São Paulo, quarta-feira, 26 de julho de 2006

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reportagem de capa

Confira mapas do passado, do poder e até dos amores

NOVA CARTOGRAFIA Além de mostrar visões históricas e artísticas do planeta, sites mapeiam relações empresariais e interpessoais e oferecem jogos geográficos

ESPECIAL PARA A FOLHA

A cartografia, ciência e arte de elaborar mapas, é uma das mais antigas manifestações da cultura. Encontramos mapas desde tempos remotos. A princípio, a arte de mapear se relaciona com a necessidade de lidar com dados complexos e volumosos. Em termos filosóficos, mapear se relaciona com marcação de território e, conseqüentemente, com poder.
Para vários estudiosos, o mais antigo mapa conhecido data de 6.200 a.C. e foi encontrado em Ancara, na Turquia. Esse mapa, conhecido como Catal Hyuk, é de grandes proporções e foi pintado em uma rocha. Acredita-se que represente a planta de uma cidade. Na internet, existem vários sites com mapas antigos. Navegar na história dos mapas, além do lado curioso, pode revelar muitas surpresas e mostrar como nossas geografias estão repletas de convenções datadas.
O famoso mapa T, da Idade Média, por exemplo, apresenta na parte superior o Oriente (e não o Norte, como estamos acostumados a ver). Isso porque, na época, a idéia era colocar no plano superior a representação do espaço sagrado (o Oriente).
No centro desse mapa está a Igreja. Outro exemplo curioso pertence ao período das grandes navegações, quando era comum preencher os espaços desconhecidos com alegorias de monstros e serpentes. Em termos de visualizações diferenciadas, o mapa plano proposto por Buckminster Fuller é uma preciosidade. O grande designer inovou ao propor um mapa-múndi a partir de projeções, evitando distorções de proporções e formas (veja em The Buckminster Fuller Institute, bfi.org/index.php).
Esse mapa, conhecido como Dymaxion Map (algo como maximização das dinâmicas), foi aplicado posteriormente numa espécie de projeto de jogo de mundial, o World Game (www.worldgame.org).
Se a idéia é viajar pelos mapas, o site da "National Geographic" é imperdível (plasma. nationalgeographic.com/ mapmachine).
Os mapas produzidos por satélites pela Nasa e os do Google apresentam altíssima definição de imagens. Para muitos pesquisadores, a possibilidade de visualizar através de satélites irá mudar drasticamente a arte da cartografia. Vários mapas não-convencionais desenvolvidos a partir de olhares panorâmicos permitem que o globo terrestre seja conhecido de uma maneira absolutamente diferente -veja, por exemplo, o Google Maps Mania, (google mapsmania.blogspot.com).
Já o They Rule (www.they rule.net) é um projeto que fica na fronteira dos jogos e dos mapas. O sistema se baseia em dados da revista "Fortune" e em informações obtidas via mecanismos de buscas. Ao interagir com os dados, expandindo e estabelecendo as relações entre as empresas multinacionais e seus diretores, percebem-se conexões curiosíssimas. Outro site nessa linha é o Carto Premium (www. societe.com/pages_html/ carto_premium.html), projeto francês que mostra as redes de influência de políticos e líderes empresariais. Se você optar por mapas de assuntos mais pessoais, uma visita ao Dumpster (artport. whitney.org/commissions/ thedumpster/index.html), um mapa dinâmico com narrativas retiradas de blogs de adolescentes americanos, é diversão na certa. Organizado por data e com informações sobre idade e sexo, o mapa é clicável e remete às frases que falam sobre os rompimentos e os "foras". (LUCIA LEÃO)


LUCIA LEÃO é artista e escritora ("O Labirinto da Hipermídia" e "O Chip e o Caleidoscópio"). Professora-doutora em comunicação e semiótica (PUC- SP) e pós-doutora pela Unicamp, dá aulas na PUC-SP e no Senac. Veja seus projetos e textos em www.lucialeao.pro.br


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