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FRAUDE
Até mortos "mandaram" correspondência em defesa da empresa de Gates a promotores estaduais norte-americanos
Cartas pró-Microsoft teriam sido forjadas
DA REDAÇÃO
Lobistas a serviço da Microsoft
adotaram uma tática ousada para
tentar fortalecer a posição da empresa, que é acusada de concorrência desleal na Justiça dos EUA:
teriam forjardo cartas em que cidadãos defendem a empresa e as
enviado para promotores estaduais dos Estados Unidos.
O caso, que envolve centenas de
cartas, foi revelado pelo jornal
"Los Angeles Times" na semana
passada. A correspondência foi
redigida pelo Americans for
Technology Leadership (ATL) e
pelo Citizens Against Government Waste, grupos políticos financiados pela Microsoft.
Segundo o ATL, os cidadãos
que assinam as cartas foram contatados por telefone e responderam a algumas perguntas sobre a
Microsoft. De acordo com o grupo, quem declarasse apoiar a empresa era convidado a escrever
para um promotor estadual expressando sua opinião.
Confrontado pelo "Los Angeles
Times", que teve acesso às cartas e
constatou que muitas traziam trechos idênticos, o ATL admitiu tê-las redigido, considerando isso
uma prática "normal". Para dar
uma impressão de autenticidade,
cada cópia foi escrita com fontes e
espaçamentos diferentes.
Pelo menos dois remetentes da
correspondência pró-Microsoft
"enviaram" cartas depois de morrer, o que evidencia a fraude.
Além disso, uma cópia veio da cidade de Tuscon, no estado de
Utah, mas essa cidade não existe.
Segundo o "Los Angeles Times", as cartas foram enviadas
para promotores dos Estados de
Utah, Minnesota e Iowa, que perceberam a fraude.
A assessoria do procurador estadual de Utah disse tratar-se de
"uma óbvia tentativa de manipulação". Para o promotor de Minnesota, Mike Hatch, o caso é "vergonhoso". "Essa empresa não se
preocupa com limites éticos",
afirmou Hatch.
De acordo com os procuradores
estaduais, o ATL ludibriou alguns
dos cidadãos que entrevistou,
pois disse que as perguntas sobre
a Microsoft faziam parte de uma
pesquisa do governo.
Hatch procurou cidadãos entrevistados pelos lobistas pró-Microsoft. Vários cidadãos responderam dizendo ter sido enganados
pelos telefonemas.
Em um trecho das cartas, o remetente diz ao procurador que
"nós precisamos permitir que a
Microsoft volte a desenvolver
produtos" e lhe pede ajuda para
"manter a liberdade necessária ao
setor de informática".
A Microsoft admitiu ter contratado lobistas para redigir as cartas, mas disse que os grupos políticos envolvidos é que deveriam
comentar o caso. O porta-voz da
companhia limitou-se a dizer que
"empresas como AOL, Oracle e
Sun têm feito campanha política
contra a Microsoft, e é natural que
haja grupos se mobilizando para
defendê-la".
Além de tentar convencer procuradores, a Microsoft procura
estabelecer boas relações com os
políticos dos EUA: entre 1999 e
2000, a empresa se tornou a quinta maior doadora de recursos para as campanhas dos partidos Democrata e Republicano.
Tudo isso faz parte da estratégia
para reverter uma derrota judicial
sofrida no ano passado, quando o
juiz Thomas Jackson determinou
que a Microsoft fosse divida em
duas. Desde então, a empresa de
Bill Gates conseguiu que Jackson
fosse afastado do caso e o julgamento fosse encaminhado para
uma corte de apelações, que anulou a divisão e está analisando o
processo.
Novo Windows
A Microsoft também faz jogadas de efeito para o lançamento
do Windows XP, que deve chegar
ao mercado em outubro: depois
de receber CDs com cópias do sistema operacional, representantes
dos seis maiores fabricantes de
micros dos EUA deixaram a sede
da empresa em helicópteros pintados com o logotipo do novo
programa. A versão mais barata
do sistema custará US$ 99.
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