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reportagem de capa
Confira mapas do passado, do poder e até dos amores
NOVA CARTOGRAFIA Além de mostrar visões históricas e artísticas do planeta, sites mapeiam relações empresariais e interpessoais e oferecem jogos geográficos
ESPECIAL PARA A FOLHA
A cartografia, ciência e arte
de elaborar mapas, é uma das
mais antigas manifestações da
cultura. Encontramos mapas
desde tempos remotos. A princípio, a arte de mapear se relaciona com a necessidade de lidar com dados complexos e volumosos. Em termos filosóficos, mapear se relaciona com
marcação de território e, conseqüentemente, com poder.
Para vários estudiosos, o
mais antigo mapa conhecido
data de 6.200 a.C. e foi encontrado em Ancara, na Turquia.
Esse mapa, conhecido como
Catal Hyuk, é de grandes proporções e foi pintado em uma
rocha. Acredita-se que represente a planta de uma cidade.
Na internet, existem vários
sites com mapas antigos. Navegar na história dos mapas, além
do lado curioso, pode revelar
muitas surpresas e mostrar como nossas geografias estão repletas de convenções datadas.
O famoso mapa T, da Idade Média, por exemplo, apresenta na
parte superior o Oriente (e não
o Norte, como estamos acostumados a ver). Isso porque, na
época, a idéia era colocar no
plano superior a representação
do espaço sagrado (o Oriente).
No centro desse mapa está a
Igreja. Outro exemplo curioso
pertence ao período das grandes navegações, quando era comum preencher os espaços
desconhecidos com alegorias
de monstros e serpentes.
Em termos de visualizações
diferenciadas, o mapa plano
proposto por Buckminster Fuller é uma preciosidade. O grande designer inovou ao propor
um mapa-múndi a partir de
projeções, evitando distorções
de proporções e formas (veja
em The Buckminster Fuller
Institute, bfi.org/index.php).
Esse mapa, conhecido como
Dymaxion Map (algo como
maximização das dinâmicas),
foi aplicado posteriormente
numa espécie de projeto de jogo de mundial, o World Game
(www.worldgame.org).
Se a idéia é viajar pelos mapas, o site da "National Geographic" é imperdível (plasma.
nationalgeographic.com/
mapmachine).
Os mapas produzidos por satélites pela Nasa e os do Google
apresentam altíssima definição
de imagens. Para muitos pesquisadores, a possibilidade de
visualizar através de satélites
irá mudar drasticamente a arte
da cartografia. Vários mapas
não-convencionais desenvolvidos a partir de olhares panorâmicos permitem que o globo
terrestre seja conhecido de
uma maneira absolutamente
diferente -veja, por exemplo, o
Google Maps Mania, (google
mapsmania.blogspot.com).
Já o They Rule (www.they
rule.net) é um projeto que fica
na fronteira dos jogos e dos
mapas. O sistema se baseia em
dados da revista "Fortune" e
em informações obtidas via
mecanismos de buscas. Ao interagir com os dados, expandindo e estabelecendo as relações entre as empresas multinacionais e seus diretores, percebem-se conexões curiosíssimas. Outro site nessa linha é o
Carto Premium (www.
societe.com/pages_html/
carto_premium.html), projeto francês que mostra as redes
de influência de políticos e líderes empresariais.
Se você optar por mapas de
assuntos mais pessoais, uma visita ao Dumpster (artport.
whitney.org/commissions/
thedumpster/index.html),
um mapa dinâmico com narrativas retiradas de blogs de adolescentes americanos, é diversão na certa. Organizado por
data e com informações sobre
idade e sexo, o mapa é clicável e
remete às frases que falam sobre os rompimentos e os "foras".
(LUCIA LEÃO)
LUCIA LEÃO é artista e escritora ("O Labirinto
da Hipermídia" e "O Chip e o Caleidoscópio").
Professora-doutora em comunicação e semiótica (PUC- SP) e pós-doutora pela Unicamp, dá aulas na PUC-SP e no Senac. Veja seus projetos e
textos em www.lucialeao.pro.br
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