São Paulo, quarta-feira, 24 de novembro de 2004

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DIVERSÃO

Com celular e som digital, Londres estréia a moda do mobile clubbing

Festa portátil é animada por toca-MP3 particulares

STEPHEN WEST
DO REGISTER

São 18h45, em uma noite garoenta de quarta-feira, na estação de Waterloo, em Londres. O principal ponto de embarque está mais cheio de gente do que o normal, devido a um atraso dos trens. Rostos ansiosos olham fixamente para as telas azuis, esperando a deixa para correr para a plataforma, na esperança de conseguir um lugar para sentar.
Uma senhora de meia-idade com uma bolsa em uma mão e com o telefone celular na outra desvia os olhos da tela por um segundo e fixa o olhar perplexo em duas jovens que começam a dançar ao som de seus tocadores portáteis de música. Ela se mexe para verificar se seus sentidos não estão lhe pregando uma peça, quando uma fila formando um trenzinho passa velozmente por trás dela, com 20 ou 30 pessoas ouvindo seus próprios toca-MP3. Outros passageiros olham assombrados.
Bem-vindo ao mundo do mobile clubbing, a moda de aparecer repentinamente em um logradouro público previamente combinado entre um grupo de pessoas, onde você começa a dançar ao som de seu próprio tocador de música digital ou rádio portátil.
A origem do conceito de mobile clubbing não é clara, mas uma coisa que se sabe é que, no mundo das reuniões públicas em massa, o mobile clubbing surgiu há cerca de um ano e substituiu o flash mobbing (mobilização instantânea em que um grupo combinava, via mensagens de texto em celular, um encontro em um determinado lugar público para fazer coisas estranhas).
Em todo o Reino Unido, eventos são organizados pela internet, informalmente, entre grupos de amigos, e a notícia corre pelas salas de bate-papo e grupos de discussão. Mas qual a razão para as pessoas se reunirem e, paradoxalmente, dançarem ao som de aparelhos individuais?
"Não existe nenhuma razão. Fazemos isso para nos divertir, fazemos porque podemos fazer", diz Ben Cummins, um músico que, com sua amiga Emma Davis, organizou outros eventos de mobile clubbing no Reino Unido.
Davis, 28, quer dissipar o mito de que se trata de uma manifestação metropolitana de jovens modernosos de Londres. "Há famílias que aparecem nos eventos. Temos pessoas mais velhas e temos homens de negócios, mas todo mundo se diverte e não há nenhum problema", diz ela.
Beth Parker, uma jovem metropolitana modernosa de 20 anos, diz: "Eu adoro dançar e me diverti em um evento anterior na estação da rua Liverpool". Ela está escutando James Zabiela & Sasha's Breakbeat. Ela flutua com o ritmo, não se importando com a atenção da mídia e dos passageiros carrancudos.
Por toda a plataforma de embarque principal há um desfile policromático e multicultural de gente de sexos diferentes e de todas as faixas etárias, cuidando de suas próprias vidas. O denominador comum parece ser um sentimento de diversão.
Muitos dos desamparados viajantes tentam obter imagens instantâneas com as câmeras de seus telefones celulares, alguns até entram no espírito e aderem ao movimento. A maioria das pessoas assiste perplexa.
Os funcionários da estação e a polícia, que foram claramente prevenidos, assistem. Eles estão preparados para o pior, mas o evento ocorre sem incidentes e com um mínimo de inconvenientes para os passageiros.
Na esquina, a Polícia Britânica de Transportes interroga Cummins e Davis, mas mesmo eles têm de admitir que, embora houvesse um potencial problema de segurança pública, eles não podiam condenar a conduta dos cento e poucos participantes.
Cummins estava contente com o resultado. "Todos se divertiram bastante e não houve nenhum tipo de problema."
Sobre algum próximo evento, ele afirma: "Vai acontecer. O que importa é que qualquer um pode ir junto e se divertir".


Tradução de Angela Caracik


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