São Paulo, quarta-feira, 24 de julho de 2002

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MACWORLD

Possível fim da parceria com a Microsoft e suspeitas de fraude contábil atrapalham a Apple; lucros caem em 2002

Empresa passa por momento delicado

DE NOVA YORK

Nem tudo foi feira, festas e lançamentos para a Apple na semana passada. No mesmo dia em que Steve Jobs anunciava seus novos produtos, a Microsoft de Bill Gates ameaçava abandonar a parceria entre as duas empresas.
Segundo a Microsoft, a Apple não está fazendo todo o possível para aumentar as vendas do sistema operacional OS X. Cerca de 2,5 milhões de pessoas usam o soft.
A Microsoft acha pouco. E cita como exemplo as vendas de um pacote de programas para o sistema OS X, o Office v.X, cuja previsão de vendas no lançamento era de 750 mil cópias no primeiro ano. Vencido o prazo, menos de 300 mil unidades deixaram as lojas no mundo.
A Apple nega a falta de empenho. "A ansiedade da Microsoft em relação ao progresso de vendas do OS X está muito mal colocada, e o motivo pode ser encontrado na própria Microsoft", disse ao "The Wall Street Journal" Phil Schiller, vice-presidente de marketing mundial da Apple.

Queda nos lucros
O fim da parceria não teria consequências tão profundas caso a empresa de Cupertino, na Califórnia, não estivesse passando por um momento financeiro complicado. No começo da semana passada, a Apple reportou queda de 48% em seus lucros trimestrais.
Durante o terceiro trimestre fiscal de 2002, encerrado em 29 de junho, a empresa registrou lucro líquido de US$ 32 milhões, contra US$ 61 milhões no mesmo período de 2001. O faturamento foi de US$ 1,43 bilhão, ou 3% menor do que o obtido durante o mesmo período de 2001.
"Estamos investindo e vamos inovar até que superemos a fase de queda", desculpou-se Steve Jobs em seu discurso. "Quando a situação virar, estaremos em ótima posição." Ele disse que, mesmo com a instabilidade econômica mundial, a Apple continuou a ter lucro.
Jobs também disse que a atual onda de escândalos contábeis que atinge grandes empresas norte-americanas e deprime o mercado de ações o deixou "com vergonha de me definir como um homem de negócios pela primeira vez".
Para ele, no entanto, o mercado "exagerou" na reação à descoberta de que algumas empresas não contavam como despesa a opção de compra de ações dada a seus executivos, prática que, apesar de legal, vem sendo classificada como uma das bases da chamada "contabilidade criativa".
Há algumas semanas, a Folha teve acesso a um ranking reservado da agência Standard & Poor's que colocava a Apple entre as dez companhias campeãs em tal prática. Segundo a S&P, a diferença entre a receita declarada e a real da Apple em 2001 pode chegar a 1.003%. A empresa nega qualquer atividade ilegal.
(SÉRGIO DÁVILA)


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