São Paulo, quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

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reportagem de capa

Google se ajeita para enfrentar Microsoft

BATALHA ÉPICA Gigante das buscas aposta em programas on-line, e empresa de Bill Gates, nos aplicativos tradicionais

DO "NEW YORK TIMES"

O crescente embate entre o Google e a Microsoft promete ser uma batalha empresarial de dimensões épicas. Uma batalha capaz de, provavelmente, determinar o futuro das duas empresas e a forma pela qual os consumidores e as empresas funcionarão, realizarão suas compras, se comunicarão e pautarão suas vidas digitais.
O Google aposta em um cenário no qual servidores remotos instalados em centros de dados seriam acessados via internet por uma série de aparelhos sem fios ou conectados por cabo -uma nuvem de máquinas, a computação cloud. A Microsoft também tem sua visão do futuro da rede, mas prevê um universo cujo centro gravitacional continuará firmemente ancorado em seus softwares para micros de mesa. Eis o conflito.
Em entrevista, o CEO do Google, Eric E. Schmidt, prefere manter-se na defensiva. Ao descrever uma manobra que a maior parte do setor interpreta como um ataque à Microsoft, o executivo esforça-se para dizer que não se trata disso.
"Não", afirmou Schmidt, não havia nenhum plano de derrubar a Microsoft quando, no começo de 2007, o Google lançou um pacote de softwares on-line, chamado Google Apps, que inclui serviços de agenda, processamento de texto e planilhas. São versões mais simples dos programas que integram o Office, da Microsoft.
Ainda assim, o Google Apps não representa nada mais do que o próximo e natural passo para oferecer maior capacidade computacional a seus usuários na internet, disse o CEO.
"Para a maior parte das pessoas, os computadores são máquinas complexas e pouco confiáveis", afirmou o executivo, referindo-se às panes e aos ataques de vírus. Se o Google conseguir prover os serviços via internet, então "a vida das pessoas melhorará bastante". A Microsoft não pretende ficar parada. A empresa já gastou bilhões de dólares tentando equiparar-se ao Google nas áreas de busca e anúncios pela internet. Até agora, no entanto, sem sucesso.
E as duas gigantes também se enfrentam em novos e promissores campos, tais como o de mapas pela rede, o de vídeo on-line e o de softs para celulares. "O modelo fundamental do Google passa por tentar alterar todas as regras do mundo do software", diz David B. Yoffie, professor da Faculdade de Administração Harvard. Se o Google for bem-sucedido, afirma Yoffie, "grande parte dos produtos fornecidos pela Microsoft hoje ficará obsoleta".
Na Microsoft, as declarações de Schmidt soam como gritos de guerra, mas apenas isso. Os programas tradicionais representam o grosso do faturamento da empresa, e os executivos dela consideram pura fantasia a possibilidade de 90% das atividades computacionais migrarem para a internet, como acredita Schmidt. "Claramente, com base no que o mercado é hoje e com base nas tendências do mercado, não há como fazer esse tipo de constatação", afirmou Jeff Raikes, presidente da divisão empresarial da Microsoft, que inclui os produtos do Office.
Segundo Raikes, a estratégia do Google representa um ataque não apenas mal direcionado como também arrogante. "O foco deles assenta-se sobre o interesse competitivo próprio. Trata-se de minar a Microsoft e não de oferecer aos clientes o que eles desejam", disse.


Tradução de RODRIGO CAMPOS CASTRO


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