|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
mercado
Crise econômica chega ao Vale do Silício
DRAMA - Depois de demitido, engenheiro de testes volta à empresa onde trabalhava e, segundo a polícia, mata três ex-chefes
BRUNO ROMANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
EM BERKELEY
Na manhã do dia 14 de novembro, Jing Hua Wu, engenheiro de testes de 47 anos, era
mais um trabalhador a perder o
emprego em uma empresa em
Santa Clara, cidade ao sul de
San Francisco onde muitas empresas de tecnologia estão instaladas.
Às três da tarde do mesmo
dia, Hua Wu voltou ao ex-local
de trabalho e convocou uma
reunião com três de seus superiores para discutir o seu futuro. Menos de uma hora depois,
ele executou a tiros à queima-roupa, com uma pistola 9 mm,
os dois homens e a mulher que
participavam da reunião.
Com os sinais de que a crise
econômica mundial já afeta as
empresas do Vale do Silício, os
assassinatos revelam a tensão
pela qual a região tem passado
nas últimas semanas.
O crime ocorreu no mesmo
dia em que a Sun Microsystems, fabricante de computadores que tem como grandes
clientes empresas em Wall
Street, anunciou que vai eliminar entre 5.000 e 6.000 empregos no próximo ano. Alguns
dias antes, duas empresas de
chips haviam anunciado demissões que afetarão entre 330
e 1.800 trabalhadores.
Yahoo! e eBay revelaram planos de demissão em massa que
devem afetar 10% de seus trabalhadores. Já a HP anunciou,
em setembro, que deve demitir
24.600 pessoas em todo o mundo nos próximos três anos.
"As pessoas estão começando a pensar em como vão arcar
com as despesas do Natal, como vão pagar as parcelas do financiamento de suas casas ano
que vem", diz Lou McKellar,
47, ex-funcionário de uma empresa de semicondutores que
está oficialmente desempregado há três meses, após 12 anos
de casa. Ele atuava em um segmento que deve sofrer bastante, segundo indicam alguns números.
Números e esperança
No dia 12, a Intel anunciou
que suas vendas podem cair
19% no último trimestre do
ano. A Applied Material, uma
das empresas de chips com planos de demissão em massa, revelou queda de 45% nos lucros
no quarto trimestre do ano. A
AMD anunciou um plano para
demitir 500 funcionários. A
Cisco Systems, grande produtora de roteadores, projeta quedas de 10% em suas vendas.
A queda também é esperada
nas compras feitas pelo consumidor comum. Dados preliminares de agências de pesquisa
de mercado apontam recuo nas
vendas de PCs no último trimestre deste ano e no início de
2009. E as vendas do comércio
on-line dos EUA também devem ser menores.
Apesar das evidências, as empresas tentam acalmar clientes, trabalhadores e investidores. No último dia 17, Shantanu
Narayen, diretor-executivo da
Adobe, disse ao jornal "San
Francisco Chronicle" que sua
empresa está "forte", apesar da
recessão.
De fato, até mesmo a SiPort,
empresa onde ocorreram os assassinatos, foi rápida em declarar que não tem planos para
realizar demissões em massa e
que o atirador havia perdido o
emprego devido ao seu fraco
desempenho no trabalho.
Texto Anterior: Programa diminui imagens e coloca marca nas fotos Próximo Texto: Bolsa: Caem ações de gigantes da internet Índice
|