São Paulo, quarta-feira, 24 de maio de 2006

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Consumo

Madeira esquenta visual informático

MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL

Num mundo em que o plástico reina há muito tempo, a madeira desponta como um material alternativo, capaz de inovar na criação de equipamentos de informática tradicionais.
Entalhes, detalhes, texturas e formatos inusitados levam o design dessas peças a uma fronteira curiosa, em que a tecnologia se une ao artesanato.
"É um lampejo retrô", classifica o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, Giorgi Giorgio Júnior. "A madeira é poderosamente simbólica, algo muito sofisticado", afirma o docente, relembrando o uso do material no painel de automóveis de ponta de linha. "Em alguns casos, é usado plástico imitando a textura da madeira, como um contact", exemplifica.
Mas, apesar de seu poder de sedução, o uso da madeira nesses equipamentos é acompanhado por uma série de problemas práticos. Uma das maiores limitações é a dificuldade de fabricar essas peças em escala industrial. "Isso faz com que a produção caia e, conseqüentemente, seu preço aumente", pondera o também professor da FAU-USP Robinson Salata. "Além disso, se comparada ao plástico, a madeira apresenta uma limitação de desenho bem maior", diz. Somado a isso, por trás da fabricação dessas peças está um complexo trabalho de usinagem, que encarece ainda mais a produção.
"É um diferencial para pessoas que querem colocar a sua marca no equipamento, assim como os penduricalhos que são usados no celular", compara a designer Claudia Moreira Salles. Segundo ela, além do alto preço, o uso da madeira traz outras desvantagens.
"Os objetos não terão a leveza oferecida pelo plástico e, com o tempo, algumas peças, como o mouse, podem ficar encardidas", diz, embora ressalte que, dependendo do tipo de madeira, o visual pode ser interessante. "A sensação de toque deve ser bem agradável", afirma a designer.
Ainda restritos a projetos de experimentação, esses equipamentos acabam sendo fruto da desenvoltura de seus criadores, como é o caso do case mod em estilo japonês do designer Nicholas Falzone.
Ele levou 300 horas produzindo a peça, a primeira do gênero já feita por ele. "Me sinto atraído pela arte da produção de mobília tradicional", diz o designer em seu site.


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