de 1983, a primeira página da
Folha anunciou o lançamento
do caderno. "Este jornal inicia
hoje a publicação do suplemento semanal "Folha Informática", com seis páginas, abordando o que acontece no País e no
mundo nas áreas de áudio, vídeo, fotografia e computadores", começa o texto da chamada de capa.
O caderno também procurava, como hoje, oferecer ao leitor
dicas para comprar melhor e
usar melhor equipamentos e
serviços de alta tecnologia. Os
jogos eletrônicos, então videogames toscos, se comparados
aos que temos hoje, já eram tema de destaque no caderno, assim como as mudanças de comportamento provocadas ou estimuladas pelo advento de novas tecnologias.
Nesta edição, fazemos uma
rápido passeio pela trilha da
memória, sem deixar de buscar
discutir, como fizemos ao longo
de toda a história do caderno,
as perspectivas e os desafios
que o futuro apresenta para a
indústria, os cientistas e nós todos, cidadãos do mundo.
"A internet será
"o" sistema de comunicações por um certo
tempo. Nos próximos
anos, ela vai deixar de
ser notícia"
JIM CLARK
presidente e co-fundador da Netscape,
em maio de 1996
Inclusão digital dá chances a pobres, diz Gil
GUSTAVO VILLAS BOAS
DA REPORTAGEM LOCAL
"É preciso unir corações e
mentes nesse debate. Não é
para uma pessoa, um político, um artista, uma coisa
pontual. A internet é para todos, tem que ser democrática, transparente." Dessa forma o ministro da Cultura,
Gilberto Gil, explica qual o
significado do verso da música "Pela Internet", que o artista Gilberto Gil cantou em
1996: "Eu quero entrar na rede, promover um debate".
Em entrevista à Folha, por
telefone, Gil disse que os debates sobre a internet e a cultura digital têm que ser "democráticos", porque "a sociedade da informação está
na música, nas artes, na economia e também na ciência,
na agricultura, com as pesquisas em biogenética, está
em todas as áreas".
"Por isso, quanto mais
gente estiver na internet,
melhor. É preciso incluir
quem está desprotegido [financeiramente] e também
as culturas não-letradas do
Brasil, da África, da Ásia, que
não devem ser engolidas pela cultura de massa. A internet é um meio, e elas podem
sobreviver nela", diz Gil.
"Os governos têm interesse nisso, em levar a banda
larga a quem não tem, levar
para onde o mercado ainda
não olha. Foi feito em Paris,
e, no Brasil, está sendo feito,
principalmente, pelos governos municipais".
Gil também citou a ação
do Ministério da Educação,
que pretende levar conexão
de banda larga a 55 mil escolas públicas do Brasil.
"[Promover a inclusão digital] é uma chance que temos de largar na frente no
grid, disputarmos com os
países que estão normalmente na frente em ciência e
tecnologia. Por isso é importante o acesso aos computadores, o acesso à internet,
para que a África, a Ásia, o
Brasil se desenvolvam econômica, culturalmente, na
sociedade da informação como os países que estão tradicionalmente na ponta."
Leia mais no blog Circuito
Integrado (folha.com.br/circuitointegrado).
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