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LIVROS
Portal apresenta no país seu programa de digitalização; contrato é analisado pela Câmara Brasileira do Livro
Google quer obras de editoras brasileiras
MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL
Se fosse um enredo literário, o
projeto Google Books (books.google.com) renderia uma obra
mista de suspense e ficção científica. Num dos programas mais
ousados da internet, o portal deseja transformar livros de papel
em conteúdo exibido na tela do
computador e incorporar as páginas digitalizadas aos resultados
das buscas feitas no Google.
Mas, por conta da polêmica sobre direitos autorais criada pelo
projeto, o Google decidiu se empenhar em explicar melhor o que
fará com as centenas de livros que
estão sendo escaneados das bibliotecas das universidades de
Harvard, de Stanford, de Michigan, de Oxford e da biblioteca pública de Nova York e com as obras
obtidas com autores e editoras.
Brasil
Seguindo essa estratégia, o executivo responsável pelo Google
Books, Marco Marinucci, esteve
no Brasil no início deste mês dando entrevistas e participando de
encontros com membros e órgãos
da indústria literária.
"O programa não foi explicado
o suficiente, pois o Google não investe em marketing -apesar de,
curiosamente, viver da publicidade. Com isso, a interpretação do
que está ocorrendo foi muito controversa", disse Marinucci em entrevista à Folha.
Sua visita também anuncia a
participação brasileira no programa. Editoras e autores foram convidados a enviar suas obras digitalizadas para que sejam exibidas
nos resultados das buscas do site.
"A reação foi positiva, as pessoas estavam muito curiosas sobre o projeto e houve espaço para
debate e para o esclarecimento de
dúvidas", disse Bernardo Gurbanov, vice-presidente da Câmara
Brasileira do Livro (CBL, www.cbl.org.br), entidade com cerca
de 500 associados, entre editoras,
livrarias e distribuidoras, para a
qual o Google Books fez uma
apresentação. Cerca de 70 dos
membros participaram do encontro, no qual foi apresentado o
modelo de negócios do portal.
De acordo com a proposta do
Google, os livros devem ser entregues integralmente ao Google
Books, apesar de o portal prometer que não tornará todo o conteúdo disponível on-line.
"O uso dessa base de dados é
preocupante, e é por isso que existe um contrato", explica Gurbanov. "Ele está sendo examinado
pelo departamento jurídico da
CBL, por profissionais especializados em direitos autorais que
vão emitir um parecer", diz. "Os
negócios, se ocorrerem, caberão
aos editores e à empresa que apresenta o projeto, não à CBL", salientou o vice-presidente.
O Google pretende participar da
19ª Bienal do Livro de São Paulo,
que ocorre entre 9 e 19 de março,
embora sua presença ainda não
tenha sido confirmada. Em outubro passado, o portal foi um dos
participantes da Feira de Livros
de Frankfurt, na Alemanha.
Independente
Nos EUA, projetos independentes têm buscado reproduzir o modelo do Google Books, colocando
livros on-line gratuitos na rede e
obtendo renda por meio da publicidade. Um dos mais recentes é o
do autor Brude Judson, que publicou sua obra "Go it Alone! The Secret to Building a Sucessuful Business" no endereço www.brucejudson.com/frombook.html.
Com links patrocinados, a página
oferece leitura grátis e uma via alternativa aos produtores literários
que não quiserem participar do
acervo virtual do Google.
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