São Paulo, quarta-feira, 27 de abril de 2005

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AO VIVO, EM CORES

Nos EUA, entidades debatem o aumento de projetos de fiscalização das ruas com utilização de vídeo

Câmera de segurança reduz privacidade

SIOBHAN MCDONOUGH
DA ASSOCIATED PRESS

As câmeras de segurança podem ajudar a polícia e proteger propriedades, mas também podem fazer as pessoas se sentirem violadas e incomodadas. Seu amplo alcance não faz distinção entre farristas em um desfile de rua e transgressores em uma rebelião.
Câmeras de circuito interno estão se espalhando nas cidades, uma moda reforçada pela preocupação com ataques terroristas e por outras razões, como a mera disponibilidade da tecnologia. "Se eu for assaltada num caixa automático, ficarei feliz se o banco tiver câmeras para que a pessoa possa ser encontrada", diz a americana Justine Stevens, 32. "Mas me parece estranho ver câmeras em elevadores monitorando o comportamento das pessoas."
Sua compatriota Nikki Barnett, 31, parou de fazer sua "dança feliz" em elevadores depois de aprender que muitos deles são monitorados por câmeras. "Não quero me retratar sob tal luz", diz.
"Câmeras usadas para suspeitos específicos em momentos específicos são um bom reforço para a lei"-, diz o professor de direito Peter Swire, da Universidade do Estado de Ohio- "Mas eu não quero que elas façam parte dos meus arquivos permanentes quando eu me coçar na rua".
Na cidade de Nashville, Tennesse, uma escola instalou câmeras que filmavam as crianças em trajes menores e até nuas nos vestiários. Os pais moveram um processo de US$ 4,2 milhões contra a escola. Os funcionários alegam que as câmeras foram posicionadas para observar uma porta de saída e um corredor.
Algumas câmeras de circuito interno ficam ligadas 24 horas. Outras são ligadas apenas para eventos específicos. Em Washington, 14 câmeras da polícia gravam desfiles, manifestações ou quando a cidade entra em alerta de perigo. Elas são ligadas poucas vezes ao ano, e o Departamento de Polícia cuida da divulgação.
Kevin Morison, porta-voz do Departamento de Polícia, diz que houve muito exagero quando as câmeras foram adotadas. Críticos alegavam que a polícia estava observando as pessoas saírem de casa para ir ao trabalho e voltarem à noite. "Francamente, não temos nenhum interesse nisso nem capacidade para fazê-lo" diz.
Tal sistema faz parte de outro maior. Em um centro de comando da polícia, imagens dessas câmeras são observadas junto com outras do sistema de metrô da cidade e do departamento de transporte entre outras.
Os críticos sustentam que a câmera mente -ou pelo menos engana. Uma conversa inocente pode parecer conspiratória, dependendo do ângulo, da iluminação, ou de muitos outros fatores.
Para Paul Rosenzweig, pesquisador legal sênior na conservadora Fundação Herança, o mundo de hoje exige que as pessoas sejam mais abertas para o uso de câmeras. "Não se pode nadar contra a maré do desenvolvimento tecnológico nem fechar os olhos para as necessidades", diz. "Vivemos uma circunstância diferente, necessária desde o 11 de Setembro."
Chicago está trabalhando em planos para ligar mais de 2.000 câmeras de segurança em uma rede que usaria um software sofisticado para alertar as autoridades de potenciais crimes.
Em Los Angeles, o sistema é equipado com um software especial, capaz de fazer reconhecimento facial.
New Orleans está instalando um sistema sofisticado de combate ao crime composto de câmeras a prova de balas, cada uma capaz de rastrear uma área de oito quarteirões. Até agora, cerca de 240, das mil câmeras propostas, estão operando.


Tradução de Giulia de Marchi


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