São Paulo, quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

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No exterior

Veja dicas para evitar dores de cabeça na compra de importados

Produtos de revendedores internacionais não autorizados podem causar problemas, ainda que sejam mais baratos; fabricantes costumam ignorar garantia

MICHELLE KESSLER
DO "USA TODAY"

Você encontrou recentemente algum toca-MP3 player, câmera digital ou outro produto eletrônico por um preço incrível? Cuidado: alguns sites oferecem modelos importados sem a garantia correspondente. E alguns fabricantes contra-atacam recusando-se a consertar aparelhos importados sem autorização. A batalha gira em torno do crescente mercado cinza, assim batizado porque fica no limiar da legalidade, diz Steve Salter, um dos vice-presidentes da Better Business Bureau OnLine.
Muitos fabricantes fixam seus preços segundo as flutuações cambiais e o perfil de mercado de cada país. Os revendedores do mercado cinza costumam comprar seus produtos em países onde sejam mais baratos, geralmente na Ásia, e repassá-los para lugares onde custem mais, obtendo lucro. Os sites de leilão, como o eBay, são locais onde se encontram produtos do mercado cinza. Cerca de US$ 40 bilhões giram nesse mercado todos os anos, afirma a Aliança para o Combate ao Mercado Cinza e à Pirataria, um grupo que reúne empresas, criado em 2001, para tratar da questão.
Os fabricantes de eletrônicos detestam a novidade representada por esse mercado. A Sony e outras empresas costumam ignorar a garantia de seus produtos com essa origem. A filial norte-americana da fabricante japonesa de câmeras Nikon oferece assessoria técnica apenas para produtos oriundos de revendedores autorizados. A empresa não conserta equipamentos vindos do mercado cinza mesmo que os clientes estejam dispostos a pagar pelo serviço.
A Lenovo, uma fabricante de PCs, também se recusa a atender os donos de produtos adquiridos no mercado cinza. A Garmin, que fabrica aparelhos GPS (sistema de posicionamento global por satélite), avalia, caso a caso, se fornecerá assistência aos compradores desse mercado Os distribuidores do mercado cinza dizem que tais políticas mantêm os preços altos. "A venda de tais produtos é legal, desde que seja feita abertamente e ofereça uma forma de os consumidores terem acesso a produtos bem mais baratos", afirma Jason Peters, diretor da área de atendimento ao cliente da USA Photo Nation.
Mas os fabricantes de produtos eletrônicos dizem que os compradores nem sempre sabem que estão adquirindo peças do mercado cinza, afirma Dan Richards, editor da "Popular Photography". Segundo Richards, alguns revendedores costumam adotar manobras para baixar os preços, como vender câmeras digitais sem bateria e sem os cabos que viriam com o produto. E adulteram os números de série para dificultar o rastreamento dos equipamentos.
Até empresas que honram a garantia de aparelhos adquiridos no mercado cinza, como a Apple, aconselham seus clientes a comprar apenas em revendedores autorizados. Há poucas estatísticas a respeito das reclamações surgidas por conta desse mercado. Mas, neste ano, mais de 33,6 mil pessoas denunciaram fraude em leilões ao Centro de Denúncia de Crimes Virtuais. Mais de 12,4 mil pessoas entraram com uma reclamação porque pediram um produto, mas nunca o receberam.


Tradução de RODRIGO CAMPOS CASTRO


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