São Paulo, Quarta-feira, 25 de Agosto de 1999
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TECNOLOGIA

Televisão do futuro converge para a Internet

ADRIANA LUTFI
da Reportagem Local

Hoje é o último dia do Broadcast and Cable, evento que reúne engenheiros, diretores e pesquisadores de televisão no Riocentro. O assunto principal das palestras é o futuro da TV, já que ela tende a transformar os seus sinais de transmissão (que são analógicos) em bits (sinais digitais) daqui a alguns anos.
Organizado pela Associação Brasileira de Engenheiros de Televisão (Abert) e pela Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão (SET), um dos maiores desafios do evento é definir, de maneira clara, o conceito de TV digital: a maioria dos palestrantes do congresso se refere a ela como a TV de alta definição -também chamada de HDTV (high-definition TV).
"A TV digital é também o resultado da convergência entre TV e Internet", afirmou Valderez Donzelli, engenheira da TV Cultura. "Qualquer tipo de TV, em um futuro próximo, será digital: ela será uma transmissão de bits, via satélite, via Internet, via cabo ou por ondas de rádio", disse.
Profissionais de TVs abertas -como Globo, Cultura, Record e SBT- e das TVs pagas querem investir nessa novidade. Mas ainda não há um padrão para os sinais de transmissão no Brasil. Além disso, a resolução da HDTV é de 1.125 linhas, enquanto a convencional tem 525 linhas.
Nos Estados Unidos, até 2006 todas as casas terão seus sinais analógicos de TV substituídos por sinais digitais. No Brasil, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) ainda não estabeleceu um prazo para definir padrões para esses sinais.

Convergência
A Philips apresentou, na feira do evento, o CleverCast, uma placa de PC que, conectada à televisão, comprime os dados de vídeo e áudio vindos da TV, reduzindo o tamanho dos arquivos para enviá-los via satélite a um computador conectado à Internet.
Com lançamentos como esse e aparelhos que gravam imagens digitais como se fossem videocassetes, tudo indica que o usuário vai assistir à TV como se estivesse acessando a Internet.
"A convergência é inevitável", disse o diretor de TV Nelson Hoineff. Um exemplo é a empresa WebTV, da Microsoft, que criou um sistema para acesso à Internet via televisor.
Além disso, a TV do futuro será não só ligada à Internet, mas também a qualquer outro aparelho que demandar informações em formato digital (bits), como o telefone e o fax.
A relação do telespectador com a TV vai mudar muito com o tempo. Em vez de ficar preso à programação dos canais, o usuário poderá acessar o programa via Internet, como se ele fosse um site. A idéia é que o usuário faça um download do programa para assisti-lo na hora que quiser.

Revolução
"Isso é uma revolução no comportamento do telespectador. Aquela imagem da família e do cachorro assistindo à novela das oito acabou", disse Hoineff. "Ela será também das nove, das dez. Estará on line 24 horas."
"Uma pesquisa feita no ano passado mostrou, por outro lado, que o usuário quer continuar a ter um aparelho de TV e outro de computador, e conectar os dois", comentou Donzelli.
A ligação entre provedores de Internet e TV a cabo já é o início da TV digital. Para Donzelli, "quando os sinais da TV a cabo se tornarem digitais, como são os de Internet, a TV digital já estará pronta para entrar em casa".


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