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reportagem de capa
Google se ajeita para enfrentar Microsoft
BATALHA ÉPICA Gigante das buscas aposta em programas on-line, e empresa de Bill Gates, nos aplicativos tradicionais
DO "NEW YORK TIMES"
O crescente embate entre o
Google e a Microsoft promete
ser uma batalha empresarial de
dimensões épicas. Uma batalha
capaz de, provavelmente, determinar o futuro das duas empresas e a forma pela qual os
consumidores e as empresas
funcionarão, realizarão suas
compras, se comunicarão e
pautarão suas vidas digitais.
O Google aposta em um cenário no qual servidores remotos instalados em centros de
dados seriam acessados via internet por uma série de aparelhos sem fios ou conectados por
cabo -uma nuvem de máquinas, a computação cloud.
A Microsoft também tem sua
visão do futuro da rede, mas
prevê um universo cujo centro
gravitacional continuará firmemente ancorado em seus
softwares para micros de mesa.
Eis o conflito.
Em entrevista, o CEO do
Google, Eric E. Schmidt, prefere manter-se na defensiva. Ao
descrever uma manobra que a
maior parte do setor interpreta
como um ataque à Microsoft, o
executivo esforça-se para dizer
que não se trata disso.
"Não", afirmou Schmidt, não
havia nenhum plano de derrubar a Microsoft quando, no começo de 2007, o Google lançou
um pacote de softwares on-line, chamado Google Apps, que
inclui serviços de agenda, processamento de texto e planilhas. São versões mais simples
dos programas que integram o
Office, da Microsoft.
Ainda assim, o Google Apps
não representa nada mais do
que o próximo e natural passo
para oferecer maior capacidade
computacional a seus usuários
na internet, disse o CEO.
"Para a maior parte das pessoas, os computadores são máquinas complexas e pouco confiáveis", afirmou o executivo,
referindo-se às panes e aos ataques de vírus. Se o Google conseguir prover os serviços via internet, então "a vida das pessoas melhorará bastante".
A Microsoft não pretende ficar parada. A empresa já gastou
bilhões de dólares tentando
equiparar-se ao Google nas
áreas de busca e anúncios pela
internet. Até agora, no entanto,
sem sucesso.
E as duas gigantes também se
enfrentam em novos e promissores campos, tais como o de
mapas pela rede, o de vídeo on-line e o de softs para celulares.
"O modelo fundamental do
Google passa por tentar alterar
todas as regras do mundo do
software", diz David B. Yoffie,
professor da Faculdade de Administração Harvard. Se o Google for bem-sucedido, afirma
Yoffie, "grande parte dos produtos fornecidos pela Microsoft hoje ficará obsoleta".
Na Microsoft, as declarações
de Schmidt soam como gritos
de guerra, mas apenas isso. Os
programas tradicionais representam o grosso do faturamento da empresa, e os executivos
dela consideram pura fantasia
a possibilidade de 90% das atividades computacionais migrarem para a internet, como acredita Schmidt.
"Claramente, com base no
que o mercado é hoje e com base nas tendências do mercado,
não há como fazer esse tipo de
constatação", afirmou Jeff Raikes, presidente da divisão empresarial da Microsoft, que inclui os produtos do Office.
Segundo Raikes, a estratégia
do Google representa um ataque não apenas mal direcionado como também arrogante. "O
foco deles assenta-se sobre o
interesse competitivo próprio.
Trata-se de minar a Microsoft e
não de oferecer aos clientes o
que eles desejam", disse.
Tradução de RODRIGO CAMPOS CASTRO
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