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EVENTO
Mais de 500 empresas participam do 3GSM World Congress, apresentando as novas possibilidades da telefonia celular
Feira em Cannes mostra futuro da internet sem fio
RODOLFO LUCENA
ENVIADO ESPECIAL A CANNES
Televisão no celular, rádio digital no celular, fotografias e e-mail
no celular, música MP3 no celular
-a crer nas empresas participantes do 3GSM World Congress,
evento de telefonia celular realizado na semana passada em Cannes, o telefone logo só não vai fazer cafezinho. Sua função é virar
um aparelho de múltiplas e inusitadas capacidades.
Tudo isso se e quando estiver
efetivamente disponível, em larga
escala e com custo aceitável pelo
mercado, a chamada terceira geração de celulares. No Japão, os
aparelhos 3G são realidade. Há na
Ilha de Man, no Reino Unido, um
projeto experimental em curso, e
em Mônaco logo serão iniciadas
operações de alta velocidade.
No Brasil, as tecnologias usadas,
ainda na primeira geração, são a
TDMA e a CDMA (em uso principalmente nos EUA). Por isso, hoje, o acesso à internet via celular é
feito a baixa velocidade (cerca de
um quinto da obtida em conexões
por telefone comum).
Recentemente, a Telesp Celular
lançou a geração 2,5, com desempenho superior -mas não há no
Brasil telefones capazes de aproveitar plenamente a velocidade do
sistema. Por enquanto, isso só pode ser feito em computadores
portáteis. Ainda neste semestre,
deve começar a operar no Brasil
pelo menos uma companhia telefônica que vai trabalhar com o padrão GSM, usado principalmente
na Europa.
Só então o brasileiro poderá começar a sonhar com produtos e
serviços apresentados por mais
de 500 empresas no Palais des
Festivals et des Congress em Cannes (o mesmo onde acontece o
festival de cinema), atraindo mais
de 25 mil visitantes de 120 países.
A Siemens, por exemplo, mostrou o que chama de i-wagen, que
nada mais é do que transmissão
de televisão para computadores
portáteis e celulares. A demonstração até que funcionou bem,
mas não dá para imaginar acompanhar os lances de uma partida
de futebol pela telinha, num ritmo
-com muita sorte- de 15 quadros por segundo. Para ter uma
transmissão decente, a 30 quadros por segundo (a taxa do vídeo
comum), a velocidade tem de ser
muito maior que a proporcionada por essa tecnologia intermediária. Dentro de dois anos, acredita o pessoal responsável pelo
desenvolvimento do projeto, será
possível ter algo apresentável para
uso empresarial.
Mas o que pode apaixonar o
consumidor são os produtos conceituais, desenhados apenas para
mostrar o que pode vir a ser realidade se tudo der certo.
A NEC tinha em seu estande
uma pequena vitrine cheia de telefones de vários formatos e telas
coloridas de alta resolução, capazes de apresentar com qualidade
o equivalente de seu navegador na
internet.
Na busca de elegância e sofisticação, por sinal, o mais moderno
se combina com o tradicional. É o
caso de um sistema desenvolvido
pela empresa sueca Anoto.
Combinando caneta com capacidade de transmitir dados sem
fio, papel especialmente desenvolvido e celular, é possível mandar bilhetes escritos à mão para
aparecer na telinha do computador portátil.
Mas é no terreno corporativo
que está a grande disputa. A fin-
landesa Nokia lançou apelo para a
criação de padrões comuns para o
desenvolvimento da infra-estrutura das futuras redes 3G.
E a Microsoft anunciou que está
definitivamente dentro do barco
da internet móvel: além de o Windows Media Player funcionar em
micros de mão, a empresa de Bill
Gates se aliou à Intel para criar sistemas para o mundo sem fio.
O jornalista Rodolfo Lucena viajou a
Cannes a convite da Nokia.
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