São Paulo, quarta-feira, 27 de fevereiro de 2002

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EVENTO

Mais de 500 empresas participam do 3GSM World Congress, apresentando as novas possibilidades da telefonia celular

Feira em Cannes mostra futuro da internet sem fio

RODOLFO LUCENA
ENVIADO ESPECIAL A CANNES

Televisão no celular, rádio digital no celular, fotografias e e-mail no celular, música MP3 no celular -a crer nas empresas participantes do 3GSM World Congress, evento de telefonia celular realizado na semana passada em Cannes, o telefone logo só não vai fazer cafezinho. Sua função é virar um aparelho de múltiplas e inusitadas capacidades.
Tudo isso se e quando estiver efetivamente disponível, em larga escala e com custo aceitável pelo mercado, a chamada terceira geração de celulares. No Japão, os aparelhos 3G são realidade. Há na Ilha de Man, no Reino Unido, um projeto experimental em curso, e em Mônaco logo serão iniciadas operações de alta velocidade.
No Brasil, as tecnologias usadas, ainda na primeira geração, são a TDMA e a CDMA (em uso principalmente nos EUA). Por isso, hoje, o acesso à internet via celular é feito a baixa velocidade (cerca de um quinto da obtida em conexões por telefone comum).
Recentemente, a Telesp Celular lançou a geração 2,5, com desempenho superior -mas não há no Brasil telefones capazes de aproveitar plenamente a velocidade do sistema. Por enquanto, isso só pode ser feito em computadores portáteis. Ainda neste semestre, deve começar a operar no Brasil pelo menos uma companhia telefônica que vai trabalhar com o padrão GSM, usado principalmente na Europa.
Só então o brasileiro poderá começar a sonhar com produtos e serviços apresentados por mais de 500 empresas no Palais des Festivals et des Congress em Cannes (o mesmo onde acontece o festival de cinema), atraindo mais de 25 mil visitantes de 120 países.
A Siemens, por exemplo, mostrou o que chama de i-wagen, que nada mais é do que transmissão de televisão para computadores portáteis e celulares. A demonstração até que funcionou bem, mas não dá para imaginar acompanhar os lances de uma partida de futebol pela telinha, num ritmo -com muita sorte- de 15 quadros por segundo. Para ter uma transmissão decente, a 30 quadros por segundo (a taxa do vídeo comum), a velocidade tem de ser muito maior que a proporcionada por essa tecnologia intermediária. Dentro de dois anos, acredita o pessoal responsável pelo desenvolvimento do projeto, será possível ter algo apresentável para uso empresarial.
Mas o que pode apaixonar o consumidor são os produtos conceituais, desenhados apenas para mostrar o que pode vir a ser realidade se tudo der certo.
A NEC tinha em seu estande uma pequena vitrine cheia de telefones de vários formatos e telas coloridas de alta resolução, capazes de apresentar com qualidade o equivalente de seu navegador na internet.
Na busca de elegância e sofisticação, por sinal, o mais moderno se combina com o tradicional. É o caso de um sistema desenvolvido pela empresa sueca Anoto.
Combinando caneta com capacidade de transmitir dados sem fio, papel especialmente desenvolvido e celular, é possível mandar bilhetes escritos à mão para aparecer na telinha do computador portátil.
Mas é no terreno corporativo que está a grande disputa. A fin- landesa Nokia lançou apelo para a criação de padrões comuns para o desenvolvimento da infra-estrutura das futuras redes 3G.
E a Microsoft anunciou que está definitivamente dentro do barco da internet móvel: além de o Windows Media Player funcionar em micros de mão, a empresa de Bill Gates se aliou à Intel para criar sistemas para o mundo sem fio.


O jornalista Rodolfo Lucena viajou a Cannes a convite da Nokia.



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