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MÍDIA
Apesar da audiência, diários virtuais têm receita baixa
Blogues ganham popularidade, mas não geram lucro aos autores
ELLEN SIMON
DA ASSOCIATED PRESS
Ao comentar as convenções políticas deste ano nos EUA, os diários virtuais (blogues) ganharam
visibilidade, mas, para a maioria
deles, o dinheiro ainda é escasso.
Se você pensa que os diários de
opinião são um meio para ficar rico, considere o caso de Jeff Soyer,
do Estado de Vermont. Soyer, que
administra o blogue Alphecca.
com, publicou uma nota pedindo
doações de US$ 10 aos visitantes
de seu site. Dias se passaram e ele
não conseguiu nada.
"Na próxima semana, o endereço deste site poderá pertencer a
uma página pornô", ele escreveu
depois. "Talvez vocês achem que
isso seria melhor. Eu também estou começando a pensar assim."
Foi só depois que outros blogues
divulgaram o pedido de Soyer que
ele conseguiu os US$ 117 necessários para pagar os custos anuais
da sua página.
Soyer não é o único autor de
blogue que não está rico. "Há uma
minúscula porcentagem de pessoas que conseguem se sustentar
com blogues", afirma Sreenath
Sreenivasan, que leciona mídia na
Columbia University.
Penúria
Andrew Sullivan, que foi editor
da revista "New Republic", tem
um blogue que é bastante popular
e aceita doações via cartão American Express e serviço de pagamentos PayPal e também divulga
um endereço para o envio de cheques. Outros autores de diários
virtuais apontam Sullivan como o
blogueiro com maiores chances
de sucesso financeiro.
Mas Sullivan afirma que se sustenta fazendo palestras e escrevendo artigos como free-lancer.
"Eu consegui pagar todas as minhas despesas, contratar um estagiário e me dar um minúsculo salário graças à generosidade dos
meus leitores", diz, mas ressalta
que "não poderia viver só do blogue e não acho possível que isso
ocorra no futuro próximo".
O dinheiro que circula pelos
blogues vai parar nas mãos de
poucos. A Turner Broadcasting
publicou anúncios em alguns blogues, e a Nike contratou uma empresa para criar um diário virtual
temporário.
Henry Copeland, dono do site
blogAds.com, diz que alguns dos
blogueiros representados por ele
chegam a ganhar US$ 120 mil por
ano com publicidade -ele não
revela quantos são- e afirma que
"dúzias" de outros faturam US$
1.000 mensais. Um de seus clientes mais famosos é Glenn Reynolds, um professor de direito
que criou o popular blogue de direita Instapundit.com.
Algumas empresas estão contratando blogueiros como funcionários. Um deles é o estudante
universitário Brian Stelter, cujo
diário TVNewser.com, que fala
sobre o mundo do jornalismo televisivo, foi comprado neste ano
pelo site Mediabistro.com, que é
um banco de empregos para jornalistas.
O salário "é bom, para um universitário", afirma Stelter, que recentemente escreveu uma reportagem exclusiva mostrando como
o canal de notícias MSNBC foi enganado por uma sátira postada na
internet. "Paga os meus estudos.
Se eu tivesse de me sustentar, não
daria certo. Eu espero não trabalhar como blogueiro para sempre.
Quero entrar no jornalismo."
A jornalista de economia Michelle Leder pode estar mais próxima da norma. Ela passa de duas
a três horas por dia no foot-
noted.org, que comenta os relatórios financeiros de empresas. Embora Leder tenha sido mencionada pelas revistas "Time" e "Business Week", isso não impulsionou as vendas de seu livro, que é
promovido pelo blogue. O diário
também não a ajudou a conseguir
emprego.
Para algumas pessoas, os blogues são um caminho para a mídia impressa. Julie Powell é uma
secretária que criou um diário comentando suas experiências com
livros de culinária. Depois que o
"New York Times" a descobriu,
ela fechou um contrato para escrever seu próprio livro.
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