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software
Abertura de código da Microsoft é vista com desconfiança
CÉTICOS Especialistas acham que a ação da empresa tem objetivo de influenciar a decisão sobre um padrão de arquivos
CAMILA RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL
A decisão da Microsoft de publicar parte dos detalhes de
seus programas, anunciada na
última quinta-feira, com o objetivo de facilitar a criação de
programas para o Windows, é
vista com desconfiança por especialistas consultados pela
Folha.
Jorge Stolfi, diretor do Instituto de Computação da Unicamp, acredita que "o anúncio
da abertura das APIs [a grosso
modo, um conjunto de instruções que orientam a utilização
de funcionalidade de um software] tem o objetivo de influenciar a votação iminente na
ISO [Organização Internacional de Padronização]".
Ele se refere a uma disputa
entre dois formatos para definir qual será o padrão internacional de documentos de computador. Um deles é o ODF
(OpenDocument Format), que
foi criado em 2005 por consenso de várias empresas e é livre,
ou seja, não é propriedade de
nenhuma delas. O outro é o
OOXML, criado pela Microsoft,
que estaria tentando pressionar os integrantes da ISO a votar a favor de seu formato.
Em setembro, a organização
votou contra o OOXML, mas a
empresa terá uma nova chance
nesta semana. A decisão será
tomada em Genebra, em um
encontro que começou anteontem e acaba nesta sexta-feira.
"Se o padrão OOXML for
aprovado, todas as leis que tentam quebrar o monopólio serão
enfraquecidas", diz Stolfi.
Marco Gubitoso, professor
do Departamento de Ciência da
Computação da USP, concorda
que "abrindo [as APIs e os protocolos], talvez fique mais fácil
a aceitação do padrão".
Jon "Maddog" Hall, diretor-executivo da Linux International, mostra-se descrente. "No
passado, a Microsoft adotou
"padrões" como Kerberos, Java
e outros e depois os misturou
aos seus próprios padrões [o
que mantém os programas incompatíveis com outros]".
Procurada, a Microsoft não
quis falar sobre o caso.
Histórico
Em outubro do ano passado,
a Comissão Européia anunciou
que a Microsoft cumpriria a decisão judicial de três anos antes
e publicaria informações técnicas sobre seus programas. A
companhia era acusada de abuso de domínio de mercado.
Em dezembro, fez um acordo
com a Novell e o grupo de software livre Samba para melhorar a comunicação entre Linux
e Windows.
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