São Paulo, quarta-feira, 22 de setembro de 2004

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MÍDIA

Apesar da audiência, diários virtuais têm receita baixa

Blogues ganham popularidade, mas não geram lucro aos autores

ELLEN SIMON
DA ASSOCIATED PRESS

Ao comentar as convenções políticas deste ano nos EUA, os diários virtuais (blogues) ganharam visibilidade, mas, para a maioria deles, o dinheiro ainda é escasso.
Se você pensa que os diários de opinião são um meio para ficar rico, considere o caso de Jeff Soyer, do Estado de Vermont. Soyer, que administra o blogue Alphecca. com, publicou uma nota pedindo doações de US$ 10 aos visitantes de seu site. Dias se passaram e ele não conseguiu nada.
"Na próxima semana, o endereço deste site poderá pertencer a uma página pornô", ele escreveu depois. "Talvez vocês achem que isso seria melhor. Eu também estou começando a pensar assim." Foi só depois que outros blogues divulgaram o pedido de Soyer que ele conseguiu os US$ 117 necessários para pagar os custos anuais da sua página.
Soyer não é o único autor de blogue que não está rico. "Há uma minúscula porcentagem de pessoas que conseguem se sustentar com blogues", afirma Sreenath Sreenivasan, que leciona mídia na Columbia University.

Penúria
Andrew Sullivan, que foi editor da revista "New Republic", tem um blogue que é bastante popular e aceita doações via cartão American Express e serviço de pagamentos PayPal e também divulga um endereço para o envio de cheques. Outros autores de diários virtuais apontam Sullivan como o blogueiro com maiores chances de sucesso financeiro.
Mas Sullivan afirma que se sustenta fazendo palestras e escrevendo artigos como free-lancer. "Eu consegui pagar todas as minhas despesas, contratar um estagiário e me dar um minúsculo salário graças à generosidade dos meus leitores", diz, mas ressalta que "não poderia viver só do blogue e não acho possível que isso ocorra no futuro próximo".
O dinheiro que circula pelos blogues vai parar nas mãos de poucos. A Turner Broadcasting publicou anúncios em alguns blogues, e a Nike contratou uma empresa para criar um diário virtual temporário.
Henry Copeland, dono do site blogAds.com, diz que alguns dos blogueiros representados por ele chegam a ganhar US$ 120 mil por ano com publicidade -ele não revela quantos são- e afirma que "dúzias" de outros faturam US$ 1.000 mensais. Um de seus clientes mais famosos é Glenn Reynolds, um professor de direito que criou o popular blogue de direita Instapundit.com.
Algumas empresas estão contratando blogueiros como funcionários. Um deles é o estudante universitário Brian Stelter, cujo diário TVNewser.com, que fala sobre o mundo do jornalismo televisivo, foi comprado neste ano pelo site Mediabistro.com, que é um banco de empregos para jornalistas.
O salário "é bom, para um universitário", afirma Stelter, que recentemente escreveu uma reportagem exclusiva mostrando como o canal de notícias MSNBC foi enganado por uma sátira postada na internet. "Paga os meus estudos. Se eu tivesse de me sustentar, não daria certo. Eu espero não trabalhar como blogueiro para sempre. Quero entrar no jornalismo."
A jornalista de economia Michelle Leder pode estar mais próxima da norma. Ela passa de duas a três horas por dia no foot- noted.org, que comenta os relatórios financeiros de empresas. Embora Leder tenha sido mencionada pelas revistas "Time" e "Business Week", isso não impulsionou as vendas de seu livro, que é promovido pelo blogue. O diário também não a ajudou a conseguir emprego.
Para algumas pessoas, os blogues são um caminho para a mídia impressa. Julie Powell é uma secretária que criou um diário comentando suas experiências com livros de culinária. Depois que o "New York Times" a descobriu, ela fechou um contrato para escrever seu próprio livro.


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