São Paulo, quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

LIVROS

Portal apresenta no país seu programa de digitalização; contrato é analisado pela Câmara Brasileira do Livro

Google quer obras de editoras brasileiras

MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL

Se fosse um enredo literário, o projeto Google Books (books.google.com) renderia uma obra mista de suspense e ficção científica. Num dos programas mais ousados da internet, o portal deseja transformar livros de papel em conteúdo exibido na tela do computador e incorporar as páginas digitalizadas aos resultados das buscas feitas no Google.
Mas, por conta da polêmica sobre direitos autorais criada pelo projeto, o Google decidiu se empenhar em explicar melhor o que fará com as centenas de livros que estão sendo escaneados das bibliotecas das universidades de Harvard, de Stanford, de Michigan, de Oxford e da biblioteca pública de Nova York e com as obras obtidas com autores e editoras.

Brasil
Seguindo essa estratégia, o executivo responsável pelo Google Books, Marco Marinucci, esteve no Brasil no início deste mês dando entrevistas e participando de encontros com membros e órgãos da indústria literária.
"O programa não foi explicado o suficiente, pois o Google não investe em marketing -apesar de, curiosamente, viver da publicidade. Com isso, a interpretação do que está ocorrendo foi muito controversa", disse Marinucci em entrevista à Folha.
Sua visita também anuncia a participação brasileira no programa. Editoras e autores foram convidados a enviar suas obras digitalizadas para que sejam exibidas nos resultados das buscas do site.
"A reação foi positiva, as pessoas estavam muito curiosas sobre o projeto e houve espaço para debate e para o esclarecimento de dúvidas", disse Bernardo Gurbanov, vice-presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL, www.cbl.org.br), entidade com cerca de 500 associados, entre editoras, livrarias e distribuidoras, para a qual o Google Books fez uma apresentação. Cerca de 70 dos membros participaram do encontro, no qual foi apresentado o modelo de negócios do portal.
De acordo com a proposta do Google, os livros devem ser entregues integralmente ao Google Books, apesar de o portal prometer que não tornará todo o conteúdo disponível on-line.
"O uso dessa base de dados é preocupante, e é por isso que existe um contrato", explica Gurbanov. "Ele está sendo examinado pelo departamento jurídico da CBL, por profissionais especializados em direitos autorais que vão emitir um parecer", diz. "Os negócios, se ocorrerem, caberão aos editores e à empresa que apresenta o projeto, não à CBL", salientou o vice-presidente.
O Google pretende participar da 19ª Bienal do Livro de São Paulo, que ocorre entre 9 e 19 de março, embora sua presença ainda não tenha sido confirmada. Em outubro passado, o portal foi um dos participantes da Feira de Livros de Frankfurt, na Alemanha.

Independente
Nos EUA, projetos independentes têm buscado reproduzir o modelo do Google Books, colocando livros on-line gratuitos na rede e obtendo renda por meio da publicidade. Um dos mais recentes é o do autor Brude Judson, que publicou sua obra "Go it Alone! The Secret to Building a Sucessuful Business" no endereço www.brucejudson.com/frombook.html. Com links patrocinados, a página oferece leitura grátis e uma via alternativa aos produtores literários que não quiserem participar do acervo virtual do Google.


Texto Anterior: Diversão 3: PS3 poderá ser lançado só no segundo semestre
Próximo Texto: Executivo explica o projeto literário
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.