PRIMEIROS PASSOS >> Crescimento do mercado de dispositivos portáteis gera otimismo, mas eles só devem brilhar em 2014

BRUNO ROMANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A TV móvel está para os fabricantes brasileiros como o atacante Neymar está para o futebol nacional: é uma grande promessa para a Copa da África do Sul, mas deverá brilhar mesmo daqui a quatro anos, na próxima edição do mais importante torneio de futebol do mundo.
TV móvel é uma categoria abrangente, composta por vários tipos de dispositivo, como televisores portáteis, celulares, aparelhos de GPS e receptores para computadores. O tamanho do mercado para esses produtos ainda é desconhecido -entre as empresas consultadas pela Folha, ninguém quis arriscar um número. O Ibope, por exemplo, ainda não computa o impacto de aparelhos portáteis na medição de audiência dos canais.
O que é sabido é que esse é um mercado em expansão e que, impulsionado pela Copa, gera bastante otimismo. "Nossa expectativa é aumentar, no mínimo, 100% para este ano", diz Audiene Oliveira, gerente de produtos da AOC.
Segundo os fabricantes, o perfil do consumidor para aparelhos portáteis que recebem TV é bem variado, incluindo diferentes faixas etárias e classes sociais. A boa performance da economia brasileira neste ano e o fato de que os jogos da Copa ocorrerão em horário vespertino são outros fatores que levam as empresas a apostar na TV móvel.
Porém o torneio realizado na África do Sul não será lembrado no Brasil como a Copa em que a TV portátil brilhou, mas sim aquela que deu os primeiros passos para sua popularização. "Esta Copa [2010] tem um marco importante porque é a primeira com transmissão digital (...) Mas a Copa mesmo em que ela [TV móvel] vai explodir será quando for no Brasil", diz Hamilton Yoshida, diretor de marketing para a divisão de telecom da Samsung.
A TV móvel brasileira acompanha diretamente os passos da TV digital no país, e a sua popularização está ligada à área de cobertura do sinal. Atualmente, segundo o Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital, apenas 28 cidades no país recebem o sinal. Embora outras devam passar a receber o sinal digital até a Copa de 2010, os fabricantes esperam que, até 2014, a cobertura seja de 100% das cidades.

Celulares
Outro elemento que tem potencial para popularizar a TV móvel são os celulares, e algumas de suas características são importantes para entender por que ela está apenas dando os seus primeiros passos.
"Toda tecnologia nova que chega ao telefone demora alguns anos para se tornar padrão", diz Rodrigo Ayres, gerente de produto de celular da LG. Dessa forma, assim como a câmera fotográfica passou a ser item obrigatório em um celular, os fabricantes acreditam que, até a próxima Copa, a recepção do sinal de televisão siga o mesmo caminho.
Até lá, haverá muita gente para comprar esses novos aparelhos. "O brasileiro troca de celular, em média, a cada 18 meses. Se você pensar que até a próxima Copa haverá dois ciclos de transição de produto, a penetração da tecnologia [de TV no celular] na próxima Copa deverá ser muito mais maciça", diz Ayres.
Por fim, a TV digital via celular deverá ter um outro aliado em 2014 que ainda não está disponível: a interatividade. As empresas apostam nisso como mais um forte atrativo e já fazem planos.

Chineses
Além dos aparelhos com sinal digital, sites que vendem celulares chineses com recepção para o sinal analógico chamam a atenção por ter preços muito baixos. Isso, porém, não assusta os fabricantes consultados pela Folha, que apostam no sinal digital.
Pela quantidade de reclamações no site Reclame Aqui que esses produtos e sites recebem, os fabricantes realmente não precisam se preocupar. Até o fechamento desta edição, por exemplo, 4.179 reclamações haviam sido feitas contra o Compre da China, um dos mais conhecidos do gênero.


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