São Paulo, quarta-feira, 19 de março de 2008

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Informática, 25, discute os novos rumos da tecnologia

RODOLFO LUCENA
EDITOR DE INFORMÁTICA

Há 25 anos, não existia a internet tal como a conhecemos hoje. Não havia DVD nem telefone celular, muito menos câmera fotográfica digital. Os computadores pessoais tinham recém-nascido, mas já prenunciavam uma nova era para a vida das pessoas e das empresas: a era da informática. Um novo tipo de mercado começava a surgir, prometendo aos indivíduos coisas que até então só eram possíveis para governos ou grandes empresas.
Foi quando nasceu o suplemento Informática da Folha, pioneiro na grande imprensa brasileira e uma das primeiras publicações especializadas disponíveis no país.
"O caderno surgiu num impulso de antecipação do futuro, e essa tem sido a sua principal marca", diz o diretor de Redação da Folha, Otavio Frias Filho.
O pioneirismo e o próprio fato de tudo ser uma novidade traziam desafios especiais para os jornalistas encarregados da produção e da edição.
"O que se sabia, e o jornal foi ágil em perceber, é que uma onda se aproximava -o Apple II já existia, o Commodore vendia um número de unidades assombroso, e as especulações sobre o futuro com a recém-chegada computação pessoal beiravam muitas vezes a ficção científica. Com a montagem da equipe, muitas reuniões e sondagens no mercado, fomos afinando o projeto", diz o primeiro editor do caderno, José Eduardo Mendonça.
Na quarta-feira 2 de março de 1983, a primeira página da Folha anunciou o lançamento do caderno. "Este jornal inicia hoje a publicação do suplemento semanal "Folha Informática", com seis páginas, abordando o que acontece no País e no mundo nas áreas de áudio, vídeo, fotografia e computadores", começa o texto da chamada de capa.
O caderno também procurava, como hoje, oferecer ao leitor dicas para comprar melhor e usar melhor equipamentos e serviços de alta tecnologia. Os jogos eletrônicos, então videogames toscos, se comparados aos que temos hoje, já eram tema de destaque no caderno, assim como as mudanças de comportamento provocadas ou estimuladas pelo advento de novas tecnologias.
Nesta edição, fazemos uma rápido passeio pela trilha da memória, sem deixar de buscar discutir, como fizemos ao longo de toda a história do caderno, as perspectivas e os desafios que o futuro apresenta para a indústria, os cientistas e nós todos, cidadãos do mundo.

"A internet será "o" sistema de comunicações por um certo tempo. Nos próximos anos, ela vai deixar de ser notícia"


JIM CLARK
presidente e co-fundador da Netscape, em maio de 1996


Inclusão digital dá chances a pobres, diz Gil

GUSTAVO VILLAS BOAS
DA REPORTAGEM LOCAL

"É preciso unir corações e mentes nesse debate. Não é para uma pessoa, um político, um artista, uma coisa pontual. A internet é para todos, tem que ser democrática, transparente." Dessa forma o ministro da Cultura, Gilberto Gil, explica qual o significado do verso da música "Pela Internet", que o artista Gilberto Gil cantou em 1996: "Eu quero entrar na rede, promover um debate".
Em entrevista à Folha, por telefone, Gil disse que os debates sobre a internet e a cultura digital têm que ser "democráticos", porque "a sociedade da informação está na música, nas artes, na economia e também na ciência, na agricultura, com as pesquisas em biogenética, está em todas as áreas".
"Por isso, quanto mais gente estiver na internet, melhor. É preciso incluir quem está desprotegido [financeiramente] e também as culturas não-letradas do Brasil, da África, da Ásia, que não devem ser engolidas pela cultura de massa. A internet é um meio, e elas podem sobreviver nela", diz Gil.
"Os governos têm interesse nisso, em levar a banda larga a quem não tem, levar para onde o mercado ainda não olha. Foi feito em Paris, e, no Brasil, está sendo feito, principalmente, pelos governos municipais".
Gil também citou a ação do Ministério da Educação, que pretende levar conexão de banda larga a 55 mil escolas públicas do Brasil.
"[Promover a inclusão digital] é uma chance que temos de largar na frente no grid, disputarmos com os países que estão normalmente na frente em ciência e tecnologia. Por isso é importante o acesso aos computadores, o acesso à internet, para que a África, a Ásia, o Brasil se desenvolvam econômica, culturalmente, na sociedade da informação como os países que estão tradicionalmente na ponta."
Leia mais no blog Circuito Integrado (folha.com.br/circuitointegrado).


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