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MENSAGENS FALSAS
Golpista nigeriano tenta aplicar golpes virtuais
DULUE MBACHU
DA ASSOCIATED PRESS
Dia sim, dia não, um robusto
e afável nigeriano de 24 anos,
que se intitula Kele B., vai a um
local de acesso à internet e lança sua isca nas águas cibernéticas. Ignorando totalmente as
placas na parede, que alertam
sobre as penas para fraudes via
rede, ele já mandou dezenas de
milhares de e-mails dizendo
aos destinatários que haviam
ganho cerca de US$ 6,4 milhões
numa suposta "Loteria Virtual" do governo britânico.
"Parabéns! Você é nosso feliz
ganhador!", diz o e-mail.
Até agora, diz Kele, ele recebeu apenas uma resposta, mas
afirma que valeu a pena. Um
americano mordeu a isca, pagou mais de US$ 5.000 em "taxas" e "impostos", e nunca
mais ouviu falar em Kele.
Em Lagos, na Nigéria, uma
comunidade de fraudadores
passa a madrugada na internet.
Durante o dia, eles vestem roupas modernas, pegam seus carros e vagam pelos locais de
acesso à rede trocando histórias sobre golpes bem sucedidos, e outros nem tanto.
Festac Town é o local onde
especialistas em comunicações
operam linhas telefônicas estrangeiras vendidas no mercado negro e conseguem, com a
ajuda dos golpistas, fingir que
estão ligando de qualquer cidade do mundo. Aqui agem os
criadores e fornecedores de
softwares como os "extratores
de e-mails", capazes de obter
na rede mundial de computadores, com facilidade, milhões
de endereços de e-mail.
Agora, no entanto, uma operação que já dura três anos está
começando a dar resultado, dizem as autoridades nigerianas.
Nuhu Ribadu, chefe da Comissão de Crimes Econômicos
e Financeiros, diz que mais de
US$ 700 milhões em dinheiro e
ativos foram recuperados entre
maio de 2003 e junho de 2004.
Mais de 500 suspeitos foram
presos, mais de cem casos estão
sendo julgados e outros 500 estão sendo investigados, diz ele.
Pólo inusitado
Por que a Nigéria? Há muitas
teorias. Com 130 milhões de
habitantes, o país é o mais populoso da África, tem um bom
nível de instrução e, como idioma oficial, o inglês -ideal para
os golpes internacionais.
As trapaças não têm uma vida útil muito longa. Em um
golpe provavelmente já conhecido pela maioria dos internautas, o remetente do e-mail finge
ser um oficial corrupto que
procura ajuda para desviar
uma fortuna para um banco no
exterior. Mas há outros tipos de
golpe, como as loterias falsas.
Kele B., que não revela o sobrenome, diz que não conseguiu arrumar emprego depois
de terminar o ensino médio,
em 2000, na cidade de Owerri
(sudeste da Nigéria), então foi
com alguns amigos para Lagos,
onde começou a treinar boxe.
Aí descobriu a internet.
Agora ele passa as manhãs
em computadores de segunda
mão em locais públicos, "esperando para ver se alguém cai na
minha armadilha", diz.
Tradução de Flávio da Rocha
Silveira
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