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São Paulo, quarta-feira, 23 de abril de 2003

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PORTÁTEIS

Chip Transmeta Crusoe usa sistema engenhoso para estender autonomia de notebook; desempenho é prejudicado

Processador economiza energia, mas é lento

BRUNO GARATTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

A economia de energia está em voga no mercado de notebooks: recentemente, a Intel lançou a tecnologia Centrino, que traz como principal vantagem a autonomia proporcionada pelo novo chip Pentium M. Menos conhecido, mas igualmente sofisticado, o processador Transmeta Crusoe também é atraente do ponto de vista tecnológico.
O chip, que foi desenvolvido com a colaboração do finlandês Linus Torvalds, famoso por ter criado o sistema operacional Linux, adota uma estratégia radical para tentar economizar energia -a tecnologia Code Morphing.
Ela é complexa (www.transmeta.com/technology/architecture/codemorphing.html), mas, grosso modo, consiste no seguinte: o Crusoe condensa os dados antes de processá-los.
Como isso resulta em menos instruções individuais, o Crusoe precisa de menos transistores (circuitos) para funcionar. Com menos circuitos, o consumo de energia tende a ser menor. Esse truque também tem um lado ruim: leva tempo, ou seja, tende a reduzir a velocidade do chip.
A reportagem testou dois notebooks com o novo chip: um Casio MPC-205, de 500 MHz, e um Compaq TC1000, de 1 GHz.
Ultracompacta (22x19,3x2,1 cm), a primeira máquina não se destina a tarefas exigentes -serve, principalmente, para navegar na rede e escrever textos. Por isso, foi testada numa operação relativamente banal: transformar um CD de música em arquivos MP3.
Nessa tarefa, a performance do chip Crusoe de 500 MHz se mostrou medíocre: o processador ficou bem atrás de um Pentium III de 450 MHz. Infelizmente, a lentidão do chip Crusoe prejudica sensivelmente o uso do notebook Casio -a máquina engasga até nas tarefas mais simples (rolar o texto de um site, por exemplo), impondo demoras irritantes.
O Compaq TC1000 (R$ 10.499; www.hp.com.br) é um Tablet PC, ou seja, usa uma versão especial do sistema operacional Windows XP que aceita comandos a caneta.
Embora traga uma versão mais rápida do chip Crusoe, a máquina também teve desempenho ruim: ao comprimir vídeo, levou quase o dobro do tempo do que um chip Athlon de 1 GHz.
O Compaq não é tão lento quanto a máquina da Casio, mas a fraqueza do seu processador também se faz sentir em operações corriqueiras -ter algumas janelas abertas é o suficiente para que o uso da máquina fique difícil.
O desempenho é ruim, mas e a autonomia de energia do processador? Para descobrir, cada máquina foi testada em duas situações: exibição de apresentação do PowerPoint e navegação com audição de MP3 (veja quadro).
O laptop da Casio (R$ 14 mil; www.cweb.com.br) decepcionou nos dois testes: embora sua tela pequena -8,4 polegadas- devesse ajudar a reduzir ainda mais o consumo de energia, a bateria relativamente fraca restringiu a autonomia a níveis baixos.
No teste de navegação, o Compaq foi apenas adequado, mas se sobressaiu no teste de PowerPoint, com autonomia de 3h53min. Esse tempo é superior ao conseguido, em testes idênticos, com os laptops Dell D600 (2h03min) e IBM T40 (3h35min), que usam o novo processador Pentium M. Como o IBM usa uma bateria especial, de longa duração, a dianteira proporcionada pelo chip Crusoe impressiona.
De modo geral, o novo processador realmente economiza energia, mas sua performance fraca o torna contra-indicado.


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