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CRIAÇÃO
Artistas escoceses e brasileiros passaram dois meses trocando idéias e trechos de músicas via rede e agora ensaiam ao vivo
Internet reúne músicos brazucas e brits
HELOISA HELENA LUPINACCI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Misture troca de arquivos musicais, oito músicos escoceses e oito
brasileiros se comunicando por
dois meses por meio de um fórum. Depois disso, coloque esses
ingredientes para ensaiar intensamente as músicas que foram
compostas durante o período de
convivência virtual.
Essa é a receita do programa
MPB-BPM (Música Popular Brasileira - British Popular Music),
que formou uma banda de 16 músicos meio brasileira, meio escocesa, cuja performance poderá ser
conferida amanhã no Sesc Pompéia. Entre os escoceses, há um
DJ, uma percussionista, uma harpista, um baterista, um pianista,
um guitarrista, uma cantora e um
violinista. Entre os brasileiros,
uma baterista, um contrabaixista
misturado com DJ, um guitarrista, dois sanfoneiros, um tocador
de rabeca, saxofone e violino, um
percussionista e uma cantora.
A idéia da terceira edição desse
projeto, promovido pelo Conselho Britânico, era usar a internet
para criar uma situação em que os
músicos pudessem se conhecer
on-line, segundo Stephen Rimmer, coordenador nacional de artes do Conselho Britânico em São
Paulo e responsável pelo projeto.
Nas duas edições anteriores, foram trazidos músicos britânicos
que já tinham composições próprias e um repertório para show.
Eles chegaram aqui, ensaiaram
com músicos brasileiros e fizeram
apresentações. Para Sérgio Pinto,
animador sócio-cultural do Sesc
(Serviço Social de Comércio), a
terceira edição é pioneira em valorizar o processo de criação, o
que só foi possível graças ao site
criado na internet.
Nas primeira edição, que teve
como tema a música engajada, a
banda Asian Dub Foundation foi
trazida para o Brasil e tocou com
O Rappa. Na segunda, que tinha a
música negra e eletrônica como
centro, os DJs Norman Jay e
Marky tocaram juntos.
Eles já tinham seus discos e suas
músicas. Tocaram juntos e voltaram a seguir suas carreiras. É nesse ponto que a terceira edição pretende ser a primeira. E já há planos mais ousados para a quarta.
O processo
Com o resgate das músicas de
cada país como tema, os músicos
ensaiaram em seus países durante
três meses e tiveram seus ensaios
gravados. Então, frequentaram o
fórum, ouviram trechos de cada
músico, e, a partir daí, cada um
compôs uma peça.
Um dos usuários mais assíduos
da rede é David Paul Jones, pianista que compôs uma música para todos os instrumentos da banda, inclusive o acordeão. Detalhe:
ele nunca tinha visto um. "Ouvi os
ensaios e procurei informações
sobre cada instrumento", conta
Jones, que enviou a partitura da
música, feita com o soft Sibelius
(www.sibelius.com), via fórum.
Outro músico que se envolveu
com o uso da tecnologia foi Lincoln Antonio, que toca acordeão e
pretende manter o canal de comunicação com os parceiros brasileiros e britânicos. "Ainda é um
método novo, que poderia ter sido mais usado", ressalva o músico, que gostaria de ter podido ensaiar ao vivo pela rede com os colegas.
Ensaiar por videoconferência é
a vontade de todos. O recurso não
foi usado, pois a tecnologia de que
dispunham o Conselho Britânico
e o Sesc não permitiria a realização de uma videoconferência
com qualidade para que os músicos ensaiassem via rede. Mas a
quarta edição do projeto, em
2004, deve contar com o recurso.
"O conselho deverá construir
uma sala de videoconferência para ensaios on-line", diz Rimmer.
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