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São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 2003

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Idoso on-line espanta solidão

FREE-LANCE PARA A FOLHA

A rotina de aposentado inquietava Osvaldo Silva Pereira, 77, que trabalhara com recursos humanos. Por isso, Pereira começou a frequentar um centro público de informática com o objetivo inicial de buscar emprego.
Como não conseguia resultado, resolveu ajudar quem estivesse sem emprego e em situação difícil. "Perguntavam: "Quanto é?" Eu dizia: "Nada'", conta ele, que começou a prestar serviços para outras pessoas, enviando currículos por intermédio do e-mail.
Pereira não sabe quantos ajudou nem quantos e-mails enviou, mas diz ter conseguido trabalho para cerca de dez pessoas.
O sentimento de ser útil e a autonomia que o aprendizado da internet dá para o idoso fazem da rede uma arma no combate à depressão, segundo o psicólogo da Gerência de Estudos da Terceira Idade do Sesc-SP (Serviço Social de Aprendizagem Comercial), José Carlos Ferrigno.
Irrequieta, a dona-de-casa Maria Ireuda Fernandes, 64, entra em salas de bate-papo e já fez amigos até no Japão. "Nunca conto minha idade, queima o filme", afirma. Fernandes acha que pela sala de bate-papo é mais fácil "saber o que está acontecendo no momento". Ela tem amigos de 38, 30 e até 19 anos on-line.
Já a advogada Terezinha de Jesus Casal, 75, não tem vergonha de contar a idade e usa a rede para pesquisar acórdãos de processos. Além disso, faz pesquisas de casos e recolhe informações de saúde, culinária e exercícios físicos. Casal fez cursos privados para aprender a utilizar a máquina.

Tudo por minha filha
Com 87 anos, Irena Rahubina Muratow frequenta um infocentro para uma missão especial: saber o paradeiro de sua filha única, Raísa. Polonesa, Muratow cresceu na Rússia e foi aprisionada durante a Segunda Guerra Mundial. Após a derrota da Alemanha, veio para o Brasil.
Daqui, conseguiu localizar Raísa na Rússia, onde ela havia sido deixada com a avó. Começou, então, uma ativa correspondência entre mãe e filha. No entanto as cartas pararam de chegar. Sem parentes na Europa e sem condições financeiras de viajar, Muratow depositou suas esperanças na internet. Em cadastros virtuais, salas de bate-papo e fóruns, ela pesquisa o paradeiro de Raísa.
Também por amor à filha, Zeilá Aparecida Mennocche, 64, tomou coragem para se aventurar no computador. Sua única filha, Ely, é arquiteta e há nove anos mora nos Estados Unidos.
Mennocche resolveu ir a um telecentro aprender a manusear a máquina, pois já tinha uma em casa. Hoje, passa diariamente e-mails para Ely, e agora pensa em ter aulas de como capturar e transmitir imagens, além de estar cursando inglês. (DM)


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