NO LUGAR CERTO Marcar as fotos com informação geográfica serve a turistas e cientistas; aparelhos com a capacidade embutida começam a ficar populares

ANICK JESDANUN
DA ASSOCIATED PRESS

A fim de planejar uma caminhada pelos Alpes, John Higham analisou várias fotos em um mapa digital com a rota desejada em busca de pistas sobre o grau de dificuldade das trilhas e sobre a disponibilidade de acomodações. Diferentemente de outras fotos de turistas, as imagens eram marcadas com uma etiqueta geográfica -a geotag.
De posse de tais dados, Higham não precisou realizar buscas com intermináveis combinações de palavras-chave e nem adivinhar como os fotógrafos teriam descrito suas imagens nas legendas. Ao dar um zoom no mapa digital, encontrou fotos marcadas com a localização geográfica da via Alpina e teve uma idéia sobre a área.
"Antes de ir até um lugar, eu gosto de vê-lo e de estudá-lo", afirmou Higham, 47, da Califórnia, EUA. "Isso [o geotagging] me permite ver não apenas um mapa ou uma imagem de satélite, mas também o terreno real que desejo visitar." Essa é apenas uma das aplicações do geotagging, praticado hoje principalmente por adeptos das novas tecnologias e por fotógrafos profissionais, mas que promete tornar-se comum. Uma quantidade crescente de celulares e câmeras sai de fábrica com dispositivos GPS -localização global por satélite.

Utilidades
Se uma imagem vale por mil palavras, uma imagem com geotagging pode valer algumas centenas de palavras a mais. A partir de agora, os amantes da natureza conseguirão mapear os pássaros observados ou identificar geograficamente populações de focas. Os arqueólogos conseguirão marcar o local onde desenterraram esse ou aquele artefato.
Os turistas poderão deixar amigos e parentes embasbacados, tornando muito mais emocionante a exibição de fotos. "Quando se acrescenta um mapa a uma apresentação, acrescenta-se uma outra dimensão. A pessoa diz: "Eu fiz uma viagem pela China e percorri 8.000 quilômetros em um mês", e os outros vêem a rota", disse Andy Williams, diretor-geral da área de compartilhamento de fotos do site SmugMug.
Higham usou o geotagging para ajudar amigos e familiares a acompanharem sua jornada de um ano ao redor do mundo e uma viagem de rafting realizada mais tarde ao longo do rio Colorado.
Geralmente, um fotógrafo carrega um aparelho padrão de GPS que grava os dados de localização e altitude a cada alguns segundos. Essa informação então é comparada com o selo de hora de cada foto usando um programa como o RoboGEO, da Pretek.
Câmeras de alto padrão da Nikon e da Ricoh conectam-se diretamente a aparelhos de GPS. Já o PhotoFinder, da ATP Electronics, a ser lançado, escreverá as informações tiradas de um GPS diretamente no cartão de memória de uma máquina fotográfica. John Hanke, diretor de gerenciamento de produtos para os serviços de localização geográfica do Google, disse prever que um número crescente de fabricantes de câmera incluirá em suas máquinas o dispositivo de GPS tornando-o menos trabalhoso.
Dan Catt, engenheiro sênior de programação do Flickr, identifica nessa prática um potencial enorme, apostando que cada vez mais pessoas tomarão ciência dos GPS e do geotagging. "Caberá basicamente aos aparelhos de GPS existentes nos carros e nos telefones celulares chamarem a atenção das pessoas para os serviços baseados na localização geográfica", disse. "Isso nem mesmo passava pela cabeça das pessoas um ano atrás. Estamos ainda engatinhando."