São Paulo, quarta-feira, 21 de novembro de 2007

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internet

Diversidade e acesso são os focos dos debates sobre o futuro da rede

Durante fórum sobre governança da internet, palestrantes enfatizam pontos para inclusão digital

Ricardo Moraes/Associated Press
Mulher usa laptop durante o Fórum de Governança na Internet, na semana passada, no Rio


GUSTAVO VILLAS BOAS
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

A internet, que tem grande impacto na sociedade da informação, deve ser acessível para todo mundo. Para garantir o acesso universal -e incluir os 5 bilhões de humanos que ainda estão fora da rede- as idéias não são modestas.
Do acesso em banda larga universal à necessidade de se contemplar a produção on-line de culturas não letradas, os participantes do segundo Fórum de Governança da Internet, que aconteceu na semana passada no Rio de Janeiro, tentaram deixar claro o que significam palavras como diversidade, abertura e acesso.
David Aprasamy, representante do maior provedor da Índia, contou sobre sua experiência em um painel sobre a diversidade, presidido pelo ministro da Cultura Gilberto Gil. Ele resumiu o tom do evento: "[O próximo bilhão de pessoas on-line] deve ter conteúdo econômico, cultural e socialmente relevante em sua própria língua."
E, como grande parte dos palestrantes, Aprasamy deixou o discurso burocrático de lado para contar histórias sobre a inclusão digital. "Em uma vila da Índia, foi colocada internet e dito aos moradores para usá-la. Eles acordavam às 4h30 e acessavam, em uma estação meteorológica, imagens de satélite em busca do melhor lugar para pescar. Já saiam para o lugar certo", contou.
Monthian Buntan, da Associação Tailandesa de Cegos, enfatizou o tamanho do problema."As pessoas falam de diversidade de formas diferentes. Mas para mim e para outras 650 milhões de pessoas com deficiência, o termo é medido pelo grau de acessibilidade."
Buntam pediu mais esforços para que a rede acomode formas de comunicação como a linguagem de sinais. Para ele, por meio de conteúdo multimídia, isso é possível.
Para Gilberto Gil, a discussão deixou claro que a adaptação da internet para portadores de deficiência passa tanto pelo design de páginas acessíveis como de equipamentos físicos.
Gil também destacou o suporte a várias mídias na rede. Para o ministro, graças à importância do áudio on-line, "pela primeira vez nos tempos modernos nós temos ferramentas técnicas para a preservação das culturas orais no mundo". Por isso, segundo Gil, a rede é um ambiente propício para a preservação de alguns idiomas ameaçados de extinção. "Eles não são escritas. São apenas orais."

SABEDORIA
A "sabedoria das multidões". O termo foi um dos mais repetidos durante discussão sobre a qualidade e credibilidade do conteúdo da internet, no IGF.

WEB 2.0b
A expressão é uma forma mais clara de se referir ao motor da web 2.0, a rede produzida pelos usuários, cujo grande exemplo é a Wikipédia.

IGF PARALELO
No Circo Voador, casa de shows aos pés dos Arcos da Lapa, ocorriam eventos paralelos ao fórum. A informalidade do local contrastava com a sisudez do evento oficial, onde os participantes passavam por dois detectores de metais e tinham bolsas e malas revistadas atentamente por seguranças.

DIREITOS:

BRASIL E ITÁLIA PEDEM ESFORÇOS POR DECLARAÇÃO
O ministro da Cultura, Gilberto Gil, e Luigi Vimercati, subsecretário das Comunicações da Itália, assinaram termo que pede esforços para definir uma Declaração dos Direitos da Internet. O conteúdo dessa declaração abrangeria, também, princípios de mercado, como competição justa e direitos do consumidor. Durante a assinatura da carta, Gil citou a presença dos brasileiros no Orkut, "em segundo lugar, atrás apenas dos norte-americanos". Na verdade, os brasileiros têm, segundo dados do site, 53% de participação contra 18% de pessoas dos EUA, o segundo lugar.

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