São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 2008

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reportagem de capa

Robô tem ares de ficção científica

ALTA TECNOLOGIA >> Máquina oferece visão em 3D; cirurgiões apontam alto custo como desvantagem

DA REPORTAGEM LOCAL

O cenário da sala cirúrgica remete à ficção científica. Com seus quatro braços robóticos, o sistema da Vinci é imponente.
Na extremidade de cada um dos braços gigantes, ficam minúsculas ferramentas que podem realizar cortes milimétricos ou dar pontos de costura em órgãos humanos.
Indicado para procedimentos cirúrgicos complexos em áreas da medicina como urologia e ginecologia, o robô é uma alternativa à cirurgia tradicional, chamada aberta, e à laparoscópica.
No Brasil, são poucos os hospitais que possuem o robô.
O primeiro foi inaugurado em março deste ano no Hospital Sírio-Libanês, que hoje tem duas dessas máquinas: uma para as cirurgias e outra para treinamento. Em junho, foi a vez do Hospital Israelita Albert Einstein. Junta-se ainda ao grupo o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, cujo robô deve ser instalado nos próximos dias. Os três ficam em São Paulo.
De acordo com os médicos ouvidos pela Folha, a maior desvantagem do sistema é seu alto custo: o robô é vendido ao hospital a cerca de US$ 2 milhões, além de ter uma taxa anual de manutenção de US$ 200 mil.
Feita fora de um convênio, uma cirurgia robótica pode custar ao paciente R$ 25 mil.
Para José Roberto Colombo Jr., médico do Albert Einstein, uma desvantagem técnica do robô é a ausência de resposta tátil, que, segundo ele, é compensada pela visão tridimensional em alta definição que o cirurgião tem no console.
Fabricado pela Intuitive Surgical, o robô da Vinci está em sua segunda geração.
A máquina, que tinha três braços, agora tem quatro, além de ter incorporado microfones para comunicação entre a equipe e uma ferramenta de desenho equipada com uma tela sensível ao toque. Um médico mais experiente com o robô pode traçar na tela uma linha para indicar o local onde um cirurgião em treinamento deve fazer um corte, por exemplo.
Além do cirurgião que opera a máquina no console, uma operação robótica geralmente envolve também outro médico, em contato direto com o paciente, um enfermeiro, um auxiliar e um anestesista.

Refinamento
Apesar de a cirurgia robótica seguir os mesmos princípios da tradicional, os médicos precisam passar por um treinamento específico antes de operar a máquina.
"O robô dá um refinamento da capacitação do cirurgião especialista", opina Joaquim José Gama Rodrigues, cirurgião de aparelho digestivo do Oswaldo Cruz.
"Em casos de tumores de laringe, de base de língua, antes tínhamos que desfigurar o rosto do paciente. Com o robô, isso não é necessário", afirma Ricardo Abdalla, cirurgião-geral e um dos responsáveis pelo centro de treinamento de cirurgia robótica do Sírio-Libanês.
Geraldino Martins, 65, e Vicente Rompinelli, 57, usaram a mesma expressão para descrever à Folha o resultado das cirurgias robóticas a que foram submetidos no Albert Einstein: "um sucesso". (RAFAEL CAPANEMA)


EVENTO - Começa nesta sexta-feira, em São Paulo, o World Robotic Symposium Latin America. Organizado pelo Hospital Israelita Albert Einstein e pelo Florida Hospital - Global Robotics Institute (EUA), o evento discutirá o uso de robôs em urologia, ginecologia e cirurgia geral. Haverá transmissões de cirurgias robóticas ao vivo.
www.einstein.br/robotics



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