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reportagem de capa
Privacidade do usuário é tema polêmico
DEBATE >> Questões como anonimato na rede e registro de computadores estão abertas para participação da sociedade
DA REPORTAGEM LOCAL
Regular sem censurar, registrar usuários sem invadir a privacidade alheia, proibir o anonimato sem tolher a liberdade
de expressão. Lançado em outubro de 2009 pela equipe responsável do Ministério da Justiça, em parceria com a FGV-Rio, o Marco Civil tenta resolver essas questões.
No dia 8 de abril foi reaberto
o debate, com base na minuta
preliminar de anteprojeto de
lei, a partir das contribuições
recebidas na primeira fase.
Até aqui o debate promovido
via internet já atraiu mais de 37
mil visitas e cerca de 1.700 contribuições. Conheça alguns dos
pontos polêmicos do projeto no
quadro ao lado.
Durante o seminário "Marco
Civil da Internet no Brasil",
realizado pelo IDP (Instituto
Brasiliense de Direito Público),
o diretor de políticas públicas e
relações governamentais do
Google no Brasil, Ivo Correa,
defendeu a criação do Marco
Civil, em especial o artigo que
isenta os intermediários de culpa sobre o conteúdo gerado por
terceiros. Ivo afirmou que o
Google possui 1.500 ações judiciais no Brasil hoje, a maioria
relativa a conteúdos disponibilizados no Orkut.
"Em aproximadamente 45%
das ações, a empresa foi considerada culpada por conteúdos
com os quais o Google não tem
nada a ver. O Google não produz um centímetro de conteúdo, com exceção de mapas",
afirmou.
"Ninguém em sã consciência
criaria o Google, o Orkut ou o
Twitter no Brasil", diz Correa.
O coordenador do Marco Civil,
Guilherme de Almeida, concorda: "Para não matar a inovação
na internet, o projeto agora diz
que apenas a Justiça pode determinar a remoção".
Durante o mesmo seminário,
Gilmar Mendes, ex-presidente
e ministro do STF, disse temer
que a medida sobrecarregue a
Justiça. "É preciso discutir a judicialização, não negar acesso,
mas encontrar meios alternativos para que as pessoas só procurem os tribunais se necessário", afirmou.
Registro de IP
Cada computador tem um
número único, chamado de endereço IP (Internet Protocol).
De forma genérica, ele indica o
local de um computador na internet -mais ou menos o equivalente ao CEP de uma casa.
Gravar o endereço IP de uma
máquina pode ajudar a identificar um criminoso virtual
-mas, por outro lado, também
pode significar uma afronta à
privacidade do internauta. "É
uma questão ainda aberta do
Marco Civil" comenta Paulo
Rená, gestor do projeto.
Hoje em dia fica a cargo do
provedor a decisão de guardar
ou não as informações dos
usuários, assim como o período
durante o qual esses dados serão armazenados. O Marco Civil propõe um prazo máximo de
seis meses para esse arquivamento. Mas ainda não prevê
prazo mínimo nem sanções.
Anonimato
"Apenas o anonimato absoluto pode garantir a liberdade
de expressão" diz Frederico
Pandolfo, o maior comentarista do projeto.
No Marco Civil, a privacidade está garantida, mas o usuário terá seu IP gravado em servidores. Ou seja, não existirá
anonimato se o projeto for
aprovado com o texto de hoje.
(ALEXANDRE ORRICO)
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