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ENTREVISTA - STEFAN URBAT
política digital
Mais privacidade é tema de campanha do Partido Pirata
VIA ELEITORAL Na Alemanha, ativistas disputam o poder defendendo causas como o download livre e a transparência
Divulgação
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Urbat, 44, que diz ser um dos mais velhos no Piratepartei
AMANDA DEMETRIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Stefan Urbat tem 44 anos e se
diz um dos mais velhos do seu
partido, o Partido Pirata alemão. Mesmo "velho", passou
horas de pé, diante de uma bandeira do partido, conversando
com seus eleitores em uma
grande praça da cidade de
Stuttgart, na Alemanha.
Falando de ideias como
download livre e privacidade,
ele defende sua candidatura ao
Parlamento na Alemanha -as
eleições ocorrem no dia 27. É a
primeira vez que o Piratenpartei (nome do partido, em alemão) participa do pleito.
As eleições na Alemanha funcionam com um sistema misto.
São dois votos: um no candidato e um na legenda. Assim, 299
candidatos são escolhidos de
maneira direta e as outras 299
vagas ficam para os partidos.
Existe ainda uma regra que
limita a participação de partidos muito pequenos: qualquer
legenda só obtém representação se tiver um mínimo de 5%
dos votos em partidos.
Após um encontro rápido
com a reportagem de Folha em
Stuttgart, Urbat preferiu falar
por e-mail sobre seus planos
para o Parlamento alemão e o
crescimento do seu partido.
FOLHA - Quais são as suas reais
chances de ganhar?
STEFAN URBAT - Existe uma
chance pequena, mas real, de
nós conseguirmos os 5%. Temos cerca de 6% ou 8% de pessoas que nos dariam seu voto,
mas esse resultado pode variar
de 1% a 12%. No meu Estado,
Baden-Württemberg, somos
um total de seis candidatos. Estou concorrendo como candidato e pela lista.
FOLHA - Se você ganhar, o que pretende fazer no Parlamento alemão?
URBAT - Isso depende da entrada em alguma aliança. Nós queremos melhorar os direitos
fundamentais dos nossos cidadãos e cancelar muitas leis de
vigilância já em vigência. O que
queremos cancelar primeiro é a
retenção de dados forçada da
União Europeia, junto com a
censura à internet e a vigilância
dos computadores privados.
FOLHA - Na carta de declaração do
partido pirata, vocês defendem o
compartilhamento da produção cultural. O que pensam dos direitos dos
produtores?
URBAT - Os produtores deveriam ser mais justos: eles podem ser apoiados pelo Estado
ou viver com outros modelos
de pagamento, como o Jamendo (www.jamendo.com). Lá,
todas as músicas podem ser
baixadas gratuitamente (sob a
licença Creative Commons) e é
fácil para quem baixa fazer
doações aos artistas, se quiser.
FOLHA - Vocês também dizem ser
contra as câmeras na cidade. Como
acham que os problemas de segurança devem ser resolvidos?
URBAT - Existe uma demanda
por mais policiais. Eles podem
enxergar problemas em potencial e ser mais ativos quando reconhecerem algo de errado, ao
contrário das câmeras.
FOLHA - Qual é o seu ideal de transparência no governo?
URBAT - Todas as decisões do
Estado têm que ser tornadas
públicas. Tem que ser possível
obter informações sobre as leis,
que, por sua vez, têm que ser
criadas da melhor maneira para ajudar nesse propósito.
FOLHA - Você usa o Twitter para espalhar suas ações?
URBAT - Sim [www.twitter.com/stefan_urbat], alguns
piratas mais ativos usam o site,
e nós também o usamos para
divulgar o partido.
FOLHA - Como vocês enxergam a
internet?
URBAT - A internet tem a vantagem de poder ser colaborativa
de uma maneira rápida e estruturada.Todos, até os que não
são do partido, podem participar do nosso site colaborativo
(wiki.piratenpartei.de).
FOLHA - O Partido Pirata alemão
cresceu consideravelmente nos últimos anos. Como foi sua trajetória?
URBAT - Quando o partido foi
fundado, em setembro de
2006, eram 50 membros. Ainda
no mesmo mês, o número de
membros aumentou para 200,
incluindo eu. E o número foi
crescendo. Após a eleição dos
suecos no Parlamento europeu,
tudo mudou. Nas semanas seguintes, nos tornamos cerca de
2.700 e temos cem novos membros todas as semanas. A eleição alemã está chegando e pode
trazer outra expansão. De qualquer jeito, já somos o maior
partido alemão ainda sem representação no Parlamento.
FOLHA - Quais são os maiores problemas que você vê no seu partido?
URBAT - O crescimento rápido
nos últimos meses demandou
uma capacidade de organização, e temos que ter mais estrutura em cada região para dar
conta disso. Nós também precisamos aumentar o programa
do partido nas próximas eleições, para possibilitar possíveis
parcerias no Parlamento. E, é
claro, nossos eleitores merecem saber mais dos nossos planos, além do que já foi dito.
FOLHA - Como você disse, neste
ano, o Partido Pirata da Suécia conseguiu uma cadeira no Parlamento
europeu [instituição da União Europeia]. O que isso significou?
URBAT - Isso foi um grande sucesso de duas maneiras: foi
uma excelente divulgação para
nós e permitiu que o movimento do partido pirata fosse ouvido na Europa e dentro do próprio Parlamento europeu. Essa
instituição tomou algumas decisões de vigilância e aumento
dos direitos autorais no passado. Agora, nós podemos ir contra esses ataques de dentro.
Christian Engström [membro
do Partido Pirata que está no
Parlamento europeu] fala agora com os outros membros de
igual para igual.
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