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reportagem de capa
Robô tem ares de ficção científica
ALTA TECNOLOGIA >> Máquina oferece visão em 3D; cirurgiões apontam alto custo como desvantagem
DA REPORTAGEM LOCAL
O cenário da sala cirúrgica
remete à ficção científica. Com
seus quatro braços robóticos, o
sistema da Vinci é imponente.
Na extremidade de cada um
dos braços gigantes, ficam minúsculas ferramentas que podem realizar cortes milimétricos ou dar pontos de costura
em órgãos humanos.
Indicado para procedimentos cirúrgicos complexos em
áreas da medicina como urologia e ginecologia, o robô é uma
alternativa à cirurgia tradicional, chamada aberta, e à laparoscópica.
No Brasil, são poucos os hospitais que possuem o robô.
O primeiro foi inaugurado
em março deste ano no Hospital Sírio-Libanês, que hoje tem
duas dessas máquinas: uma para as cirurgias e outra para treinamento. Em junho, foi a vez
do Hospital Israelita Albert
Einstein. Junta-se ainda ao
grupo o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, cujo robô deve ser
instalado nos próximos dias. Os
três ficam em São Paulo.
De acordo com os médicos
ouvidos pela Folha, a maior
desvantagem do sistema é seu
alto custo: o robô é vendido ao
hospital a cerca de US$ 2 milhões, além de ter uma taxa
anual de manutenção de US$
200 mil.
Feita fora de um convênio,
uma cirurgia robótica pode
custar ao paciente R$ 25 mil.
Para José Roberto Colombo
Jr., médico do Albert Einstein,
uma desvantagem técnica do
robô é a ausência de resposta
tátil, que, segundo ele, é compensada pela visão tridimensional em alta definição que o
cirurgião tem no console.
Fabricado pela Intuitive Surgical, o robô da Vinci está em
sua segunda geração.
A máquina, que tinha três
braços, agora tem quatro, além
de ter incorporado microfones
para comunicação entre a equipe e uma ferramenta de desenho equipada com uma tela
sensível ao toque. Um médico
mais experiente com o robô
pode traçar na tela uma linha
para indicar o local onde um cirurgião em treinamento deve
fazer um corte, por exemplo.
Além do cirurgião que opera
a máquina no console, uma
operação robótica geralmente
envolve também outro médico,
em contato direto com o paciente, um enfermeiro, um auxiliar e um anestesista.
Refinamento
Apesar de a cirurgia robótica
seguir os mesmos princípios da
tradicional, os médicos precisam passar por um treinamento específico antes de operar a
máquina.
"O robô dá um refinamento
da capacitação do cirurgião especialista", opina Joaquim José Gama Rodrigues, cirurgião
de aparelho digestivo do Oswaldo Cruz.
"Em casos de tumores de laringe, de base de língua, antes
tínhamos que desfigurar o rosto do paciente. Com o robô, isso
não é necessário", afirma Ricardo Abdalla, cirurgião-geral e
um dos responsáveis pelo centro de treinamento de cirurgia
robótica do Sírio-Libanês.
Geraldino Martins, 65, e Vicente Rompinelli, 57, usaram a
mesma expressão para descrever à Folha o resultado das cirurgias robóticas a que foram
submetidos no Albert Einstein:
"um sucesso".
(RAFAEL CAPANEMA)
EVENTO - Começa nesta sexta-feira, em São Paulo, o World Robotic
Symposium Latin America. Organizado pelo Hospital Israelita Albert
Einstein e pelo Florida Hospital -
Global Robotics Institute (EUA), o
evento discutirá o uso de robôs em
urologia, ginecologia e cirurgia geral. Haverá transmissões de cirurgias robóticas ao vivo.
www.einstein.br/robotics
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