São Paulo, quarta-feira, 28 de fevereiro de 2001

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MÚSICA DIGITAL

Empresa oferece US$ 200 mi anuais, mas Sony prepara concorrente; softwares alternativos correm risco

Napster tenta um acordo com gravadoras

BRUNO GARATTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Ameaçada de fechamento pela Justiça dos EUA, a Napster tenta sobreviver oferecendo dinheiro às gravadoras norte-americanas.
A empresa, que distribui um programa homônimo para troca de arquivos musicais (www.napster.com), está sendo processada pelas gravadoras, que alegam violação de direitos autorais. A próxima audiência do caso está marcada para sexta-feira.
Segundo o plano da Napster, cujos detalhes foram divulgados na semana passada, os usuários deverão pagar uma taxa mensal pelo direito de copiar arquivos MP3 usando a próxima versão do "Napster". Sua data de lançamento não está definida.
A Napster não diz se manterá uma versão gratuita do programa, mas revelou as tarifas que pretende cobrar.
O sistema pago deverá ter duas versões: batizada de "Basic Membership", a primeira custará de US$ 3 a US$ 5 mensais e dará direito à transferência de um número limitado de músicas.
Quem optar pela "Premium Membership" deverá pagar entre US$ 5 e US$ 10 mensais, mas poderá fazer quantos downloads quiser.
Segundo a Napster, os arquivos do novo sistema terão qualidade sonora igual ou inferior à dos arquivos MP3 de 128 Kbps, e os usuários precisarão pagar taxas adicionais se quiserem gravar as músicas em CDs ou transferi-las para aparelhos portáteis.
A Napster pretende usar o dinheiro arrecadado para remunerar as gravadoras: segundo as estimativas da empresa, seria possível pagar US$ 150 milhões anuais para as maiores representantes da indústria musical norte-americana e US$ 50 milhões anuais para gravadoras independentes.
Mas o acordo pode fracassar: a gravadora Sony, por exemplo, disse que "os números propostos pela Napster não fazem sentido" porque são muito baixos.
Além disso, a empresa anunciou o seu próprio programa para troca de arquivos, que poderá se chamar "Duet" e já está sendo testado nos EUA.
Desenvolvido em parceria com a empresa francesa Vivendi, o serviço deverá ser lançado nos próximos meses e será pago, embora possa oferecer algumas músicas gratuitamente.
As empresas não revelam quanto pretendem cobrar, mas a Vivendi diz que os usuários poderão transferir as músicas para aparelhos portáteis compatíveis com os cartões de armazenamento Memory Stick, da Sony.

Sobreviventes
Com a versão gratuita do "Napster" ameaçada de extinção, vários programas se candidatam a sucedê-lo na preferência dos internautas (veja quadro ao lado).
Embora sejam mais difíceis de usar, alguns dos sistemas são muito resistentes a ataques judiciais: a rede Gnutella, por exemplo, é mantida pelos próprios internautas, dificultando seu fechamento.
Outra opção são servidores alternativos que complementam o funcionamento do "Napster": instalando acessórios como o "Napigator 2", os usuários podem trocar arquivos sem depender da situação jurídica da Napster.
Mas as gravadoras já tentam eliminar essa alternativa: segundo o "The Wall Street Journal", semana passada a Riaa (associação que reúne as maiores gravadoras norte-americanas) enviou 60 cartas ameaçando sites e internautas que mantêm servidores OpenNap, utilizados por programas como o "Napigator 2".



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