|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Minorias lutam contra segregação na Internet
DA REPORTAGEM LOCAL
Entre as maiores vítimas dos sites de ódio, estão minorias étnicas, religiosas e sexuais, sobretudo judeus, homossexuais e negros.
Uma das causas disso é a forte
presença de páginas com conteúdo nazista na rede.
Apesar de proibida na maior
parte do Ocidente, a propaganda
nazista é tolerada nos EUA, país
que hospeda a maior parte dos sites da rede. Isso se deve à lei americana conhecida por 1ª Emenda
Constitucional, que garante liberdade de expressão sem nenhuma
restrição.
Protegidos por ela, organizações como a Ku Klux Klan e grupos neo-nazistas propagam seu
ideário na rede impunemente.
Já no Brasil, a lei impede esse tipo de divulgação. "Se você faz
uma página contra apenas uma
pessoa, só poderá ser punido se
ela abrir um processo contra você.
Mas, se a ofensa é dirigida a um
grupo racial, por exemplo, isso já
é considerado automaticamente
como crime", informa a advogada Maria Gabriela Campos da Silva, que trabalha junto à diretoria
da ABDI (Associação Brasileira
de Direito de Informática). "Isso
acontece porque, ao fazer um site
que agrida a um grande número
de pessoas, não há para quem dirigir uma retratação", afirma.
Mas isso não livra a Internet
brasileira de sites que disseminem
formas de intolerância. "Nesses
últimos cinco anos, surgiram na
rede mensagens ultraviolentas
contra homossexuais. Algumas
delas incitavam a matar gays", diz
o antropólogo Luiz Mott, presidente do Grupo Gay da Bahia. A
página que essa organização
mantém na rede
(www.ggb.org.br) serve de contrapartida às agressões que recebe
pela Internet. "Nosso site ensina
como reagir à violência e como
melhorar a consciência gay", diz
Mott.
Dificuldade para identificar
Entre os sites que trabalham
contra a pregação de ódio na rede,
um dos que mais se destacam é o
americano www.hatewatch.org.
Ele funciona como uma espécie
de observatório de sites racistas.
Como há a 1ª Emenda, as páginas
não podem ser proibidas, mas, segundo o Hate Watch, o monitoramento ajuda a identificar se crimes reais, como assassinatos, tiveram origem a partir de mensagens divulgadas nesse tipo de site.
Mesmo proibidos no Brasil, os
sites segregacionistas nem sempre são tirados do ar. Para que isso aconteça, é preciso identificar o
autor da página, o que, segundo
organizações de defesa dos direitos de minorias, não é fácil, já que
os servidores podem estar fora do
país.
"Não há muito controle. Mas
sempre acionamos o Ministério
Público quando aparece um caso
desses", diz Juarez Tadeu Xavier,
membro da organização Unegro
(União de Negros pela Igualdade,
http://unegro.saopaulo.net).
"Se um site é tido pela Justiça
como racista, os casos similares
poderão ter a mesma punibilidade", afirma.
(AV)
Texto Anterior: Tecnofobia também está na rede Próximo Texto: Veja programas que bloqueiam acesso a sites Índice
|